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Sorry, Trump: Foxconn reconsidera planos para fábrica de telas do iPhone [Atualizado]

Foxconn confirma estar reavaliando planos para fábrica em Wisconsin; rumores apontam para implantação de centro de P&D, com apenas 1.000 funcionários

5 anos atrás

Atualização 18:04: Mudança de planos mais uma vez. Em um novo comunicado, a Foxconn diz que após "discussões produtivas" entre o CEO Terry Gou e Donald Trump, a empresa novamente se comprometeu a construir uma fábrica Geração 6 em Wisconsin, que vai produzir telas LCD para smartphones. No entanto, a companhia não revelou prazos.

Segue abaixo a notícia original.


O muro entre o México e os Estados Unidos não é a única promessa de campanha do presidente Donald Trump difícil de ser cumprida: de acordo com declarações de executivos da Foxconn, a principal parceira da Apple está reavaliando suas prioridades a respeito da fábrica que produziria telas para iPhones, e inclusive considera implantar um centro de Pesquisa e Desenvolvimento em seu lugar.

Placa em terreno em Wisconsis, sinalizando a futura "fábrica"

A promessa de um iPhone Made in USA é velha, Trump bate nessa tecla desde a campanha eleitoral e vive batendo cabeça com o CEO da Apple Tim Cook, que tem seus motivos para não montar nada em casa: além da mão-de-obra chinesa ser muito mais barata, a manufatura de produtos tecnológicos não envolve apenas a Foxconn, mas uma série de fornecedores de componentes, que formam uma cadeia logística que já é muito bem azeitada.

A maçã sentiu isso na pele com o Mac Pro e o iMac Pro, que são montados localmente, onde fábricas americanas não conseguem dar conta de componentes triviais, como parafusos. No fim, a Apple é forçada a importar peças da China, o que explica em parte por que ambos computadores são tão caros.

Só que o Trump não liga para detalhes bobos como logística e corte de custos, e nem que a hora-homem de um trabalhador americano é muito maior que a de um chinês. No melhor estilo "pagar para ver", quando o CEO da Foxconn Terry Gou sugeriu ao presidente que se ele quisesse uma fábrica da empresa no país, ele deveria abrir a carteira, Trump realmente pagou. Após anos de enrolação, a companhia se comprometeu a investir US$ 10 bilhões numa unidade que será construída em Mount Pleasant, no estado de Wisconsin, que levou a disputa ao oferecer US$ 3 bilhões em subsídios, e posteriormente injetar mais US$ 1 bilhão, com a promessa de geração de 13 mil empregos.

Originalmente, a fábrica seria uma "Geração 10,5", dedicada à fabricação de telas LCD de maior qualidade, de até 75 polegadas para TVs e monitores, mas tempos depois, o Wall Street Journal sugeriu que os planos mudaram para uma unidade "Geração 6", mais modesta e voltada à produção de telas menores, inclusive para smartphones, que se alinharia com a vontade de Trump. Até então os iPhones não usavam telas AMOLED, que hoje só estão presentes nos modelos XS e XS Max; os demais fabricados, a saber os iPhones 8, 8 Plus e XR, bem como toda a linha iPad, usam LCDs.

Andy Manis / Scott Walker, Trump e Terry Gou / Foxconn

Da esq. para a dir.: conselheiro Christopher Murdoch, 1º contratado da Foxconn para a unidade de Wisconsin, Scott Walker, governador do estado, Trump, Terry Gou, CEO da Foxconn e Paul Ryan, então presidente da Câmara dos Representantes, durante evento em junho de 2018 para o início da construção da fábrica em Mount Pleasant

Embora a vontade de Trump estivesse sendo satisfeita com esse "realinhamento", a verdade é que a Foxconn o estaria fazendo para poupar dinheiro, mesmo com todos os incentivos recebidos, sem falar que uma unidade Geração 6 empregaria menos gente (especula-se em torno de 5.200 funcionários). Em nota, a companhia negou a mudança de planos, dizendo-se ainda comprometida com uma unidade Geração 10,5 e o número de empregos original.

Agora veio a bomba: em entrevista à Reuters, Louis Woo, assistente especial do CEO da Foxconn Terry Gou, disse com todas as letras que a empresa "não está construindo uma fábrica" em Mount Pleasant, e sim um centro de P&D, dedicado ao no estudo de novas tecnologias para a produção e manufatura de equipamentos de seus clientes. Assim, a unidade deixaria de empregar pessoal para o chão de fábrica, e contaria apenas com pesquisadores e engenheiros de alto nível.

Dessa forma, o número de empregados seria reduzido ainda mais, e o centro de P&D contaria apenas com 1.000 funcionários. Se isso acontecer, o estado de Wisconsin terá pago US$ 4 milhões em subsídios por empregado. Desnecessário dizer que os ânimos entre os moradores da região não são dos melhores.

O motivo para essa mudança de planos seria, claro, a Apple. Segundo o Wall Street Journal, a maçã se prepara para abandonar o LCD nos iPhones em 2020 e abraçar de vez o OLED em seus celulares, principalmente devido à fraca performance dos últimos lançamentos, em especial o iPhone XR, que mesmo sendo menos caro, também não vendeu tanto quanto se esperava. Tal decisão teria disparado os alarmes de todos os fornecedores de LCDs da Apple, incluindo a Foxconn, que não mais veria sentido na fábrica americana.

Como as coisas começaram a sair rapidamente do controle, a Foxconn veio a público para dizer que "não é bem assim": através de uma nota enviada ao site DigiTimes, a empresa confirma estar reavaliando os planos para a unidade em Wisconsin, mas que não só ela continua sendo uma das prioridades da companhia, como a promessa de 13.000 empregos será mantida (só não se sabe que tipo de profissionais serão contratados). Oficialmente, estão "buscando oportunidades no mercado de LCDs", uma provável referência à mudança de planos da Apple, em favor de telas OLED.

Por enquanto, a Foxconn se diz comprometida com as promessas firmadas com a administração Trump e o governo de Wisconsin, mas só o tempo dirá o que vai de fato acontecer.

Com informações: Reuters, DigiTimes.

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