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Twilight Zone: assistimos aos 2 primeiros episódios, um é ótimo, o outro, uma bomba

Finalmente estreou lá fora o reboot da série clássica Twilight Zone produzido e apresentado por Jordan Peele. Confira nossas impressões dos dois primeiros episódios.

5 anos atrás

Assisti ontem aos dois primeiros episódios de The Twilight Zone (ou Além da Imaginação aqui no Brasil), reboot da série clássica de Rod Serling que é produzido e apresentado por Jordan Peele, o mestre por trás de Corra! (Get Out) e Nós (Us). 

Cena do episódio The Comedian do reboot de The Twilight Zone

Eu confesso que já estava ansioso pra assistir a nova série desde que vi o teaser apresentado no último Super Bowl.

O primeiro episódio é O Comediante (The Comedian), que tem 55 minutos, uma duração muito maior do que a dos episódios antigos, e mostra a história de Samir Wassan, vivido com maestria por Kumail Nanjiani, que ficou famoso como o Dinesh de Silicon Valley, mas já foi até indicado ao Oscar pelo roteiro de The Big Sick, que ele escreveu com sua esposa Emily Gordon.

Apesar do episódio ser sobre um comediante, as piadas aqui não tem nenhuma graça, e podem ter consequências terríveis, afinal estamos falando de Twilight Zone. O elenco do episódio está perfeito, com destaque para Nanjiani e para Tracy Morgan, que aparece como o mítico comediante J.C. Wheeler.

Cena do episódio The Comedian do reboot de The Twilight Zone

O humorista Samir pode não ter a menor graça, mas acredita ter tirado a sorte grande ao encontrar Wheeler, com quem faz um acordo pra se tornar um grande comediante e atingir o sucesso, mas é claro, acaba pagando um preço bem alto por isso.

A segunda parte do episódio lembra bastante Death Note, e o final é excelente, ainda que meio previsível, mas mesmo assim eu recomendo muito assistir esse episódio. A CBS All Access disponibilizou o primeiro episódio no YouTube de graça, mas é claro que o link não funciona aqui no Brasil.

Uma curiosidade é que em O Comediante, em uma cena no camarim, aparece o boneco de ventríloquo do episódio The Dummy da série clássica. O boneco é hoje de David Copperfield, que topou emprestar ele para a produção em troca de ser citado no piloto, o que foi feito.

Esse primeiro episódio é (ainda que muito levemente) inspirado em Take My Life... Please!, do reboot de The Twilight Zone feito de 1986, no qual um comediante morre e precisa fazer um show de stand-up no purgatório para saber se vai para o céu ou para o inferno.

Cena do episódio Nightmare at 30,000 feet do reboot de The Twilight Zone

Se o primeiro episódio é animador e promissor, o segundo é exatamente o oposto. Eu tinha ficado bem animado para assistir ao próximo, Pesadelo a 30.000 Pés (Nightmare at 30,000 Feet, uma atualização do título do episódio Nightmare at 20,000 Feet da série clássica).

Esse episódio tinha tudo pra dar certo, pois brinca com a premissa de um episódio clássico da série original (e que depois foi relido com um dos melhores contos do filme de 1983), no qual um gremlin ataca um avião, mas não é visto pelos demais passageiros. Na série clássica, o papel do passageiro perturbado pelo monstro é do eterno William Shatner, que está mais neurótico do que nunca.

No conto do filme, dirigido por George Miller (criador e diretor de Mad Max), é vivido pelo excelente John Lithgow, também completamente ensandecido. Aqui o vídeo, pra quem quiser comparar os monstros.

Na versão atual, o gremlin não aparece no episódio, a não ser como uma citação. Adam Scott está ótimo como um passageiro neurótico que encontra um velho player MP3 no seu assento que tem um podcast falando sobre o desaparecimento do avião no qual está viajando, mas sua atuação não chega é o suficiente para salvar o segundo conto do reboot de Twilight Zone.

Cena do episódio Nightmare at 30,000 feet do reboot de The Twilight Zone

Os roteiristas tentaram fazer uma versão moderna dessa história, tirando o elemento principal, e usando os podcasts de mistérios reais no seu lugar. O resultado foi pífio, pelo menos na minha opinião. Cheio de furos no roteiro e soluções preguiçosas, esse episódio simplesmente não se sustenta, e felizmente não é o primeiro, caso contrário, a série já teria começado com os dois pés esquerdos.

Os dois primeiros episódios nos deram um cartão de visita do que esperar de The Twilight Zone versão 2019: excelente produção e direção, além de um elenco afiadíssimo com alguns dos atores mais promissores da atualidade, mas também deixaram um pulga atrás da orelha, a dúvida se realmente vão conseguir acertar o tom nos roteiros, como sempre uma parte essencial de qualquer conteúdo audiovisual.

Pôster do reboot de The Twilight Zone com o apresentador e produtor Jordan Peele

Gosto da ideia de retomar temas e situações da série clássica, o que foi feito de forma muito eficiente no primeiro episódio, mas de forma desleixada e sem graça no segundo, e torço para que a gente tenha mais episódios bem escritos, e menos colchas de retalho.

Jordan Peele se mantém como um dos homens mais ocupados de Hollywood, pois além de The Twilight Zone e da sua carreira cinematográfica, também está produzindo a série de comédia Weird City para o YouTube Originals.

Os demais episódios da série serão exibidos a partir do dia 11 de abril no CBS All Access (lá fora).

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