Meio Bit » Games » Generation Zero — Review

Generation Zero — Review

Apesar de trazer ideias interessantes para o gênero de sobrevivência, Generation Zero falha em manter o interesse do jogador

5 anos atrás

Generation Zero é o típico caso de boas ideias mal implementadas. O título da Avalanche Studios, o estúdio responsável pela franquia Just Cause traz algumas inovações para o gênero sobrevivência, mas falha naquilo em que deveria ser o foco de qualquer game que se preze: ser divertido.

Generation Zero

O resultado é um game bonito de ser ver, mas não tão interessante de se desbravar, graças a uma série de erros primários. Vem comigo e eu explico o que Generation Zero tem a oferecer.

Sweden Girls and Boys with Machine Guns

A trama de Generation Zero se passa no fim dos anos 1980 na Suécia, em que um grupo de amigos está fazendo uma excursão a uma ilha. Ao chegar, descobrem que os humanos sumiram, há sinais de luta para todo lado, e a área foi tomada por robôs, dos mais diversos tipos e tamanhos. E claro, todos com o protocolo "morte aos humanos" instalado.

O seu objetivo, além de sobreviver é descobrir o que de fato aconteceu, e organizar com outras pessoas e jogadores uma resistência contra as máquinas.

Generation Zero

O tema "robôs contra humanos" não é exatamente novo nos games (Horizon: Zero Dawn é o exemplo mais recente), mas por outro lado, ele foi pouco explorado em jogos de sobrevivência. A maioria dos títulos traz como inimigos zumbis, alienígenas ou a própria Mãe Natureza, e isso posto, Generation Zero poderia soprar uma lufada de ar fresco no gênero, principalmente no que diz respeito a crafting e loot.

No início, os belos gráficos (cortesia da engine APEX) impressionam, e os efeitos sonoros dão o clima de suspense, visto que você chega na ilha durante a noite. Você ouve sons estranhos vindo da floresta, e é estimulado a explorar a primeira casa próxima, onde você vai encontrar itens, uma arma e algumas dicas sobre o mistério.

Aos poucos, o dia vai amanhecendo, e nessa parte o jogo enche os olhos. Os detalhes da relva, e as mudanças climáticas são efeitos bem legais.

Bonito, porém maçante

Generation Zero

Contudo, Generation Zero tem um problema grave: ele é uma experiência maçante. O cenário a ser explorado é gigantesco, com grandes distâncias entre um ponto e outro, e você vai ter que cobrir tudo a pé. Isso não seria problema, se houvessem combates num número equivalente, mas a verdade é que a ilha é quase um deserto: as máquinas são escassas, entrar em um combate o fará pular de alegria, pois é hora de vencer o tédio.

O que nos leva ao segundo problema: a Inteligência Artificial dos inimigos é bem fraquinha. Os robôs possuem uma gama de ataques básicos, e embora possuam sensores bem apurados (fazer barulho, mesmo que pouco irá atrai-los; vestir roupas chamativas demais também), é fácil fugir de um combate quando se está em desvantagem.

Os robôs também são resistentes até certo ponto: a maioria possui um ponto fraco bem visível e acessível, e bastam alguns poucos tiros nesse local para vencê-los. Ademais, o loot é bem desequilibrado: você vai encontrar mais munição do que adversários, e muitas vezes achará acessórios repetidos de armas que nem possui ainda. Em dois saques, eu já tinha mais de 100 balas de revólver, e poucos robôs para descarrega-las.

Generation Zero

O jogo o incentiva a explorar o mapa a exaustão, atrás de armas e itens mais poderosos, mas fazer isso com o tempo se torna muito chato. As missões alternativas se resumem a "vá para o ponto A e colete itens", e com o tempo, até os cenários se tornam repetitivos, com reutilização de texturas aqui e acolá. Sobre essa parte, vale notar que embora razoavelmente leve, as texturas são mais pesadas do que deveriam, quanto a construções e residências.

A customização do personagem também é fator importante: você pode alterar a aparência no início, escolhendo entre homem ou mulher, e algumas opções de visual (o metaleiro, o nerd, o colegial popular... todos bem anos 80 mesmo), mas a medida em que avança, você vai encontrar itens de vestuário que ajudam a diminuir sua visibilidade, ou que aumentam sua resistência.

Você não precisa também se jogar num combate, o jogo o incentiva a ser mais esperto e aproveitar da furtividade. Há itens como rádios e sinalizadores, que confundem os robôs ao não saberem mais distinguir onde você está, e botijões e tanques de combustível, que podem ser explodidos e aumentar as chances de vitória contra um inimigo grande.

De qualquer forma, Generation Zero foi desenvolvido como um jogo para ser curtido no multiplayer. Você até pode jogar sozinho, mas vai se cansar bem mais rápido, ao passo que em uma equipe com até quatro jogadores, fica mais fácil cobrir terreno e enfrentar os chefes.

Conclusão

Generation Zero

Embora a Avalanche Studios não seja nenhuma novata no mercado, não dá para acertar 100% das vezes, e em Generation Zero, a desenvolvedora peca talvez pela pressa. Tudo no jogo leva a crer que o desenvolvimento foi corrido, ou ficou a cargo de uma equipe pequena, e o título acabou sendo lançado antes de receber maiores refinamentos, sejam técnicos, ou de jogabilidade.

A Suécia do jogo é bonita de se ver, mas em contrapartida, é um porre de se explorar, e você vai dar graças aos céus ao encontrar inimigos, mesmo com eles não sendo muito espertos.

Em última análise, Generation Zero é um jogo Alpha: um mundo bonito mas vasto demais, com poucos inimigos e um sistema de loot desbalanceado, que acaba se tornando monótono muito rápido. Encara-lo com amigos torna a experiência mais tolerável, mas não a ponto de valer o investimento.

Caso a Avalanche Studios faça o que a Hello Games fez com No Man's Sky, e lance atualizações posteriores para reequilibrar o game, pode ser que ele venha a se tornar mais interessante, e quem sabe, divertido. Mas até lá, Generation Zero não é a nossa g-g-g-geração.

Generation Zero — Ficha Técnica

  • Plataformas —PS4, Xbox One e Windows via Steam (análise baseada na versão para PS4 Pro);
  • Desenvolvedora — Avalanche Studios;
  • Distribuidora — Avalanche Studios;
  • Preço — R$ 149,99 para PS4, R$ 149 para Xbox One e R$ 98,99 para Windows;
  • Classificação Indicativa — 12 anos.

Pontos Fortes

  • Belos gráficos;
  • Jogo oferece mais de uma maneira de se livrar dos inimigos.

Pontos Fracos

  • Ambiente enorme e vazio demais;
  • Loot extremamente desequilibrado;
  • Cenários repetitivos e texturas pesadas;
  • IA bem fraca.

relacionados


Comentários