Meio Bit » Arquivo » Fotografia » Fotometria - dominando sua câmera

Fotometria - dominando sua câmera

14 anos atrás

Toda vez que vou ministrar um curso de fotografia, digo que existem três coisas a serem entendidas. A primeira é o assunto, ou seja, nosso objeto a ser fotografado. A segunda é as características da câmera fotográfica. E a terceira é o tipo de filme que estamos usando. Com a invasão das câmeras digitais, as duas últimas características se tornaram únicas, já que toda câmera também vem equipada com o sensor fotográfico. Analisando a câmera, quatro características são importantes para que você domine o seu equipamento (e não o contrário). A primeira é a distância focal, que já conversamos aqui nesse texto. As outras três (obturador, diafragma e velocidade ISO), envolvem o cálculo da quantidade certa de luz necessária para a realização de uma foto. Esse cálculo é chamado de fotometria.

O assunto, embora pareça simples, envolve alguns fatores que podem dar o nó na cabeça de alguns fotógrafos, até mesmo daqueles mais experientes. Mas, vamos tentar falar um pouco disso da maneira mais clara e simples possível. Vejam abaixo o que é necessário para entender as regulagens de sua câmera e aprender de uma vez por todas o que é essa tal de fotometria.

Fotômetro

É o aparelho responsável por medir a quantidade de luz existente no ambiente. Existem fotômetros externos usados na fotografia profissional, mas toda câmera fotográfica possui um fotômetro interno. Esse pequeno equipamento trabalha de forma a garantir a quantidade de luz necessária para a realização de sua foto. Quando a câmera está no modo automático, ela faz todas essas regulagens sozinhas, priorizando quase sempre a velocidade do obturador, evitando assim que a foto saia tremida. Quando a câmera está no manual, o fotógrafo decide qual fator priorizar, podendo mudar a quantidade de luz captada com a velocidade ISO, a abertura do diafragma ou a velocidade do obturador.

Obturador

É uma cortina que se abre e fecha na hora que acionamos o botão disparador da câmera. Essa cortina é responsável pela captação da imagem pelo sensor ou filme fotográfico. A velocidade do obturador é medida em frações de segundo. Quanto mais rápido é esse movimento do obturador, menor é a quantidade de luz que ele deixa incidir sobre o sensor. As principais características que podemos controlar com o obturador são o congelamento de movimentos ou a captação de fotos em situações de pouca iluminação (longa exposição). Obturadores mais rápidos podem chegar a 1/4000s (um segundo dividido por 4000) ou ficarem abertos por 30 segundos captando a iluminação do local, no caso de digitais, ou indefinidamente quando falamos de câmeras de filme.

Diafragma

Enquanto o obturador é uma cortina que se abre e fecha, o diafragma é uma íris que se encontra na lente das câmeras fotográficas. Muito parecido com a pupila do nosso olho, o diafragma se fecha quando temos situação com muita luz e se abre quando precisamos captar mais luz. Essa abertura é determinada por uma fração matemática que mostra que cada diafragma tem o dobro do tamanho de seu anterior. Representamos esses valores por números que chamamos de f/stops. Esses números possuem uma relação inversamente proporcional com a quantidade de luz que ele deixa passar. Assim, quanto menor o diafragma, maior a quantidade de luz que a lente deixa passar, e quanto maior o número do diafragma, menor será a quantidade de luz. Só lembrando que quanto maior o diafragma (f/1,8, por exemplo), menor será a profundidade de campo, causando o desfoque de tudo que estiver atrás e a frente do objeto fotografado.

abertura de diafragma

Velocidade ISO

O ISO (International Standards Organization, uma forma de padronização para essa característica) é o que determina a sensibilidade à luz do sensor ou do filme fotográfico. Em tempos antigos (na era do paleozóico fotográfico) tínhamos outros padrões de medição como a ASA e o DIN. De forma geral, quanto maior o ISO maior a sensibilidade à luz. No filme fotográfico isso é conseguido usando grãos de prata maiores dentro da película e que se queimam mais rápido com uma quantidade menor de luz. No sensor essa sensibilidade é conseguida usando mais energia, fazendo com que os foto receptores captem mais luz. Porém, tanto no filme quanto no sensor, quanto maior a sensibilidade pior será a qualidade de imagem. No sensor temos o ruído (pixels que se comportam de maneira errada por conta da maior quantidade de energia) e no filme temos a granulação por conta do grande grão de prata.

Como isso funciona?

Em primeiro lugar, uma fotometria equilibrada tem por objetivo conseguir a quantidade certa de luz para sensibilizar o seu sensor. Dependendo da situação que você vai fotografar, existe a possibilidade de trabalhar com essas três variáveis. Se for fotografar objetos em movimento, ou crianças brincando, a velocidade do obturador é uma prioridade. O controle de luz então tem que ser executado através do ISO e do diafragma. Em locais com pouca iluminação, a prioridade é o diafragma, onde a abertura tem que ser suficiente para garantir uma boa iluminação, mas também uma boa profundidade de campo. O interessante é sempre priorizar a qualidade da imagem, que em nosso caso pode ser afetada pela baixa velocidade do obturador (fotos tremidas) ou uma alta sensibilidade ISO, que pode gerar ruído. Na duvida, sempre comece com uma alta velocidade e um ISO baixo. Faça a fotometria e veja se é possível executar a foto. Em caso negativo, tente baixar a velocidade do obturafor até o limite em que você possa garantir uma foto estável. Somente ai é que vamos começar a trabalhar com maiores ISOs para melhorar a iluminação.

Claro que tudo isso são apenas direções e o fotômetro tem que ser interpretado e não obedecido à risca. Em fotos de teatro, por exemplo, o fotômetro sempre vai acusar falta de luz por conta da iluminação do local, mas o efeito desejado na foto pode ser esse mesmo. Tudo depende de nosso objetivo. Em um momento inicial, isso pode parecer um monte de regrinhas que você deve decorar para trabalhar bem com seu equipamento, mas com o tempo isso acaba se tornando uma atividade feita até inconscientemente.

Curiosidades.

- As lentes mais claras, com diafragma f/2,8 costumam ser as mais caras, justamente por permitir fotografias em ambientes mais escuros, utilizando ISOs mais baixos;

- As câmeras mais modernas (e conseqüentemente mais caras) estão melhorando muito a qualidade das imagens em ISOs mais altos. A Canon Eos 5D Mark II possuí uma qualidade ótima em ISO 3200.

- A pouca profundidade de campo pode ser usada de modo muito criativo, principalmente em retratos, dando uma qualidade especial no desfoque no fundo do objeto fotografado;

- Tanto a abertura de diafragma quanto a velocidade ISO são padrões iguais em todas as câmeras digitais ou analógicas. Um diafragma f/5,5 em uma lente 50mm deixa passar a mesma quantidade de luz do que em uma lente 500mm;

- Um obturador com velocidade elevada pode ajudar muito na nitidez de suas fotos. Mesmo em uma mão firme, o menor movimento durante a batida do obturador pode causar perda de nitidez por conta de uma pequena tremida na imagem.

 

Próximo texto – tipos de fotometria e compensação de exposição.

relacionados


Comentários