Meio Bit » Arquivo » Internet » Confira as principais novidades da Microsoft BUILD 2018

Confira as principais novidades da Microsoft BUILD 2018

Microsoft apresenta novidades para desenvolvedores na BUILD 2018, com destaque para recursos de integração entre o Windows e dispositivos móveis; Azure, IoT e soluções corporativas permanecem como o foco principal

6 anos atrás

Começou ontem a BUILD 2018, a conferência anual da Microsoft em que ela revela suas principais novidades principalmente na área de desenvolvimento, IA e computação na nuvem, com uma ou outra pílula interessante para os usuários finais.

Vejamos as principais novidades que Redmond apresentou no primeiro dia.

Windows e Office

De início, a Microsoft comemora o fato de que o Windows 10 foi ativado em 700 milhões de computadores desde o lançamento. Embora um número expressivo (um incremento de 40% em relação a 2017), tais números ainda estão bem distantes do um bilhão de dispositivos projetados para o período. Como previsto, a promessa original não foi cumprida.

Agora vejamos as novidades. A próxima grande atualização do Microsoft 365, uma plataforma integrada voltada à produtividade composta por Windows 10, Office e e o pacote de segurança Enterprise Mobility + Security (lembrando, o foco da Microsoft hoje é nuvem, IA e ambientes corporativos) permitirá a integração entre uma série de dispositivos conectados, em especial o desktop e seu smartphone. Como o Windows Phone/10 Mobile virou história, resta oferecer a funcionalidade para Android e iOS.

O Your Phone será uma maneira de interligar seus gadgets de forma orgânica, permitindo que você acesse documentos e imagens em seu smartphone a partir de seu computador sem que você tenha que desbloquea-lo, ler e receber mensagens, conferir notificações e outras funções. A novidade, similar a um recente recurso introduzido pela Dell será liberada para usuários do programa Windows Insider em breve e como de costume, usuários Android terão muito mais espaço de manobra do que os donos de iPhones, dada a costumeira resistência da Apple (e até porque ela já tem uma solução do tipo, exclusiva do macOS).

O Microsoft Launcher para Android será atualizado, e terá acesso a um dos recursos novos do Windows 10: a Linha do Tempo. Trata-se de um histórico de longa duração que permite ao usuário verificar quais documentos, aplicativos e páginas da web foram acessados nos últimos 30 dias, viabilizando a continuidade de tarefas on the go a partir do ponto em que você parou no seu desktop, e vice-versa.

A Linha do Tempo também estará presente em dispositivos iOS, mas assim como o Your Phone de forma limitada: donos de iPhones e iPads serão limitados apenas às páginas abertas no Microsoft Edge. A novidade ainda não tem data de lançamento.

Por fim, os Sets (o recurso de agrupar diversas janelas e exibi-las como abas) estão sendo estendidos a todos os desenvolvedores, a princípio apenas para aplicações UWP mas posteriormente também para programas Win32. Hoje ele só é compatível com algumas aplicações da Microsoft, como o pacote Office da Windows Store e o Explorador de Arquivos. Já algumas aplicações do Office 365 estão recebendo o suporte a cards adaptativos, dessa forma poderão ser executados em uma interface resumida.

IA e Realidade Mista

O Microsoft 365 também receberá novas e poderosas ferramentas de machine learning, na forma de pacotes pré-configurados de modo a permitir que os desenvolvedores criem novas aplicações mais inteligentes para o Windows 10 sem dificuldades. Já o Graph, o software de código aberto que integra as soluções da plataforma entre si está sendo posicionado como a principal ferramenta para permitir a integração das novas aplicações universais com a Linha do Tempo, que é um desejo prioritário da Microsoft.

Os serviços cognitivos terão maior suporte: o Project Ink Analysis é uma nova API permitirá que desenvolvedores integrem suas ferramentas às soluções Windows entre plataformas, uma expansão do Windows Ink com a nuvem por trás; já as APIs de reconhecimento de fala Bing Speech, Speaker Recognition, Custom Speech Service e Translator Speech estão todas sendo agrupadas sob um guarda-chuva comum.

