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Assassin’s Creed Odyssey — Review

Com uma execução espetacular e sendo extremamente divertido, Assassin’s Creed Odyssey não é apenas um dos melhores jogos do ano, mas um dos melhores RPGs dos últimos tempos. Saiba porque lendo a nossa análise.

5 anos atrás

Eu sempre defenderei a ideia de que a principal característica de um jogo é a sua capacidade de nos fazer imergir em seu mundo. Para mim, isso consegue superar quase qualquer problema que um título possa ter, sendo ainda a base para nos manter entretidos. Pois confesso que antes de começar a jogar o Assassin’s Creed Odyssey eu nunca poderia imaginar que ele conseguiria me fazer entrar de cabeça no seu universo.

Embora eu adore a premissa da franquia de nos levar à épocas importantes da história, a verdade é que ela nunca havia conseguido me prender para valer. Acho que muito dessa minha indiferença com os Assassin’s Creeds anteriores se deve a uma jogabilidade que sempre considerei um tanto repetitiva, mas depois do Origin ter adotado elementos de RPGs e até pela sua ambientação na Grécia antiga, passei a ficar de olho no Odyssey.

Nele poderemos escolher entre Alexios ou Kassandra, irmãos espartanos descendentes de Leônidas e que serão separados ainda crianças. Aquele que passarmos a controlar terá uma dura vida na ilha de Cefalônia, até que um dia receberá como missão assassinar um general conhecido como “O Lobo de Esparta”. Começará ali uma das maiores aventuras que um jogo pode nos oferecer, uma cheia de decisões a serem tomadas, lugares a serem visitados e figuras históricas a serem conhecidas.

O esplendor da Grécia antiga

Uma das primeiras coisas que chamará a atenção de quem jogar o Assassin’s Creed Odyssey é o gigantesco mundo a ser explorado. Apesar de o mapa do jogo passar uma ideia do que teremos pela frente, é ao controlarmos a águia Ikaros ou ganharmos acesso ao navio Andrestia e deixar a ilha em que moramos que realmente conseguiremos entender o quanto há para ser visto.

Eu não teria medo de afirmar que a Grécia criada pela equipe da Ubisoft Quebec é um dos lugares mais fantástico que já vi em um jogo eletrônico. Com uma qualidade visual e um nível de detalhes absurdos, a vontade que tive foi de explorar cada canto, conhecer cada cidade e subir em cada montanha apenas para vislumbrar o horizonte de lá.

Espere até chegar a uma nova ilha e perceber que nela teremos um templo dedicado a um deus ou então entrar em Atenas e perceber o tamanho da principal cidade grega. Cada lugar parece transbordar vida, com os cidadãos vivendo alheios à nossa presença, os soldados patrulhando as estradas e os ladrões estando prontos para fazer uma nova vítima.

É muito legal ter a oportunidade de visitar o local onde Leônidas e os seus 300 soldados enfrentaram o gigantesco exército de Xerxes; escalar as muitas estátuas em homenagem a diversos deuses ou simplesmente caminhar pelos mercados de uma cidade mais desenvolvida.

Trabalho para todos (os mercenários)

Porém, nada disso seria relevante se não houvesse as missões paralelas ou formas de nos manter ocupados, o que existe de fato numa quantidade imensa. Em todo lugar é possível encontrar alguém disposto a contratar os nossos serviços, o que no geral se resume a assassinar uma pessoa, roubar um objeto ou fazer algo a margem da lei.

Mesmo com muitas dessas missões sendo apenas variações, existem muitos trabalhos interessantes espalhados pelo jogo e um exemplo disso são as invasões a fortes. Não serão poucos os personagens que lhe pedirão para fazer isso, mas as construções são tão diferentes uma das outras (estruturas, inimigos, etc) que a impressão é de estarmos fazendo aquilo pela primeira vez.

O jogo também merece elogios pelo modo Exploração, que ao contrário do que temos no tradicional, nos coloca para obter informações sobre para onde ir para dar prosseguimento a uma missão. Se da outra forma um alvo será marcado imediatamente no mapa, neste teremos apenas algumas direções e pontos de referência, nos obrigando assim a explorar o cenário e conversar com NPCs. Isso aumenta bastante a imersão e como a própria desenvolvedora diz no início da aventura, é a maneira como ela deveria ser encarada.

Outro aspecto do Assassin’s Creed Odyssey que me agradou muito foram as decisões que precisamos tomar. De tempos em tempos o jogo nos colocará num impasse e aquilo que resolvermos fazer poderá ter um impacto significativo no desenrolar dos acontecimentos. Imagine por exemplo escolher poupar a vida de uma pessoa que você foi contratado para matar ou então ver uma cidade inteira ser afetada por uma escolha em uma missão. Será que você agirá pela razão ou pela emoção? No que será que as suas ações resultarão?

