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Resenha (sem spoilers): Shazam!, um filme que faz jus ao termo pipoca

O novo filme da DC mostra como o adolescente órfão Billy Batson se transforma no super poderoso (e muito divertido) Capitão Marvel, quer dizer, Shazam!

5 anos atrás

Assisti a Shazam! na semana passada em uma pré-estréia a convite da Warner Bros. organizada pelos nossos amigos Cris e Panda do site e canal e site Coxinha Nerd, e nesta resenha vou falar um pouco das minhas impressões sobre o filme. Como Shazam! só estreia nos cinemas amanhã (4 de abril), vou tentar ao máximo não dar nenhum spoiler, além de tudo que já foi mostrado nos trailers divulgados até agora.

Billy Batson se transformando em Shazam!

Quem acompanha o MB sabe que estamos empolgados com Shazam! desde o ano passado, quando a Warner divulgou o primeiro e ótimo trailer.

A história do antigo (e verdadeiro) Capitão Marvel é a de um super-herói épico e clássico, mas também bem inocente. O Capitão precisou trocar de nome por conta de um imbróglio na justiça com entre a empresa que tinha seus direitos e a então DC Comics, que considerava (com certa razão) que o personagem havia sido copiado do Superman. A Fawcett parou de publicar histórias do personagem, e alguns anos depois, a Marvel patenteou o nome. Nos anos 70, a DC assumiu o controle do personagem, e acabou adotando a sua frase de transformação Shazam! (não confundir com o app) como nome.

Billy Batson é escolhido como campeão por um misterioso e poderoso mago (Djimon Hounsou, que recentemente vimos nas telas da concorrência como o Korath em Capitã Marvel) por conta do seu coração puro. É bela a simbologia do nome Shazam, que é formado pelas iniciais de Salomão, Hércules, Atlas, Zeus, Aquiles e Mercúrio.

Antes de continuar, abro um parênteses pra dizer que cresci assistindo a série de Shazam nos anos 70 (em retrospecto, tenho noção de que ela é péssima, não recomendo procurar no YouTube), então tenho um carinho especial pelo personagem, mas também fico feliz por terem optado pelo caminho da comédia, e terem feito um filme que em momento nenhum se leva muito a sério, caso contrário, definitivamente não iria funcionar.

No cinema, Shazam! funciona muito bem como um filme sessão da tarde, sem ter maiores pretensões que além de divertir e entreter os seus espectadores. Na sessão que assisti, a empolgação era bem grande com o filme, e não é pra menos, são 2 horas e 12 minutos de diversão garantida.

Billy Batson e Freddy em cena de Shazam!

Existem muitos paralelos entre esse filme e Quero Ser Grande (Big), no qual uma criança acaba se transformando em um adulto, e precisa da ajuda do seu grande amigo para conseguir lidar com aquela situação. Big certamente inspirou e muito o diretor David F.Sanberg e o roteirista Henry Gayden na criação de Shazam!, tanto que existe uma referência direta em cena ao clássico piano gigante do antigo filme.

As piadas (muitas vezes práticas) com a simples transformação de Billy em Shazam! são frequentes, e funcionam quase sempre muito bem, mas uma coisa que incomoda um pouco no roteiro é que como Shazam, ele muda de personalidade, já que Billy Batson na vida real é um garoto quieto e bem discreto, ainda que bem humorado, e quando ele vira Shazam, acaba se tornando uma espécie de versão do gênio azul de Aladdin. De qualquer forma, é desse comportamento maluco que o filme tira a maior parte de suas situações cômicas, então tudo bem.

Shazam! e Freddy

A família (e sua procura por ela) é uma parte importante da história de Billy Batson e do filme. Interpretado pelo ator Asher Angel, ele é um jovem órfão que sofre bullying e tem uma grande dificuldade de se relacionar com os seus colegas de escola, e com as pessoas de uma maneira geral. Ao ser acolhido por um casal bondoso que cuida de vários órfãos, finalmente Billy tem a chance de poder encontrar o seu lugar, e sua verdadeira família.

