Dori Prata 6 anos atrás
Quando o pessoal da Warhorse Studios explicou porque o Kingdom Come: Deliverance receberia um patch de 23 GB já no primeiro dia, talvez eu tenha sido a única pessoa no planeta que não viu problemas naquilo. A promessa de que o arquivo corrigiria vários problemas do ambicioso RPG me agradou, mas bastou o título ser lançado para vermos que não era bem assim. Pode até ser que essa correção tenha melhorado alguns aspectos do game, mas ainda assim ele conta com vários problemas.
E mesmo com o projeto tendo encarado longos seis anos de produção, a própria desenvolvedora admitiu que faltou tempo para entregar um jogo melhor. Quem falou sobre o assunto e como sua criação pode ser classificada foi Martin Klima, diretor executivo do que o Kingdom Come: Deliverance.
“Não vejo o KCD competindo com jogos como Assassin’s Creed ou Shadow of War. Nós simplesmente não temos os recursos para criar um jogo como este. Porém, não nos vejo como indies também. A tendência que vejo nos ‘verdadeiros’ jogos AAA é de torná-los mais esquecíveis, mais adequados a jogadores casuais e distraídos: são jogos que em decorrência disso ‘se jogam sozinhos’. Então, você tem todos aqueles marcadores, mensagens e dicas úteis que te fazem nunca ter que pensar no que fazer a seguir.
Por outro lado, vemos uma tendência entre os jogos indies que são mais originais e menos esquecíveis, mas devido ao orçamento limitado eles precisam ir para um formato que de alguma forma é mais simples de desenvolver. Por exemplo, eles são jogos 2D de plataforma ou com visão aérea.
O KCD é uma tentativa de criar uma ponte entre esses dois: é um indie em sua essência — mais hardcore, mais exigente, mais feroz — mas com os valores de produção e visuais de um jogo AAA. Admito abertamente que gostaria de ter tido mais tempo para polir o jogo antes do lançamento, é isso o que um jogo AAA merece.”
Eu sinceramente nem consigo imaginar o quão difícil deve ter sido para este pessoal criar um jogo como o Kingdom Come: Deliverance e por isso simpatizo com a declaração de Klima. Também gosto de saber que eles afirmam estar comprometidos a tornar o RPG melhor com o passar do tempo, o que seria senacional.
O curioso é que mesmo com esses problemas, o Kingdom Come: Deliverance tem registrado um bom desempenho comercial neste início. Lançado há apenas duas semanas, o título já ultrapassou a marca de um milhão de cópias vendidas, número muito bom se considerarmos algumas críticas que o título recebeu por causa dos seus bugs e por exigir uma máquina parruda para rodar bem na sua versão para PC. Além disso, podemos dizer que o KCD não é um jogo indicado para quem procura ação desenfreada ou que não gosta muito de ler ou aprender cosias na marra.
Definitivamente, este não é o tipo de game para o grande público, mas mesmo assim é bom ver que algo diferente tem conseguido chamar a atenção de muita gente.