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Japão vai finalmente aposentar... pagers

Depois de... tempo demais finalmente o Japão irá aposentar uma tecnologia que todo mundo jurava que eles não usavam faz tempo: Pagers!

5 anos atrás

Muito, muito tempo atrás na Aurora do Homem era impossível você ser achado na rua com facilidade. Celulares não existiam, no máximo a gente dizia aonde iria estar e a pessoa ligaria procurando pela gente. Entre essa época e o maravilhoso mundo de hoje, onde é possível acompanhar pessoas em tempo real e mandar mensagens instantâneas de alcance mundial houve... o pager.

O conceito de pager, um modelo de transmissão e recepção de sinais de rádio de mão única foi imaginado  pela primeira vez pela Polícia de Detroit em 1921. Três policiais, Kenneth R. Cox, Walter Vogler e Bernard Fitzgerald eram nerds dessa tecnologia nova e promissora chamada rádio, e instalaram receptores no banco traseiro de Fords Modelo-T. Eles só conseguiram uma conexão estável em 1928, e o conceito era tão novo que só conseguiram operar licenciando o transmissor como uma estação de rádio convencional.

Oficialmente de entretenimento, a KOP (sim, esse era o prefixo) tocava músicas e interrompia quando precisava mandar algum comando para os carros, e qualquer um com um rádio AM podia interceptar os sinais.

O primeiro pager como conhecemos só surgiu em 1950, eram um trambolho de 200g de peso, alugado para médicos do Hospital Judaico de Nova York e custava US$125 por mês, em valores atualizados. O FCC só aprovou pagers para uso do público em geral em 1958, em 1959 a Motorola lançou seu primeiro pager mas o primeiro modelo realmente popular foi o Motorola Pageboy, de 1964.

Originalmente os pagers só emitiam um bipe indicando que havia uma mensagem, com o tempo os modelos se tornaram mais sofisticados e nos Anos 80 eles já recebiam números telefônicos.

Como Funciona Essa Bagaça?

A essa altura vários millenials devem estar confusos, então explico. Não se assustem com o primitivismo da coisa, lembre-se que é tecnologia criada uns 5 anos depois da descoberta do fogo.

Você precisa mandar uma mensagem para alguém que em um pager. Você pega seu telefone fixo e liga para uma central que pode ser operada por telefonistas ou, em países avançados, automatizada.

Em contato com a central você digita o número do pager de destino e em seguida o número do telefone onde você está.

O serviço irá enviar um pacote de dados por uma antena atingindo milhares de pagers num raio de 40Km. Somente aquele que tiver o número idêntico ao do destinatário entenderá a mensagem como para ele;

O pager vibrará e mostrará na tela o número de telefone para o qual o usuário deverá ligar.

Originalmente nem isso era possível, o usuário recebia o bipe e tinha que ligar pra central pra pegar o recado. Quando os pagers estouraram em popularidade no final dos Anos 80, eles já eram alfanuméricos, e facilitavam muito a vida de todo mundo, você podia ser avisado de emergências, mesmo na rua podiam pedir para comprar mais alguma coisa no mercado, técnicos de manutenção recebiam ordens de serviço já na rua... as possibilidades eram infinitas.

Infelizmente eu jogava dinheiro fora pois todos os cornos de meu convívio não entendiam o conceito de pager alfanumérico e só mandavam mensagens como "Me liga!"  ao invés de "traga café e insulina", sei lá. Não era sempre "Me liga",  "Preciso falar contigo",  nunca diziam na mensagem que diabos queriam de mim.

Antes de morrerem os pagers tiveram uma convivência com a Internet, recebendo mensagens enviadas por email, e a Motorola chegou a lançar alguns modelos two-way, onde era possível enviar respostas do próprio pager, mas eles foram diziamos pelos celulares e o SMS.

Curiosamente hoje existem empresas que usam a infraestrutura do SMS para simular uma experiência de pager, você divulga não seu número de telefone, mas seu número de "pager" e o número da central, que recebe o recado e repassa pro seu celular.

Os pagers foram rapidamente adotados pela juventude nos EUA e no Japão, onde todo um dialeto de códigos numéricos foi criado, permitindo que os adolescentes trocassem enormes mensagens entre si, com muito pouco texto enviado.

Mesmo no Brasil a morte dos pagers foi mais que anunciada. Em 1998 as empresas do setor já buscavam diversificar suas áreas de atuação. Por isso é estranho e divertido ler que só ano que vem o Japão vai encerrar de vez seus serviços de pager.

Foi o que o Google retornou pra pager japan girl.

A Tokyo Telemessage é a única empresa do ramo que sobrou, são 1500 usuários ainda ativos. Eles não vendem pagers faz tempo, o último que fabricaram saiu da linha de montagem 20 anos atrás, mas essas porcarias não quebram, vão funcionar pra frente se alguém deixar.

Por isso chegou a hora, em Setembro de 2019 quando provavelmente os últimos usuários já terão morrido, vão tirar o serviço da tomada. É uma boa lembrança de que o Japão nem sempre é tão avançado quanto imaginamos, muitas coisas por lá são bem tradicionais, como o Hanko, um carimbo que todo japonês usa para assinar documentos.

A lição aqui é que não basta adotarmos com entusiasmo novas tecnologias, é preciso praticar o desapego. Não há literalmente nada que justifique manter um serviço de pager no Século XXI, nem aqui nem na China, que dirá no Japão.

Fonte: Yahoo

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