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Street Fighter 30th Anniversary Collection — Review

Confira nossa análise de Street Fighter 30th Anniversary Collection, uma grande coletânea com 12 títulos clássicos da franquia da Capcom e diversos extras interessantes.

6 anos atrás

Boa parte do pessoal ligado na EVO 2018, realizada neste fim de semana acompanha o torneio principalmente por causa da franquia Street Fighter, representada neste ano pela mais recente versão Street Fighter V: Arcade Edition; porém poucos desta geração chegaram perto de alguns dos títulos mais antigos e se pensarmos no arcaico Street Fighter (1987), o número cai ainda mais.

Eu mesmo só o joguei aos 16 anos, ao mesmo tempo em que Street Fighter III era lançado para Arcade.

Capcom / Street Fighter

E isso faz de Street Fighter 30th Anniversary Collection uma compilação interessante: nela temos 12 dos games mais antigos da série em suas versões originais, com todos os prós e contras que deles provém e alguns extras interessantes. Vejamos o que o pacote traz:

O Bom

Não dá para negar que a coletânea oferece games a rodo. São ao todo uma dúzia deles em suas versões originais, lançadas para as placas de Arcade da Capcom (da Custom Jamma original à CPS-III), sendo:

  • Street Fighter (1987, também conhecido como Fighting Street);
  • Street Fighter II: The World Warrior (1991);
  • Street Fighter II': Chanpionship Edition (1992);
  • Street Fighter II': Hyper Fighting (1992);
  • Super Street Fighter II: The New Challengers (1993);
  • Super Street Fighter II Turbo: (1994);
  • Street Fighter Alpha: Warriors' Dreams (1995);
  • Street Fighter Alpha 2 (1996);
  • Street Fighter Alpha 3 (1998):
  • Street Fighter III: New Generation (1997);
  • Street Fighter III 2nd Impact: Giant Attack (1997);
  • Street Fighter III 3rd Strike: Fight for the Future (1999).

Todos os títulos se apresentam sem nenhum tipo de alteração, contendo toda a arte, sons, músicas e jogabilidade que trouxeram quando foram inicialmente introduzidos. A quantidade de personagens controláveis é também a mesma, desde apenas Ryu e Ken no Street Fighter original (respectivamente no primeiro e segundo controles), oito em Street Fighter II, 17 em Super Street Fighter II Turbo (contando com Akuma, que era secreto) e por aí vai.

É inevitável comparar o primeiro games com os demais, principalmente com seu sucessor direto e ver o quanto a Capcom evoluiu em quatro anos. Street Fighter fez um certo sucesso nos EUA, principalmente depois que o gabinete com apenas dois botões enormes, um para soco e outro para chute (a diferença entre, fraco, médio e forte era reconhecida pelo game de acordo com a força que você os esmurrava, e isso não é um exagero) foi trocado para a configuração atual, com seis botões dedicados mas no geral, ele era um game bem fraquinho e terrível de se jogar, graças à terrível dificuldade dele reconhecer os inputs para os golpes especiais.

Quando Street Fighter II chegou, tudo era diferente: não só haviam muito mais opções para se jogar, como os controles eram bem mais responsíveis e "acidentalmente" os jogadores descobriram os combos, as conexões de golpes normais e especiais que causavam uma grande quantidade de dano. A verdade é que a Capcom não só previu a possibilidade dos combos, como deixou o recurso implementado para que fosse gradualmente descoberto e aprimorado pela comunidade.

Pode parecer estranho para quem não viveu o início dos anos 1990, mas Street Fighter II mudou para sempre como jogos de luta são feitos: até então todo mundo só pensava em beat'em ups e um jogo competitivo não foi algo que as desenvolvedoras conseguiram antecipar. Depois dele muitos títulos vieram na onda do sucesso (Fatal Fury, lançado no mesmo ano é uma exceção, tendo sido desenvolvido pelo mesmo Takashi Nishiyama que trabalhou em Street Fighter; segundo ele, o game da SNK implementou tudo o que ele não conseguiu fazer em 1987), entre originais e cópias safadas. Um deles, chamado Fighter's History levou a Capcom a processar a Data East por plágio, mas ele era um copy-paste descarado mesmo.

