Carlos Cardoso 6 anos atrás
A Europa tem umas peculiaridades interessantes. Ao mesmo tempo em que produz os melhores carros do planeta, com capacidades inalcançáveis aos carros americanos — como fazer curvas — eles têm um amor obsessivo por coisas que mal dá pra chamar de carro.
Isso é muito bem descrito na série de James May “Cars of The People”, tem na locadora do Paulo Coelho. A pura necessidade e falta de matéria-prima fez surgir toda uma indústria de carros compactos, como o Mini Cooper e o Fiat 500, e até uma série de micro-"carros" como os da Iso, uma fabricante italiana de geladeiras. No Brasil foram vendidos como a famosa Romi-Isetta. Na Itália era o Iso Isetta, da foto de abertura deste texto.
O que é assustador é que o carro mostrado é de 1953, e o tal Microlino, criado pela Micro, empresa suíça de veículos elétricos, se por veículo elétrico você entender um patinete. O design vem TODO dos anos 50.
Essa err… coisa é elétrica, criada para atender o público que não se sente ridículo o bastante andando em um G-Wiz:
O tal Microlino tem espaço teórico para duas pessoas (não-blogueiras, claro) e economiza nos descansos de cotovelo usando as pernas do passageiro de trás. O bafo na nuca é que incomoda.
Em termos de performance ele não tem modo Ludicrous, mas o Modo Insano é automaticamente aplicado a quem comprar esse troço. pesando 450 kg e medindo 2,4 metros de comprimento, esse eletro-ovo faz de zero a 50 km/h em 5 segundos, e de 0 a 100 km/h em… ok, não faz, a velocidade máxima é 90.
Com 20 hp de potência, não é algo para andar nas autobans. A autonomia da bateria de 8 kWh é de 80 km. Há uma opção para uma bateria de 14,4 kWh que em teoria permite que você rode 215 km nesse troço.
Diz o fabricante que há 6.500 pedidos na pré-venda, mas a entrega, que deveria ser no final do primeiro semestre de 2018, vai atrasar e só começará em 2019. Culpam dificuldades com a porta (você sabe, aquilo que os engenheiros da Iso resolveram 70 anos atrás) e com a burocracia para certificar um carro junto aos órgãos reguladores.
O preço? € 12.000, ou US$ 13.990 ou R$ 51.841,34. No mercado italiano isso dá pra comprar um Alfa-Romeo Giulietta 2015. Na Alemanha compra um Audi A3 2015.
Esse troço de três rodas é danoso. Não só para os ocupantes, mas para a indústria de carros elétricos em geral, que por décadas foi vista como algo restrito a ecochatos e outros tipos esquisitos, e só com a chegada da Tesla o grande público passou a desejar um carro elétrico, independente da ilusão de estar salvando o planeta.
A única chance dos carros elétricos pegarem é saindo do nicho, e essas abominação não ajuda em nada. É um carro que pertence a um passado de escassez, é impossível alguém ser feliz em 2018 com um painel assim:
Fone: Electrek.