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Segundo CEO do Google, a China é um mercado importante para buscas

Sundar Pichai fala pela primeira vez sobre a possível volta do Google Search à China, na forma de um motor de busca censurado.

5 anos e meio atrás

O Google vem sendo duramente criticado, interna e externamente por causa do Project Dragonfly, um motor de busca dedicado ao mercado chinês totalmente alinhado com o governo vigente, ou seja, censura os termos mais sensíveis e pode até mesmo rastrear possíveis dissidentes.

Agora, dois meses depois da reportagem do The Intercept ter revelado a empreitada, o CEO Sundar Pichai finalmente veio a público para (tentar) explicar por que o Google considera lançar tal produto no País do Meio.

Sundar Pichai / CEO / Google

Durante a conferência Wired 25, realizada em São Francisco nesta segunda-feira (15), Pichai disse que o Google adotou um ritmo de aproximação cuidadoso com o mercado chinês e que o Dragonfly ainda está nos estágios iniciais. A existência da ferramenta foi confirmada publicamente em setembro, durante uma audiência no Senado dos Estados Unidos que convocou o Google para dar explicações; no entanto, o diretor de Privacidade Keith Enright driblou todas as questões e não soltou nenhuma informação relevante, sequer disse para que o produto serve.

Pichai explicou que o Dragonfly é capaz de atender a 99% das solicitações de busca do usuário, deixando a ponta solta que de acordo com fontes próximas ao Google, o motor dedicado à China é totalmente alinhado com as diretrizes do Partido Comunista da China; os cidadãos não têm acesso a resultados ligados a temas considerados tabus, como liberdade de expressão, democracia, Tibete ou o Massacre na Praça Tiananmen, ocorrido em 1989. Foi por isso inclusive que o Google Search foi originalmente bloqueado, em 2014.

No entanto o Google nunca desistiu da China: nos últimos tempos a empresa vem buscando parceiros locais para distribuir o Drive e o Docs (o governo exige que os dados sejam armazenados localmente) e mantém operações locais para administrar produtos como o Files Go e Google Translate. E ela nem é a única companhia: Apple, Microsoft e várias outras também já abaixaram a cabeça para Pequim, é isso ou perder um dos maiores mercados do planeta.

E esse é um luxo que Pichai não pode se permitir. O executivo afirmou que a China "é um mercado importante" para ser explorado com um motor de buscas personalizado, dado o número enorme de potenciais usuários e a possibilidade de que nos próximos anos, o país se torne o mais lucrativo para negócios baseados em internet do mundo. Pichai só não deu detalhes sobre como a censura prévia e a possibilidade do Dragonfly relacionar as buscas com dados dos usuários se aplicam.

O desenvolvimento da ferramenta tem sido motivo de uma enorme briga interna: muitos funcionários, entre eles seu ex-cientista sênior de Dados Jack Poulson saíram do Google por considerar o Dragonfly um produto antiético, que vai de encontro aos valores que a companhia deveria defender; nem o Congresso dos EUA ou a Casa Branca veem o Dragonfly com bons olhos, e consideram o produto "uma ameaça à democracia" e "uma ferramenta voltada a fortalecer o Partido Comunista da China".

Oficialmente o Google não se pronuncia sobre as partes mais controversas do Dragonfly, e Pichai também não forneceu detalhes sobre como o motor lidará com isso. Porém, é certo que se gigante das buscas quiser uma fatia do mercado chinês, ela terá que dançar conforme a música.

Com informações: Wired.

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