Bebendo sem moderação de diversas fontes

Essa liberdade serve para mostrar que na sua essência o Assassin’s Creed Odyssey é um RPG de ação e o que o coloca no panteão de outros ótimos títulos do gênero é a coragem da Ubisoft de usar ideias de outros jogos. Desde outras obras da própria empresa — como a série FarCry — até games como Grand Theft Auto, Mass Effect e o The Witcher 3: Wild Hunt, as influências estão por todos os lados.

Pegue por exemplo o sistema de Mercenários. Claramente inspirado nos Nemesis do Middle-earth: Shadow of Mordor, ele colocará alguns poderosos inimigos para nos caçar conforme realizarmos ações consideradas ilegais, como roubar ou assassinar na presença de testemunhas. Esses personagens serão gerados com virtudes e fraquezas variadas e o simples fato de os enfrentarmos já será  uma experiência e tanto.

A parte marítima do jogo é outra que ganhou forte atenção, com o Andrestia podendo ser melhorado e até receber mudanças visuais. Aqui não temos muita inovação, mas navegar pelo Mediterrâneo é algo bastante divertido e perigoso, com piratas a todo momento lhe atacando e a busca por tesouros submersos sendo uma constante.

Espetacular, mas não perfeito

Mas apesar de o Assassin’s Creed Odyssey acertar em quase todos os pontos, existem alguns problemas que podem incomodar. Um dos principais é o sistema de níveis dos personagens, que faz com que algumas áreas sejam impossíveis de serem exploradas a menos que estejamos no nível dos inimigos.

Querer encarar qualquer adversário que esteja um dois níveis acima do nosso é pedir para morrer e se considerarmos que eles quase nunca andam sozinhos, é fácil perceber que o grinding e a compra/aperfeiçoamento de armas será praticamente obrigatório. Some a isso uma evolução bem lenta e querer avançar no jogo seguindo apenas a missão principal será muito difícil.

Devido ao tamanho do mapa, ir de um lugar para o outro também poderá ser uma tarefa bastante demorada. Por sorte o jogo conta com diversos lugares onde poderemos fazer uma “viagem rápida”, os famosos pontos de sincronização, mas eles evidentemente precisarão ser ativados previamente e mesmo assim depois você ainda poderá ter que percorrer um bom trecho a pé até chegar ao seu destino.

Também é preciso criticar o sistema de facções que coloca os exércitos ateniense e espartano frente a frente. Em todas as regiões veremos combates entre os lados, podendo escolher por qual deles combateremos e embora participar destes eventos nos garanta itens poderosos, eles não possuem o impacto que deveriam. O mais estranho é que se numa hora você defende um dos lados, logo depois pode passar pelos soldados adversários e eles simplesmente ignorar o que aconteceu. A sensação é que a ideia não teve muito tempo para ser lapidada e a torcida é pra que ela seja melhor implementada nos próximos capítulos.

A inteligência artificial também é algo que precisa melhorar, pois é estranho você tentar invadir um lugar, ser identificado e poucos segundos após se esconder numa moita, aqueles que o estavam procurando esquecer completamente quem você era. Eu entendo que isso é feito para não tornar o jogo difícil demais, mas mesmo assim é um recurso que quebra um pouco da imersão.

Por fim, é comum vermos partes dos cenários aparecendo abruptamente e notarmos grandes quedas na taxa de frames enquanto jogamos, algo que acontece mesmo em um Xbox One X. Como o jogo não nos permite alterar entre gráficos em 4K ou uma taxa de frames sólida, infelizmente este é um problema que pelo menos nos consoles não pode ser resolvido.

A grata surpresa de um excelente sandbox

Para ser sincero, enquanto escrevi essa análise eu estava bem longe de terminar o Assassin’s Creed Odyssey e admito que talvez isso nunca venha a acontecer. A experiência que esse jogo tem me proporcionado é tão fantástica que tenho procurado aproveitar com calma tudo o que ele tem a oferecer. Não foram poucas as vezes que me distanciei da missão em que estava apenas porque queria conhecer algum lugar interessante que vi a distância ou mesmo por te me deparado com uma tarefa mais interessante.

Assumir o papel de Alexios ou Kassandra tem sido algo extremamente divertido, muito mais do que poderia imaginar que seria e por isso imagino que ainda dedicarei muitas e muitas horas a este jogo. Sabe quando você não está no videogame e só consegue pensar em voltar a ele só para jogar mais alguns minutos? Pois fazia tempo que um título não conseguia causar esse sentimento em mim.

Mas acima de tudo, acredito que o título da Ubisoft tem o potencial para conquistar até aqueles que não são grandes fãs da franquia Assassin’s Creed. Comigo ele fez isso e a única coisa que me incomoda no momento é que, apesar dele ter me feito olhar com mais carinho para os seus antecessores, temo que no futuro, quando eventualmente resolver explorar os outros capítulos da série, o Odyssey acabe fazendo com que eu goste ainda menos deles.

O Assassin’s Creed Odyssey foi avaliado em um Xbox One X, com uma cópia cedida pela Ubisoft.

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