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Designer cria jukebox para o pai e valoriza a música como um todo

Lembra do tempo em que a gente tinha critério e selecionava com calma as músicas que ouvíamos? Um sujeito conseguiu reproduzir essa época, criando uma jukebox digital propositalmente limitada, e ficou ótimo!

5 anos atrás

Houve um tempo, antes do Spotify, antes mesmo do MP3 onde as pessoas tinham uma relação muito mais pessoal com a música. Todo mundo, de todas as idades tinha uma coleção de LPs, dos Três Patinhos a Ray Connif. Nas festas sempre aparecia alguém com um disco novo, para nossa alegria.

Nos fins de semana íamos nas casas dos amigos ouvir as novidades, de vez em quando algum endinheirado aparecia com um LP importado, e a fita K7 comia solta (não conte pra RIAA). Raramente discos eram emprestados, quem era burro o bastante para isso terminava como eu, que emprestei meu precioso Thriller e recebi a capa de volta com um disco de Sambas-Enredo 1987 dentro.

Hoje a posse física de um álbum não significa muita coisa, raramente você compra os direitos de reprodução de uma trilha específica, e mais comumente assina um serviço que te entrega música através de um oleoduto gigante.

Spotify, pros íntimos.

Por um lado é maravilhoso viver no futuro, ter acesso a boa parte da produção musical humana, mas por outro isso trivializa totalmente a música, o álbum perde o sentido, só lidamos com discografias completas. Não existe mais a emoção de comprar um disco novo e apreciar música a música, escolhendo favoritas, comparando versões.

Como qualquer bom economista pode atestar, excesso de fartura também é um problema, por isso não posso deixar de admirar a inventividade de Chris Patty, um designer que criou isto:

O brinquedo foi um presente de Natal para o pai, mas a parte bonita é que não há nenhuma história tocante de interesse humano, o coroa não é deficiente, não tem Parkinson ou Alzheimer, usa computadores normalmente, tem Alexa em casa. Foi só uma idéia da família, de que em 2018 só trocariam presentes feitos por eles mesmos, e Chris resolveu criar uma literal caixinha de música.

Ao invés de montar mais um daqueles equipamentos com acesso a 178 serviços de streaming, ele resolveu fazer algo pessoal, montou uma playlist com as músicas preferidas do pai, e adicionou um toque físico ao negócio.

Nada de telas, botões, touchscreen, controle de voz. O conjunto é composto de um Raspberry Pi, um leitor de cartões magnéticos e um monte de cartões, físicos cada um com uma UniqueID apontando para uma música específica.

Ouvir uma música na caixinha significa pegar um maço de cartões, procurar pelo título desejado, uma atividade manual, calmante, reminiscente das velhas fitas e discos.

 

É a forma mais prática de ouvir música? Claro que não, mas não é esse o ponto!

Chris disse que usou cartões magnéticos ao invés de RFID por causa do custo, e a grande ironia é que ele criou um script para puxar do Spotify as artes das músicas, e montar as folhas onde imprimiu as capas dos cartões.

Ele vai soltar os planos em regime de Open Source, mas também está produzindo uma versão comercial, a Jook Box, para pessoas menos inclinadas a projetos faça-você-mesmo.

Não é nada que vá se tornar uma revolução e alterar a forma como consumimos música, mas serve como um alerta, para valorizarmos mais o conteúdo, esquecendo um pouco da quantidade pela quantidade, como no tempo em que nossos celulares e iPods tinham armazenamento limitado, e a gente selecionava criteriosamente as músicas que mereciam ocupar nossos preciosos bytes.

Fonte: Verge

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