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The Division 2 - Review

Você faz parte da última esperança para evitar o colapso total de uma nação. Seus principais desafios serão sobreviver a hordas de inimigos e alguns bugs...

5 anos atrás

Tom Clancy’s The Division 2 é a sequência do game de tiro, loot e exploração que os jogadores do original estavam esperando, especialmente após a Ubisoft ter ouvido à alguns pedidos de melhorias dos fãs. O game te coloca numa Washington devastada por uma guerra química/biológica e você, um agente da Divisão, faz parte da última linha de defesa para prevenir a queda total do país. Se Washington cair, os Estados Unidos caem. The Division 2 tem opção de áudio e legendas em português do Brasil e está disponível para PC, PS4 e Xbox One. Leia o review, a seguir.

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Ao invés de encarar um jogo linear do tipo atirar, matar e avançar, The Division 2 dará aos jogadores muita, mas muita coisa para criar, gerenciar, descobrir, destruir, atirar, aprimorar, conquistar e matar. São várias missões principais e secundárias, eventos, conquistas a pontos de controle, contratos, exploração zonas contaminadas, áreas PvP e por aí vai.

Sendo bem sincera, bem no início do jogo, e me aventurando solo, eu estava achando tudo muito tedioso. Especialmente porque ainda não tinha notado que todas essas atividades, que listei acima (e ainda faltam outras mais), só apareceriam conforme eu progredia na campanha. The Division 2 se torna, substancialmente, mais divertido conforme você joga. Estou com quase 30 horas de jogo, no momento em que escrevo este review, e ainda há muito o que fazer.

A propósito, posso afirmar, com tranquilidade, que a melhor experiência deste título é o coop. Jogar sozinho pode ser interessante se quiser fazer alguma atividade em específico, do seu jeito e no seu tempo. Eu, por exemplo, tenho compulsão por coletar coisas. E como há muito o que catar em mochilas, caixas e baús, às vezes prefiro fazer isso sozinha para não estressar os outros.

The Division 2

No entanto, mesmo que o game não te obrigue a jogar em time no PvE, é nítida a diferença na fluidez do gameplay em grupo (formado por até quatro agentes). Como você tem à disposição um arsenal bem versátil de armas leves e pesadas, além de habilidades especiais que destravam equipamentos extras como drones, bombas inteligentes, turrets, escudos, disparadores de elementos químicos, colmeias que curam saúde e escudo, e outros, é bem interessante e “mais fácil” fazer as missões quando se pode criar uma estratégia, onde cada membro assume uma tarefa e esta complementa o que o outro está fazendo.

É claro que isso funciona bem melhor quando os jogadores, do mesmo time, estão se comunicando via microfone. Além de ser bem mais engraçado e divertido, poder se comunicar ajuda a fazer ajustes emergenciais na estratégia, salvar alguém caído, mirar os esforços num oponente em específico (os tanques, por exemplo) e evita o efeito “rato assustado”, ou seja, quando cada um corre para um canto diferente ao primeiro barulho estranho.

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Desbloqueie habilidades completando missões principais e coletando tecnologia Shade

Atirar, cair e levantar: proteja-se sempre!

O mapa do jogo é dividido em 11 zonas para serem exploradas e conquistadas. Em cada uma delas há um abrigo e pontos de controles a serem liberados. Cada um desses pontos servirá como locais para viagens rápidas e reabastecimento de itens. Ao descobrir colônias de sobreviventes e liberar locais das facções inimigas (que inclusive possuem um vasto vocabulário de xingamentos para seu agente), você ativa um sistema de tarefas em cada um desses lugares.

Nos pontos de controle, basicamente sua tarefa é, periodicamente, verificar se eles estão bem abastecidos de recursos, como água, comida e componentes. Isso vai ajudá-los a melhor proteger a área e resistir a possíveis ataques, para a retomada da área, pelas facções. Já nas colônias (a primeira que você encontrará, fora da Casa Branca, será a do Teatro), além de suprir os residentes com recursos, cumprir missões principais e secundárias - dadas por moradores e o chefe local - também irá liberar melhorias na infraestrutura do local.

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Verifique se os pontos de controle, que liberou, estão devidamente abastecidos

E você ganha com isso também. Conforme for concluindo projetos, seu agente recebe blueprints (plantas) para criar acessórios e melhorar armas, ou mods para aprimorar equipamentos especiais, como drones e turrets, por exemplo. Vale lembrar que esses recursos você consegue ao fazer as missões e diversas outras atividades pelo mapa, ou simplesmente explorar por aí. Portanto, coletar é preciso!

Ter bases aliadas, espalhadas pelo mapa, também servem de auxílio para pedir apoio ao invadir algumas zonas de conflito. Ao entrar numa “área vermelha”, ou seja, o indicador de que aquele local está sob controle inimigo, por vezes aparece na tela do jogo uma mensagem para você atirar um sinalizador e chamar aliados (controlados pelo computador), que estejam próximos.

