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Mega Man 11 — Review

Com uma boa mescla entre elementos clássicos e novos, Mega Man 11 faz a alegria dos fãs da negligenciada franquia da Capcom

5 anos atrás

Mega Man é uma das franquias de games mais antigas e com uma enorme quantidade de títulos, divididos entre oito séries diferentes. Mesmo sendo adorado pelos fãs, por muitos anos a Capcom negligenciou a série.

Quando a desenvolvedora lançava alguma coisa nova, ou eram games mal feitos para dispositivos móveis, ou ports de fan games de terceiros, sem que fosse necessário mover um dedo sequer.

Mega Man 11 (Crédito: Divulgação/Capcom)

Mega Man 11 (Crédito: Divulgação/Capcom)

Por isso que quando Keiji Inafune, o criador do robozinho azul, anunciou um sucessor espiritual chamado Mighty No. 9, os fãs comemoraram e financiaram o projeto em tempo recorde. Resumindo a história, o produto entregue era bem inferior ao esperado, e nem vou mencionar os problemas ao longo do caminho.

A Capcom possui uma política controversa quanto a continuações e retomada de velhas franquias: se um título de teste não vender mais do que duas milhões de cópias, a série volta para a gaveta. Foi o que aconteceu com Darkstalkers, ainda que a coletânea fosse muito mal-feita.

Não foi o que aconteceu com ambas compilações Mega Man Legacy Collection, assim o sinal verde para Mega Man 11 foi dado. É chato, mas é assim que o capitalismo funciona.

♪ É a ferro e fogo... ♫

Picuinhas à parte, Mega Man 11 é um game muito bem executado. A trama segue a fórmula básica da série clássica, mas desta vez com Dr. Wily abrindo feridas antigas: o cientista do mal retomou uma pesquisa rejeitada pela academia, após Dr. Light se opor a ela por ser muito perigosa (basicamente a culpa é dele, desta vez).

Agora aperfeiçoada, o Double Gear System permite que um robô possa utilizar um grande poder ou atingir altas velocidades, mas com custo muito alto a seus sistemas.

Mega Man 11 (Crédito: Reprodução/Capcom)

Mega Man 11 (Crédito: Reprodução/Capcom)

Como de praxe, Wily rouba oito Robot Masters e os reprograma para servi-lo, iniciando a seguir outra campanha de conquista para provar a Light que ele estava certo o tempo todo.

Mega Man se prontifica para detê-lo, mas para equiparar suas habilidades às de Wily ele é equipado com o protótipo original do Double Gear System, que embora muito poderoso é um recurso perigoso demais. Ainda assim, nosso herói aceita o risco e parte para mais uma aventura.

A Capcom desta vez se preocupou em dar mais atenção à história, como já havia feito com Mega Man 7 e 8, mas claro, o foco é e sempre será a jogabilidade e desafio. Nisso Mega Man 11 não decepciona, e entrega diversas fases e chefes bastante carismáticos e desafiadores... até certo ponto.

Mega Man 11 (Crédito: Reprodução/Capcom)

Mega Man 11 (Crédito: Reprodução/Capcom)

O cuidado com o título é perceptível, ele é adequado para os lançamentos de hoje, mas mantém a essência de 30 anos atrás, com as mesmas características e algumas adições interessantes, o que é necessário para fugir da sombra do "Mais do Mesmo".

Ainda que bastante similar a games passados da franquia, Mega Man 11 possui elementos novos suficientes para agradar todo mundo.

Mega Man 2.0

A principal novidade do game é sem dúvida o Double Gear System, um conjunto de power-ups que ativam efeitos especiais por um curto período. O Speed Gear (ativado com R1 no PS4) desacelera a ação, útil para se esquivar de inimigos rápidos ou fugir de chamas mortais.

Já o Power Gear (L1) fortalece seu tiro, permitindo lançar dois disparos carregados simultâneos ou um super tiro, caso você sobrecarregue a barra.

A mecânica do Double Gear System consiste em não permitir que a barra encha até o fim e superaqueça os sistemas de Mega Man, exigindo um longo tempo de cooldown até poder ser usado de novo.

Em situações extremas será preciso ativar o Speed Gear, alternar para o Power Gear e desativar tudo até esperar a barra esvaziar, de modo a não ficar na mão quando ele for mais necessário.

Mega Man 11 (Crédito: Divulgação/Capcom)

Mega Man 11 (Crédito: Divulgação/Capcom)

As fases são um pouco mais longas do que o normal, mas mantêm a qualidade de design visto em títulos da franquia anteriores. Em alguns estágios você será ensinado a usar elementos do cenário para progredir, como pular em balões que o jogam para longe, apagar o fogo de inimigos-plataforma ou acender caixas, para na sequência, o game aplicar uma pegadinha e armar uma armadilha mortal.

Como todo mundo que joga Mega Man há muito tempo sabe, estabelecer pré-conceitos a respeito de como a fase funciona é um convite certeiro para a morte, e você VAI morrer muito, acredite.

Embora curto, o desafio em Mega Man 11 é elevado e não faltarão vezes em que um salto mal calculado irá lhe custar uma vida, ou quando você terá que pensar rápido para se safar. Muito rápido.

Curiosamente, o mesmo não pode ser dito de alguns dos chefes ou Robot Masters. Alguns deles, como Impact Man e Acid Man, podem te tirar do sério, enquanto outros, como Fuse Man e Tundra Man, são ridículos de tão simples.