A Microsoft também está investindo pesado em IA para acessibilidade. O novo programa AI for Accessibility visa investir US$ 25 milhões em cinco anos na forma de bolsas para desenvolvedores, ONGs e universidades para o desenvolvimento de novas e melhores ferramentas para pessoas com deficiências. A companhia também identificará e fomentará iniciativas já em curso, com todos tendo acesso aos profissionais da Microsoft para aprimorarem suas soluções.

O HoloLens, a plataforma de Realidade Mista proprietária da Microsoft não deve dar as caras tão cedo e não será um produto para as massas num primeiro momento (para atender o público a tecnologia foi licenciada para parceiros, como ASUS e Samsung), mas recebeu dois novos aplicativos para auxiliar os desenvolvedores a explorarem melhor a plataforma.

O primeiro é o Remote Assist, que permite o compartilhamento das imagens capturadas pelo HMD em tempo real com seus contatos, como um feed de vídeo permitindo a solução de problemas de forma rápida. A ideia é conectar profissionais distantes fisicamente de uma forma mais orgânica e prática, que não dependa exclusivamente de uma conferência via Skype em desktops e/ou dispositivos móveis para simplificar ao máximo a comunicação.

Já o Layout é voltado para projetistas, arquitetos, engenheiros e demais profissionais que lidam com design de interiores ou precisam posicionar maquinário pesado de uma maneira eficiente e rápida. O app permite o mapeamento em tempo real e uso virtual dos espaços físicos para que o usuário possa simular a posição de móveis, equipamentos e outros dispositivos e/ou objetos eliminando imprevistos, aproveitando os espaços físicos reais para criar modelos que otimizem melhor seu uso.

Para a realidade do chão de fábrica, por exemplo é uma solução muito interessante, que evita "chutes" no reposicionamento de maquinário.

Como de praxe a Microsoft permanece oferecendo o HoloLens como uma solução para grandes companhias e uma ferramenta de desenvolvimento de ponta, limitando ao máximo o acesso à plataforma e espantando curiosos: desenvolvedores precisam desembolsar US$ 3 mil e apresentar projetos que a Microsoft julgue agregadores (definitivamente, nada de games); já clientes corporativos não possuem essa restrição de compra mas pagam muito mais caro, US$ 5 mil.

Azure, drones e o retorno (em partes) do Kinect

A plataforma de serviços em nuvem da Microsoft foi como esperado um dos destaques. Uma das novidades diz respeito ao Project Brainwave, apresentado em 2017 como uma ferramenta para a execução de sistemas de IA em tempo real através de Arranjo de Portas Programáveis em Campo (Field Programmable Gate Array, ou FPGA); a Microsoft explicou que ele funcionará como uma poderosa arquitetura de hardware hospedada nos servidores Azure, por onde sua interface poderá ser acessada.

A Microsoft diz que disponibilizará o acesso ao ambiente de cálculo de ponta do Brainwave por um preço "competitivo", de modo a permitir que plataformas domésticas e outras soluções simples da Internet das Coisas tenham acesso a um sistema capaz de processar imagens, texto e sons em tempo recorde com eficiência e por um preço que não pesará no produto final.

Ao mesmo tempo, a abertura do código do Azure IoT Edge Runtime vai permitir que drones e outros equipamentos possam realizar funções críticas sem depender do acesso à nuvem, e tendo isso em vista a DJI fechou uma parceria de desenvolvimento de um novo SDK, voltado para Windows 10 permitindo o desenvolvimento de aplicações voltadas para seus produtos.

A parceria também prevê o acesso ao Azure, dessa forma os drones da DJI terão à sua disposição uma plataforma que permitirá melhor e mais rápido processamento de imagens e vídeos; assim ficará mais simples e rápido identificar objetos e realizar certas tarefas.

Ainda sobre parcerias, a Qualcomm vai desenvolver um novo kit de visão computacional de modo a levar o Azure a mais sensores ópticos inteligentes, mesmo os que não forem fabricados por ela própria de modo a continuar fornecendo sua solução de visão computacional a mais potenciais clientes.