O jogador vai poder apreciar como Street Fighter II mudou desde a versão original até a última, lançada em 1994 antes da primeira grande e profunda modificação da série, com Street Fighter Alpha em 1995. Aqui a placa CPS-II permitiu sprites mais cartunescos, dando aos três games um visual muito parecido com o de animes populares da época. Recursos como o Super Combo, introduzido em Super Street Fighter II Turbo foram aprimorados, outros como defesa aérea e Custom Combos foram introduzidos pela primeira vez.

O rol de personagens na sub-série mudou bastante, resgatando lutadores do primeiro Street Fighter (Adon, Birdie e Gen) e Final Fight (Guy, Cody, Rolento e Sodom) bem como introduzindo novatos, como a preferida dos fãs Sakura, o insuportável Dan Hibiki e a mística estilosa Rose.

Por um bom tempo a série Alpha se manteve bastante popular entre os jogadores, principalmente os menos experientes por ser muito mais amigável a quem está começando nos jogos de luta, e por contar com uma curva de aprendizado muito boa.

O que não pode ser dito da série Street Fighter III. Com o primeiro título lançado em 1997, a Capcom tentou atrair os profissionais oferecendo um game muito mais técnico e menos simples de ser dominado, ainda que contasse com gráficos e sons excelentes fornecidos pela placa CPS-III. Os desenvolvedores também tentaram apelar para toda uma nova geração de lutadores, mantendo apenas Ryu e Ken e introduzindo novas caras como Alex, Elena, Sean, Ibuki e Dudley, entre outros.

Com o tempo a Capcom acabou por trazer velhos conhecidos, como Chun-Li e Akuma de volta e mesmo alguns dos novatos começaram a cair nas graças do público, mas a verdade é que a série Street Fighter III nunca foi tão popular como planejado, e levou quase uma década até o fôlego ser recuperado com Street Fighter IV, em 2008.

Neste pacote cada detalhe dos cenários dos 12 games, as músicas mais e menos lembradas, os golpes mais emblemáticos, as falas mais repetidas ao longo dos anos, tudo está em seu lugar. Você pode apreciar os games de três modos: na proporção original com bordas de todos os lados, com bordas laterais ampliando a tela para ocupar a altura do monitor mantendo a proporção, ou esticando tudo em aspecto 16:9, o que causa distorções. É possível escolher molduras de fundo, bem como utilizar filtros que imitam as linhas de monitores de TV e/ou de uma tela de Arcade (o filtro TV tem mais brilho).

Street Fighter 30th Anniversary Collection é uma interessante viagem para aprender onde a Capcom acertou e errou com sua mais preciosa marca, entender por que Street Fighter V é o que é, o que levou Chun-Li ser considerada a primeira musa dos games e como a série movimenta multidões até hoje, com gente lotando auditórios para ver os melhores jogadores se digladiando.

Uma das partes mais legais, como sempre ocorre em coletâneas do tipo são os extras incluídos. Aqui temos um modo que permite ao jogador ouvir todas as músicas dos games e uma enorme galeria, com uma timeline dinâmica que mostra os lançamentos cronológicos dos títulos. Há também uma opção que detalha o processo de desenvolvimento de Street Fighter II, desde o primeiro rascunho (que era muito diferente, tanto em visual quanto em jogabilidade) até o derivado Street Fighter '89, que acabou lançado com outro nome: Final Fight.

Tudo isso com uma série de artworks e desenhos de personagens que não entraram, bem como primeiras versões dos nossos favoritos. Um dos mais interessantes é acompanhar a evolução de Chun-Li, que estava presente desde a primeira versão do game ainda que com outro nome, mas toda a base já estava lá.

O Mau

A Capcom mais uma vez se agarrou ao mantra de "exatamente igual aos Arcades", e isso também traz problemas para uma jogatina doméstica. Primeiro, todos os 12 games só contam com as configurações permitidas pelas placas originais, como controle de dificuldade, velocidade do timer, ajuste de dano e outros. Você pode até mapear as posições dos seis botões de soco e chute e o Start, mas é só isso.

Não há como colocar três botões de chute ou soco num só botão como em jogos para consoles, nem movimentos simplificados. É a experiência de uso pura dos fliperamas em sua essência, logo não tem moleza para ninguém.

A Capcom também limitou a funcionalidade online a apenas quatro títulos do pacote; Street Fighter II': Hyper FightingSuper Street Fighter II Turbo, Street Fighter Alpha 3Street Fighter III 3rd Strike permitem que você possa encontrar outros jogadores pelo globo e dispute lutas à distância, todos os demais só contam com o clássico Versus Mode local. Tudo bem que só alguns poucos loucos iriam querer sofrer com os lags horrendos de Street Fighter online, mas ao menos teríamos opções.