Mega Man 11 (Crédito: Divulgação/Capcom)

Mega Man 11 (Crédito: Divulgação/Capcom)

Ainda assim há características novas nas batalhas com os chefes: diferente do que acontecia no passado (até por limitações técnicas), os Robot Masters agora mudam seus padrões de ataque após perderem mais da metade de energia.

Alguns utilizam técnicas novas enquanto outros, como Block Man e Impact Man se transformam em chefes enormes, levando a toda uma nova estratégia na hora de derrotá-los.

Mega Man acessível

A franquia Mega Man sempre foi conhecida pela sua dificuldade alta, mas de modo a permitir que mais pessoas possam curtir os títulos mais recentes, a Capcom fez exceções.

Em Mega Man 11 temos quatro ajustes de dificuldade diferentes, sendo a Normal a clássica para todos os veteranos; a Casual é voltada para os que não tem familiaridade com a série, enquanto a Newcomer foi especificamente desenvolvida para as crianças ou para quem não tem tanta habilidade.

A ideia é permitir que todo mundo curta o game e não só aqueles que cresceram com o robozinho azul; para esses, há a dificuldade Superhero que eleva bastante o desafio já alto do modo Normal.

Mega Man 11 (Crédito: Reprodução/Capcom)

Mega Man 11 (Crédito: Reprodução/Capcom)

Há também recursos de suporte, na forma da lojinha do Dr. Light. Acessível à esquerda do menu de seleção de fases, nela é possível comprar desde vidas extras, latas de energia variadas e itens de auxílio diversos.

Você pode também adquirir partes extras, como uma que permite a Mega Man se mover normalmente ao ativar o Speed Gear (o que nem sempre é útil, sendo bastante franco), ou a que aumenta o tamanho dos tiros, ótimo para atingir inimigos em posições difíceis.

Cada item pode ser comprado com parafusos, conseguidos ao derrotar os inimigos; os preços, no entanto, são bem baixos, e acumular E-cans e vidas não é nada de outro mundo, o que diminui bastante o desafio.

Mega Man 11 (Crédito: Reprodução/Capcom)

Mega Man 11 (Crédito: Reprodução/Capcom)

Nem tudo é perfeito

Esse desequilíbrio da lojinha não é o único ponto negativo de Mega Man 11: o sistema de salvamento não é automático e é um tanto confuso, ao ser posicionado à direita da seleção de fases é muito fácil esquecer dele e acreditar que o sistema está arquivando seu progresso automaticamente, recurso presente nas coletâneas Legacy Collection.

Aqui, se você se esquecer de visitar a tela de Save frequentemente, há o risco de perder todo o seu progresso ao encerrar uma partida, e não é difícil confundir as opções de Save e Load uma com a outra.

Mega Man 11 (Crédito: Reprodução/Capcom)

Mega Man 11 (Crédito: Reprodução/Capcom)

O game também é bastante curto, como todo título da franquia; um jogador dedicado pode terminar a aventura em menos de uma hora (há inclusive um troféu para isso) e pouco fator replay, embora exista uma série de desafios a serem vencidos nos modos extras.

É preciso mencionar também a completa ausência de outros personagens anteriormente controláveis, como Proto Man e Bass.

Conclusão

Por muitos anos a Capcom negligenciou a série Mega Man, o que acabou levando a comunidade e outras desenvolvedoras a lançarem potenciais sucessores espirituais da franquia. Há desde bons exemplos, como 20XX e a série Azure Striker Gunvolt (esta inspirada eme Mega Man Zero), a trapalhadas completas, como Mighty No. 9.

Ainda assim, quando a desenvolvedora resolveu ela mesma responder aos pedidos dos fãs, muitos ficaram com medo de que o resultado ficaria aquém do esperado.

Mega Man 11 (Crédito: Divulgação/Capcom)

Mega Man 11 (Crédito: Divulgação/Capcom)

Não foi o caso. A Capcom tratou Mega Man 11 com carinho e entregou um título caprichado, com gráficos excelentes, um design de fases que mantém a qualidade da franquia, músicas de primeiro nível e oito novos e carismáticos Robot Masters.

O game pode ser bastante curto como seus antecessores, não oferecer fator replay ou ter falhas menores, mas a dificuldade de Mega Man 11 é alta como sempre, e há uma boa quantidade de desafios extras.

O mais importante, no entanto, é ver que a alma da série permanece intacta e Mega Man ainda terá muitos pewpewpew para disparar, desde que a Capcom se comprometa a fazer as coisas direito.

Quanto a nós, resta esperar que as vendas de Mega Man X Legacy Collection 1 & 2 levem ao desenvolvimento de um Mega Man X9.

Mega Man 11 — Ficha Técnica

  • Plataformas — PS4, Xbox One, Nintendo Switch e Windows (analisado no PS4 Pro, com cópia adquirida pelo autor);
  • Desenvolvedora/Distribuidora — Capcom;
  • Classificação indicativa — Livre.

 Pontos fortes:

  • Jogabilidade clássica, mas devidamente atualizada;
  • Double Gear System traz uma nova mecânica à série;
  • Ajuste de dificuldade torna o game acessível a todos.

 Pontos fracos:

  • Sistema de save confuso;
  • Como todo game da franquia, é bem curto;
  • Nem sinal de Proto Man ou Bass.

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