Por fim, o Kinect. Não é segredo para ninguém que a Microsoft fez tudo errado com o acessório, que foi subutilizado no Xbox 360 e Xbox One e era um sensor barato demais para desenvolvedores, que por US$ 149 e um adaptador simples tinham acesso a um hardware excelente para mapeamento de ambientes e reconhecimento de imagem, o que viabilizou inúmeros projetos.

Porém, no fim das contas o acessório só eu dor de cabeça à Microsoft e foi devidamente exterminado. Ironicamente ele vive no iPhone X, o que prova que como produto em si ele era muito bom e só foi mal vendido, e matar a tecnologia não parece ser a melhor das decisões. O que fazer então?

Simples, você traz o Kinect de volta. O Project Kinect for Azure é um conjunto de sensores combinados a uma câmera de profundidade melhor do que a presente na última geração do gadget, com resolução de 1.024 x 1.024 pixels ao invés de 640 x 480 e é capaz de identificar as articulações das mãos, além de enxergar melhor o ambiente ao redor.

Alex Kipman, o responsável pelo Kinect e HoloLens informa que o novo Kinect é a quarta geração do sensor, sendo a primeira a lançada para Xbox 360, a segunda para Windows e a terceira, o acessório do Xbox One e que também equipou o HoloLens; a próxima geração do HMD deverá usar a versão Azure, miniaturizada para viabilizar seu uso em soluções de computação de borda e IA, principalmente para inteligência ambiental e outras aplicações de grande porte.

Assim, da mesma forma como aconteceu com o HoloLens o acesso ao Kinect for Azure será restrito a desenvolvedores das áreas de Internet das Coisas, automação e outras aplicações de grande porte; a Microsoft definitivamente não quer curiosos.

Miscelâneas

A integração entre ambas assistentes virtuais fora anunciada no ano passado, mas ainda não aconteceu. No entanto Microsoft e Amazon continuam fazendo com que as duas conversem e possam ser utilizadas em conjunto, com uma tendo acesso às funcionalidades da outra e suprindo suas deficiências. Na BUILD 2018 foi demonstrado como essa integração vai funcionar:

No entanto, tanto a Amazon quanto a Microsoft não informam quando Alexa e Cortana poderão bater um papinho, a funcionalidade ainda não tem data de lançamento.

Já na parte de conferências locais, a Microsoft demonstrou um conceito com uma câmera de 360 graus e um conjunto de microfones capaz de identificar cada um dos presentes e transcrever o que cada um dizia, com base nas capacidades de reconhecimento de voz do Skype.

Ainda não há previsão de quando a solução será disponibilizada ou de como será o dispositivo, que pode vir a ser uma extensão corpórea um tanto esperada da Cortana.

Developers developers developers

Sendo a Microsoft BUILD uma conferência voltada exclusivamente para os desenvolvedores da plataforma Microsoft, é de praxe que muitas das coisas abordadas sejam voltadas para eles.

Por exemplo: o VisualStudio está recebendo o recurso Intellicode, um modo de sugestão de sentenças realmente úteis, que aparecem enquanto o programador está escrevendo seu código com base no que o mesmo está acostumado a escrever; dessa forma, o software aprende os maneirismos do usuário enquanto programa e passa a sugerir complementos que ele está acostumado a implementar. Já o recurso Live Share permite que o programador colebore em tempo real com outros membros de sua equipe, depurando o código em tempo real pelo VS 2017 ou pelo VS Code.

O Fluent Design foi simplificado, permitindo a criação mais fácil de aplicativos e o .NET Core 3.0 permite rodar programas em uma versão independente, mais recente do .NET e o Excel ganhou suporte a funções em JavaScript personalizadas que podem ser utilizadas no Windows, no macOS e na versão Online. Por fim, aproveitando a onda do blockchain, o Azure Blockchain Workbench permite que o desenvolvedor crie aplicativos conectando serviços como Azure Active Directory, Key Vault e SQL Database à rede de blocos encadeados. 

relacionados


Comentários