O melhor elemento da família (e possivelmente do filme inteiro) é Freddy, vivido por Jack Dylan Glazer, um adolescente fanático pela DC, e que entende tudo de super-heróis, e ajuda nosso novo herói a conseguir descobrir e dominar quais são os seus super-poderes, depois que ele os recebe do mago Shazam. A química entre Zachary Levi e o jovem ator é o destaque grande do filme. São dos dois as melhores situações e piadas.

Dr. Silvana em cena de Shazam!

Além da história principal de Billy Batson descobrindo sua nova família e seus superpoderes, a trama mostra o famoso Dr. Silvana (Thaddeus Sivana, vivido no filme por Mark Strong, como de hábito com a mesma cara que usa para viver seus vilões), que como eu citei no começo dessa resenha, foi rejeitado pelo mago quando era criança por ter caído na tentação dos Sete Pecados Mortais.

O trabalho do diretor David F. Sanberg dá vida a Shazam!, e acerta principalmente na veia humorística, mas com estamos falando de um especialista em filmes de terror como Annabelle 2: A Criação do Mal e Quando as Luzes se Apagam, era de se esperar que a parte sombria da história fosse melhor desenvolvida.

Falando especificamente dos vilões, de uma forma geral poderiam ser melhor trabalhados, e menos caricatos. Em momento nenhum a plateia sente que eles realmente sejam uma grande ameaça. Quando lembro que o público alvo do filme é mais novo, entendo a decisão do diretor, embora fique pensando em como o filme poderia ter ganho com vilões mais ameaçadores.

Mas não tem jeito, quem brilha mesmo no filme é Zachary Levi, que se encontrou como Shazam, e está perfeito no papel, ainda que me lembre bastante o personagem título que ele viveu na velha série Chuck (que deu impulso a sua carreira), só que com muitos esteróides. Por mais que o filme em alguns momentos caia com vontade na galhofa e fique até meio bobo, Levi está sempre se divertindo muito em cena, e por consequência, fazendo o mesmo com o público.

As referências a outros heróis da DC estão em todos os lugares, e fazem parte do pacote, e aí fica impossível não lembrar de Deadpool, já que mesmo com as imensas diferenças entre os personagens, o herói da concorrente acerta como poucos o equilíbrio exato entre citação, homenagem e tiração de onda. Assim como a Capitã Marvel, ele não chega a ser chamado pelo seu nome (no caso, Shazam) durante o filme, embora ganhe vários apelidos bem engraçados de seu irmão de criação Freddy.

Pra quem não conhece a polêmica dos nomes Capitão Marvel e Shazam, vou tentar resumir rapidamente. Depois de ser processada em 1953 pela National Comics Publications (que depois viraria a DC Comics, e eventualmente só DC) por conta das similaridades entre o Superman e o Capitão Marvel, a Fawcett foi obrigada a abandonar o seu super-herói de capa.

Muito tempo depois, a Fawcett fez um acordo com a DC Comics em 1972 para licenciar o personagem, e assim os dois heróis se uniram sob o mesmo teto, mas aí o nome Capitão Marvel já era da concorrente, e ele precisou trocar de nome para Shazam (a frase usada para a transformação).

Pôster de Shazam!

Shazam! é um filme que cumpre sua função de entretenimento, e também acerta em várias coisas, ainda que não atinja o potencial que prometia nos trailers. Apesar de alguns pesares, o filme vale muito o ingresso, além de ser mais uma pá de cal no estilo dark imposto por Zack Snyder nos filmes do DCEU, e que definitivamente era uma chatice sem fim, na minha humilde opinião, é claro.

Quem estiver querendo assistir a um filme divertido e sem maiores pretensões, vai adorar Shazam!. Quem espera algo cerebral e mais profundo, definitivamente está procurando no lugar errado, mas o filme tem sim uma bela mensagem de amizade e respeito aos próximos, e valorização da família, aquela que realmente importa e está do nosso lado em todas as situações, não somente aqueles com os quais temos laços sanguíneos. Nunca é fácil ser adolescente, mas pra Billy Batson/Shazam e sua família, o negócio pode ser bem mais divertido.

Você pode assistir Shazam! a partir de amanhã nos principais cinemas do Brasil.

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