Para esses games é possível entrar em partidas casuais ou ranqueadas, criar salas e verificar através dos placares quem são os melhores jogadores do planeta, exatamente como em Street Fighter V: Arcade Edition ou em qualquer game de luta com funções online que se preze.

E há os controles. Tudo bem que Street Fighter 30th Anniversary Collection é um produto que apela à nossa necessidade por nostalgia, mas pelo menos a Capcom poderia ter se dado ao trabalho que corrigir o sistema de detecção de inputs horroroso do jogo original. Executar um Hadouken ou um Shoryuken nele continua sendo uma tarefa hercúlea, que obriga o jogador a ficar girando o D-Pad e apertando os botões como um louco na esperança de um golpe especial ser executado. Esse é um elemento do passado que deveria ter ficado por lá.

Por fim a versão de Switch foi a mais prejudicada, primeiro por não contar com Ultra Street Fighter IV como bônus de pré-venda, segundo por ter controles piorados em relação às versões para PS4 e Xbox One (e PC, se você usar um joystick). Em compensação ele recebeu um modo extra para Super Street Fighter II, chamado "The Tournament Battle" que permite conectar quatro consoles e realizar um torneio entre oito jogadores, como nos antigos e obscuros gabinetes interligados desta versão.

O Feio

Sendo bastante sincero, Street Fighter 30th Anniversary Collection poderia oferecer muito mais. Mesmo se agarrando à filosofia de incluir apenas títulos para Arcade há ausências sensíveis como Hyper Street Fighter II: The Anniversary Edition, título incluído na coletânea Street Fighter Anniversary Collection lançada em 2004 para PS2 e Xbox.

Se sairmos um pouco da casinha, ainda poderíamos mencionar o bizarro Street Fighter The Movie (sim, aquele baseado no filme tosco estrelado por Jean-Claude Van Damme e Raul Julia); considerando games lançados para versões domésticas, temos Street Fighter Alpha 3 MAX (2006, PSP) e Ultra Street Fighter II: The Final Challengers, que saiu em 2017 como um exclusivo do Nintendo Switch; também seria interessante contar com os títulos da sub-franquia Street Fighter EX, embora neste caso provavelmente há pendengas judiciais com a Arika, que hoje promove seus personagens próprios em Fighting Layer EX.

Claro que incluir tudo isso elevaria consideravelmente o custo da coletânea, no entanto são títulos que num grau ou noutro são importantes para melhor entender o quanto a série mudou ao longo das décadas.

Conclusão

Street Fighter 30th Anniversary Collection é uma compilação voltada tanto para quem jogou esses 12 games na época em que foram lançados e que gostaria de fazê-lo novamente, como para quem deseja conhecer um pouco mais da franquia e entender como ela chegou onde está hoje. A Capcom e a Digital Eclipse apenas deveriam ter estendido o modo multiplayer para mais do que apenas quatro títulos, bem como seria interessante se a resposta dos controles no Street Fighter original estivesse melhor.

No mais faltou incluir algumas versões mais completas ou títulos mais obscuros, mas no geral este é um bom pacote de games para entender a evolução da série e dos jogos de luta como um todo, ao longo dos últimos 30 anos.

Nota:

Quatro de cinco Chun-Lis.

Street Fighter 30th Anniversary Edition — Ficha Técnica

  • Plataformas —PS4, Xbox One, Nintendo Switch e Windows via Steam (análise baseada na versão de Windows);
  • Desenvolvedora — Digital Eclipse;
  • Distribuidora — Capcom;
  • Preço — R$ 179,99 para PS4, R$ 179,00 para Xbox One, US$ 39,99 para Nintendo Switch e R$ 89,99 para Windows via Steam;
  • Classificação indicativa — 12 anos.

Pontos Fortes

  • Grande quantidade de conteúdo, com diversos games em suas versões originais para Arcade;
  • Galeria que traz uma série de imagens e artworks raros;
  • Dossiês com a história detalhada do desenvolvimento de Street Fighter II e Final Fight;

Pontos Fracos

  • Configurações bastante básicas, se resumindo às disponíveis nas máquinas originais;
  • Modo multiplayer online limitado a apenas um terço dos games da coletânea;
  • Controles de Street Fighter continuam um terror.

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