Aí é pura loteria, até porque eles não são tão bem preparados quanto você e podem chegar rápido ou só aparecerem quando seu agente já tiver resolvido o problema, ou morrido mesmo. A inteligência artificial desse pessoal “da ajuda” está longe de ser um bom exemplo de programação, mas eles servem, no mínimo, para tirar um pouco da atenção que estava concentrada somente em você. Assim, é possível respirar um pouco e ir atrás dos inimigos mais fortes e neutralizá-los logo. Vale lembrar que atirar o sinalizador irá, instantaneamente, alertar a todos os inimigos da sua presença. A recomendação é fazer isso já protegido em algum lugar porque os caras, certamente, irão atrás de você.

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Inclusive, uma observação bem positiva a fazer sobre The Division 2 é em relação aos inimigos. Ao contrário dos seus aliados, que muitas vezes não têm ideia do que estão fazendo, os membros das facções, ou seja, os que querem sua cabeça numa bandeja, meio que adaptam suas estratégias de ataque conforme as ações do seu agente. Um dos primeiros conselhos que você recebe, ao começar o jogo, é nunca ficar parado e escondido num mesmo lugar. E você vai aprender o porquê disso bem rápido.

Se você não for dinâmico e buscar outras formas e lugares para se proteger ao atacar (faça isso, senão serão altas as chances de ser abatido bem rápido), certamente será cercado e flanqueado por algum inimigo que descobriu de onde estão vindo os tiros e, sorrateiramente, se posicionará atrás de você para abatê-lo. É comum também você ser enxotado de onde está se escondendo com uma chuva de granadas. Seu agente será obrigado a sair do esconderijo ou morrer, sua escolha.

Outra coisa: encarar hordas de Hienas (uma das facções do jogo) de peito aberto, ao bom estilo Berserker, sem estar 100% preparado e equipado para isso, é um convite para um romântico abraço com a morte. Sobreviver mais tempo no jogo vai depender da sua habilidade de se proteger sempre em coberturas e evitar ser cercado. Fique sempre de olho na sua bússola, quando estiver em conflito, para identificar de onde estão vindo os inimigos.

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Por falar em coberturas, há pontos positivos e negativos a ressaltar dessa estratégia indispensável para sua sobrevivência. A parte boa é o sistema de indicação, por meio de linhas, que o próprio jogo faz para facilitar sua movimentação de uma cobertura para a outra. no caso do PS4 (onde o jogo para este review foi testado), ao manter pressionado o botão X você correrá, automaticamente, de um local onde estava se protegendo para o outro e já entrar em modo de cobertura novamente. Ao correr de um ponto para o outro, dentro desse sistema, seu agente é mais ágil e mantém o tronco mais curvado, para evitar ser atingido com facilidade.

O problema das coberturas está no fato de nem toda parede, barricada, ou mureta ser um local possível para se proteger. Na maioria das vezes, você vai descobrir isso no pior momento possível. Apesar de ser um jogo de mundo aberto, você não terá 100% de liberdade para interagir com cada cantinho. Dividir o mesmo local para se proteger, com um NPC ou um amigo no coop, também não é a melhor das experiências. Além de um correr o risco de “expulsar” o outro da cobertura ao se proteger, também acontece de um agente ou NPC aliado ficar na frente ao atirar, atrapalhando o campo de visão de quem estiver atrás.

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Novamente, não é qualquer lugar que será possível buscar proteção, ou subir, descer, saltar sobre, ou simplesmente andar. Você terá que se acostumar com isso. Apesar de ser um jogo da Ubisoft, The Division 2 está longe de ter a liberdade de exploração de obstáculos como na série Assassin’s Creed, por exemplo. Não que se espere que um agente federal, com uma mochila nas costas cheia de bugigangas, além de armas e outros equipamentos, vá escalar um prédio em segundos, mas bem que podia ser possível saltar sobre alguns muros ou cercadinhos de forma mais livre.

O level cap atual do game é 30 e alcançá-lo não significa o fim do jogo, muito pelo contrário. Ao chegar no 30 você poderá, além de terminar de aprimorar armas e equipamentos exóticos e algumas habilidades antes travadas (usando a cobiçada tecnologia Shade), você também desbloqueará o novo sistema de Especializações do seu agente.

Agora, você poderá escolher entre três tipos de talentos especiais: Atirador de Elite, Sobrevivente e Especialista em Demolição. Cada especialização oferece uma abordagem única de progressão durante o conteúdo endgame, ou seja, após terminar as missões principais, incluindo o novo modo de raid entre 8 jogadores. Você poderá escolher uma arma especial, feita exclusivamente para a sua especialização e, conforme progredir, seu agente também terá acesso a novas habilidades e recursos únicos.

