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A lembrança de um jogo que nunca existiu

Como os criadores do The Eternal Castle [REMASTERED] criaram uma mentira para divulgar a remasterização de um jogo que nunca existiu.

5 anos atrás

Era início dos anos 90. Certo dia Leonard Menchiari encontrou um disquete que estava jogado no fundo de uma gaveta no escritório do seu pai e embora soubesse que era pequena a chance de nele estar algum jogo, resolveu ligar o 486 do coroa para ver o que estava gravado naquele disco.

Alguns segundos depois o adolescente estava se aventurando pelo The Eternal Castle, um jogo que foi lançado em 1987 e que se valia de uma placa CGA para entregar um colorido e assustador futuro onde a humanidade começou a colonizar outros planetas. Com um estilo parecido com o de outros jogos que faziam muito sucesso na época, como Flashback, Prince of Persia e Another World, o título conseguiu lhe prender por horas.

O azar de Leonard é que quando ele resolveu parar de jogar, ao retirar o game do computador a peça de metal do disquete ficou presa dentro do drive, fazendo com que a máquina tivesse que ser levada para o conserto e ele nunca pudesse dar continuidade à aquela fantástica experiência.

Essa história poderia ter acontecido com qualquer um de nós, mas a verdade é que além dela ter sido inventada, nem o jogo citado por Leonard Menchiari chegou a existir. Essa foi a maneira encontrada pelo game designer para divulgar o The Eternal Castle [REMASTERED], jogo que chegou ao Steam recentemente e que no fundo é uma grande homenagem aos jogos de aventura cinematográficos lançados nas décadas de 80 e 90.

O interessante é que os envolvidos levaram a ideia tão a sério que desde 2016 eles vem espalhando dicas da existência do título original por vários lugares da internet, como por exemplo essa publicação no fórum RGB Classic Games ou a criação de uma página para ele no Internet Archive. Mas apesar de imagens terem sido divulgadas na época, ninguém conseguia fazer com que o suposto jogo funcionasse.

Após vasculhar os arquivos do tal The Eternal Castle, algumas pessoas descobriram que eles pertenciam ao Prince of Persia, jogo que só foi lançado em 1989 e no código estavam trechos de títulos como Doom e Star Control 2, ambos também lançados alguns anos depois. Por fim, as imagens mostravam metadados do Photoshop, programa que a Adobe só foi lançar em 1990.

Ou seja, trata-se de uma bela mentira contada apenas para justificar a tentativa dos desenvolvedores de criar o jogo com o qual eles sempre sonharam quando criança. É claro que também existe aí uma tentativa de divulgar a produção e apesar de ter minhas dúvidas se eles conseguirão vender uma quantidade razoável de cópias a mais por causa dela, acredito que no fundo existe outra mensagem por traz dessa história.

Ao tentar passar a ideia de que essa é a remasterização de um jogo que marcou a infância dos desenvolvedoras, o que esses caras fizeram foi mostrar o quão apaixonados são por jogos antigos. Tudo bem que isso já poderia ser visto nos gráfico e na jogabilidade em si, mas ao criar uma memória falsa para o projeto, Leonard Menchiari, Daniele Vicinanzo e Giulio Perrone acabaram atingindo um sentimento que qualquer retrogamer valoriza muito, a nostalgia. Mesmo que esta seja a nostalgia por algo que nunca existiu.

PS: vendido por apenas R$ 19,87; The Eternal Castle [REMASTERED] já está disponível no Steam.

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