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Existe vida na Lua! (mas calma foi a China que levou)

A China pousou na Lua, levando passageiros: Junto com o robozinho está um habitat com várias plantas sementes e bichos da seda!

5 anos atrás

A China, com você deve estar sabendo, conseguiu de novo. Foram fortes no pioneirismo e pousaram seu segundo robozinho, desta vez no lado oculto da Lua, uma região raramente vista por olhos humanos ao vivo e nunca antes explorada do solo.

A Chang'e 4 é composta de 3 partes: Um módulo de pouso de 1200Kg, um robozinho de 140Kg e um muito importante satélite, o Queqiao.

Ele é essencial, pois o lado oculto da Lua tem esse nome por nunca ficar de frente pra Terra, então nenhum sinal de rádio consegue atravessar a Lua inteira para chegar até o robozinho do outro lado. É preciso um satélite para retransmitir o sinal.

A Lua não mostra a raba para a Terra por modéstia, ela está presa por causa de um fenômeno chamado rotação sincronizada, quando um satélite orbita um corpo muito maior. É criado um efeito de maré, e com o tempo a rotação do corpo menor em relação ao maior é anulada.

Não quer dizer que a Lua não gire em torno de si mesmo, apenas que o tempo que ela leva para completar uma rotação é o mesmo tempo em que ela leva para completar uma órbita, assim a mesma face fica sempre visível para a Terra.

Isso terá excelentes consequências no futuro, o lado oculto da Lua (também chamado erroneamente de lado escuro, lado negro e, pelo George Lucas de Lado Sombrio) é ideal para instalarmos radiotelescópios, que ficarão totalmente imunes à interferência de sinais de rádio da Terra. A desvantagem é que precisamos de um satélite pra repetir os sinais do que quer que coloquemos por lá.

No caso da Chang'e 4, o satélite funcionou muito bem e o pouso foi perfeito, pela primeira vez na História humanos do Planeta Terra pousaram uma sonda no Lado Oculto. O vídeo do pouso é lindo, e se você se confundir com a escala, não se preocupe, é perfeitamente normal:

Depois de pousar a sonda liberou o robozinho Yutu 2:

O Yuyu 2 leva uma câmera 3D, um radar de penetração capaz de identificar alvos a 100m de profundidade, espectrômetros e um analisador para identificar a interação entre o vento solar e a superfície lunar. A sonda de pouso leva vários outros experimentos, o mais interessante deles é o LEM - Lunar Micro Ecosystem, esta latinha aqui:

Ela tem 18 centímetros de altura, 16 de diâmetro e custa US$1,5 milhões, mas não, não está cheia de tinta de impressora. É um compartimento pressurizado especial, projetado para manter vivo um pequeno ecossistema.

O LEM, que na verdade são dois (um idêntico na Terra será usado para comparação) contém nutrientes, ar, água, sistemas de controle de temperatura e levará para a Lua vários organismos.

Temos por exemplo a Arabidopsis thaliana, uma florzinha bem vira-lata...

Também mandaram ovos de bichos-da-seda, que é um nome bonito pra uma lagarta nojenta que por acaso é útil:

Dentro do cilindro também haverá... batatas

O LEM é um ecossistema fechado, as bactérias no substrato irão fixar nitrogênio nas raízes das plantas, que metabolizarão o dióxido de carbono no ar, liberando oxigênio. Os animais consumirão o oxigênio, eliminarão dióxido de carbono e comerão aos plantas, que serão fertilizadas pelas fezes dos bichos. Em teoria exatamente o que acontece na Terra, mas numa escala um tiquinho menor.

A diferença é que isso tudo acontecerá em microgravidade, 1/6 da força gravitacional terrestre, e um feixe de fibras ópticas levará luz externa para o habitat, que terá temperatura controlada mas viverá sob o mesmo ciclo de luz do dia lunar, 15 dias dia 15 dias noite.

Notem, não estão plantando flores em solo lunar, não é esse o objetivo, o foco aqui é determinar se organismos da Terra conseguem sobreviver no ciclo dia/noite lunar. Testar isso E plantar em solo lunar parece lógico mas só introduz mais variáveis. Se as plantas morrerem a culpa é do solo ou da luz?

Por isso ciência às vezes parece irritante e lenta, mas se você acaba com mais perguntas do que respostas, e nem respondeu suas perguntas iniciais, não está avançando.

As informações dessa pesquisa podem significar a diferença entre termos que criar estufas totalmente isoladas ou abertas para o Sol lunar, é o raro tipo de pesquisa básica que já vem com um monte de futuras utilidades.

A China disse que fará streaming do habitat, e interesse eles tem, só a câmera que construíram para ficar dentro dele custou US$90 mil. Caso abram realmente o streaming, será o recorde mundial de audiência para ver capim crescer.

E não, não há nenhuma chance dos bichos da seda escaparem e por causa da radiação virarem Shai-huluds. Sossega, Muad'Dib.

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