PvE ou PvP: a escolha é sua

Como disse antes, a melhor experiência desse jogo é mesmo o cooperativo. Sobre isso, algo interessante (apesar de não ser novidade em games do tipo) é como o sistema nivela a partida de acordo com o level dos jogadores de uma party. Dificilmente, alguém (de nível bem mais baixo que a maioria) conseguirá ser “carregado” numa equipe sem sofrer um bocado.

O game adaptará o gameplay sempre para o level mais alto. Isso vai atingir a maioria das atividades e missões. A parte boa do sofrimento que será encarar um mundo no nível 25, enquanto você está no 15, por exemplo, é conseguir muito mais pontos de experiência em tudo.

Ao longo de quase 30 horas de jogo, não consegui analisar o que acontece caso você seja desconectado de uma partida em equipe (perder loot, perder XP, e etc) porque, incrivelmente, o servidor não caiu uma vez sequer! Pontos para a Ubisoft nisso. Você só consegue jogar estando online. Tanto que todo o seu progresso é salvo no servidor e não no seu HD. A desenvolvedora só podia tentar reduzir o tempo de loading. Uma viagem, que era para ser rápida, de um ponto para outro, ou mesmo renascer é uma agonizante tortura de espera.

The Division 2

Há outras formas de jogar em grupo, além do modo PvE nas zonas não contaminadas. Reserve um tempo para explorar as Zonas Cegas também. Elas são representadas no mapa por um grande símbolo radioativo. Lá é possível conseguir loot melhor (relativamente), mas o local tem algumas restrições - em relação às demais áreas. Não é possível, por exemplo, viajar rápido para dentro dessas regiões ou para fora. Você precisa chegar até uma das entradas ou saídas da forma tradicional mesmo, ou seja, a pé.

Essas áreas podem tanto ser exploradas em modo PvE, quanto PvP. Para ativar o modo jogador contra jogador, algum agente, dentro da Zona Cega, precisa se tornar um “traidor” invadindo alguns dos terminais da Divisão pela região. O traidor ficará em destaque no radar dos outros por um curto tempo. Sobreviver à ZC garante pontos de experiência específicos da região, além do desbloqueio de habilidades ativas apenas nesses locais.

Se preferir uma experiência mais tradicional de PvP você pode participar dos Confrontos. É só ir até a base central, na Casa Branca, e buscar por um ícone amarelo na sua bússola. No estande de PvP, você começa experimentando um jogo rápido, 4 contra 4, e ainda de baixa intensidade e com atributos normalizados. O grau de dificuldade aumenta conforme você evolui nesses confrontos.

Em The Division 2, você também pode se unir a clãs (ou criar o seu próprio). Participar de clãs ajudam a encontrar outros jogadores para fazer atividades em conjunto, coletar loots (que melhoram de acordo com o nível do seu grupo) e, ainda desbloqueia um vendedor exclusivo na base da Casa Branca, com itens até melhores do que os vendedores normais das colônias.

Belos cenários, mas bugs everywhere

De uma forma geral, o visual da Washington pós guerra é bem bonito e detalhado, especialmente se você conseguir ignorar algumas constantes quedas de quadros e demora para carregar as texturas de alguns objetos e cenários, especialmente assim que você acaba de viajar rápido para um local ou renascer.

Algo que chama a atenção, de forma positiva, é como as variações meteorológicas são nítidas e, realmente, impactam na sua interação com o mundo a volta. Você se encontrará em ambientes ensolarados, assim como embaixo de chuva forte e a noite. Encarar missões e liberar pontos de controle com uma forte neblina será um desafio extra também. Há momentos em que você não verá absolutamente nada a sua frente. Da última vez que tive uma experiência climática desse tipo foi com Dragon’s Dogma.

The Division 2

Como nem tudo são flores e mesmo com um patch inicial monstruoso, com mais de 40 GB, o jogo tem muitos bugs, como NPCs desaparecendo do mapa, te obrigando a sair e entrar do jogo novamente para ativar ou entregar uma missão, paredes invisíveis no meio de um tiroteio, seu personagem ficando preso ao saltar sobre obstáculos e até mesmo sua arma desaparecer da sua mão (junto com o seu braço).

Conclusão: chame os amigos e caia atirando

Ainda tenho sentimentos conflitantes sobre The Division 2, mas no geral o game me surpreendeu de forma positiva. Não é o melhor exemplo de coleta de recursos e ação da minha vida, mas certamente julguei mal essa continuação precipitadamente, com base no primeiro jogo. O título é rico em atividades paralelas às missões principais, oferece um bom nível de dificuldade (e bem desafiante, às vezes), conta com várias opções de customização de armas, equipamentos e habilidades, além de ser uma ótima opção de game para jogar com os amigos. Se conseguir ao menos mais uma pessoa para jogar com você, recomendo bastante.

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