Meio Bit » Entretenimento » Resenha: Love, Death and Robots, e a ordem dos meus episódios favoritos

Resenha: Love, Death and Robots, e a ordem dos meus episódios favoritos

Nessa resenha de Love, Death and Robots, série que Tim Miller e David Fincher produziram para a Netflix, falo sobre os meus episódios favoritos e de onde eles foram adaptados

5 anos atrás

Uma das melhores coisas que vi na Netflix nos últimos tempos foi Love, Death and Robots, a série de Tim Miller e David Fincher que é como um reboot de Heavy Metal com doses de Animatrix, como descrevi no meu outro post sobre a série, que tem 16 episódios adaptados e 2 originais.

Cena de Zima Blue, episódio de Love, Death and Robots

Em primeiro lugar, vale destacar que a série não é recomendada ou indicada para menores de 18 anos, seguindo o mesmo estilo de Heavy Metal, que aliás, é não só a inspiração, mas também o motivo pelo qual temos uma série destas hoje, já que Tim Miller e David Fincher queriam criar um novo filme da franquia, mas o projeto que acabou não indo pra frente e se tornou Love, Death and Robots (no já citado post eu explico melhor o que aconteceu).

Só por unir o diretor de Deadpool com o cineasta responsável por O Clube da Luta, Seven e tantos outros clássicos do cinema, Love, Death + Robots já mereceria sua atenção, mas a série adapta alguns contos realmente fantásticos da literatura de ficção científica e horror. Pra quem não quiser ler meu review, esse post do The Verge mostra de onde veio cada conto adaptado na série, sem contar os dois originais.

A primeira temporada foi muito promissora e deixou um grande gostinho de quero mais, já que os episódios são todos curtinhos, e você consegue assistir tudo rapidamente. Nesse post quero falar um pouco sobre cada episódio e suas origens, ou seja, de onde eles foram adaptados. Não vou falar dos capítulos na ordem, já que a Netflix tem mostrado a ordem diferente dependendo do usuário como parte de um teste, e sim tentar destacar primeiro aqueles que foram os meus favoritos entre os 18 capítulos da primeira temporada de Love, Death and Robots.

Cena de Zima Blue, o melhor episódio de Love, Death and Robots

Zima Blue e Além da Fenda de Áquila de Alastair Reynolds

Vamos começar pelos meus favoritos, Zima Blue e Além da Fenda de Áquila (Beyond the Aquila Rift), ambos inspirados em contos de Alastair Reynolds, autor britânico de ficção científica, que em seu blog, se mostrou feliz da vida com as duas adaptações. Não é pra menos, ambas ficaram excelentes.

O melhor de todos os episódios dessa primeira temporada de Love, Death + Robots é Zima Blue, que mostra a história do grande artista Zima, famoso em toda a galáxia por seus painéis que começaram com imensas reproduções de paisagens espaciais, e acabaram se tornando grandes painéis azuis. O conto explica quem é Zima e quais são suas misteriosas origens, e é o tipo de história de ficção de científica que faz a gente pensar bastante. Assim que terminei de assistir Zima Blue, procurei ler o conto original, que achei ainda mais fantástico, embora a adaptação de LD+R seja praticamente perfeita.

Cena de Love, Death and Robots

Acho admirável ver como um autor tem o controle de sua escrita ao ponto de criar toda uma mitologia em um simples conto, mas é o que acontece em Zima Blue, e também em Além da Fenda de Áquila, e todos os méritos são do autor Alastair Reynolds. Nesta outra história, o clima é bem diferente, muito mais sombrio. Uma viagem na qual os passageiros permaneciam congelados dá muito errado, e o personagem principal precisa rever seus próprios conceitos de realidade. Ao seu lado, uma personagem enigmática, que é muito mais do que parece ser.

Cena de Três Robôs, episódio de Love, Death and Robots

Três Robôs, Quando o Iogurte Assumiu o Controle e Histórias Alternativas de John Scalzi

Da mente criativa de John Scalzi saíram três histórias incríveis de LD+R, Três Robôs, Quando o Iogurte Assumiu o Controle e Histórias Alternativas, cada uma o mais diferente possível da outra. Neste post em seu blog, Scalzi conta como se envolveu com o projeto, e sua surpresa quando descobriu que sua despretensiosa história sobre um iogurte era uma das escolhidas. Ao conhecer pessoalmente Tim Miller, os dois se deram muito bem e ficaram rapidamente amigos, e algum tempo depois, Scalzi mandou pra Miller o seu conto Three Robots Experience Objects Left Behind from the Era of Humans for the First Time, que também acabou (felizmente) sendo incluído no pacote.

A primeira história é uma sucessão de piadas com o triste destino da humanidade, e mostra três diferentes robôs que estão fazendo turismo em uma terra abandonada em um futuro longínquo. Quando eu digo abandonada, não estou falando dos gatos, é claro. A segunda é justamente o que o título indica, uma história tão bizarra quanto divertida na qual um iogurte se torna consciente e é eleito o líder do mundo, e que pode ser lida aqui (em inglês).

Cena de Love, Death and Robots

A terceira é como um vídeo de segurança de uma empresa de viagens no tempo, mostrando o que pode dar errado em uma tentativa de assassinato de Hitler, mesmo que não seja a intenção do viajante temporal.

Cena de Love, Death and Robots

Boa Caçada de Ken Liu

Boa Caçada (Good Hunting) é um episódio que gostei bastante, e também um dos maiores, com 17 minutos de duração. A trama é adaptada de um conto do livro The Paper Menagerie and Other Stories escrito por Ken Liu, e começa como uma história fantástica na qual um pai e seu filho estão caçando uma metamorfa, mas acaba com um sensacional plot twist steampunk. Quem quiser pode ler ela online no site Strange Horizons (parte I e parte II, em inglês).

Cena de Love, Death and Robots

13, Número da Sorte e Metamorfos de Marko Kloos

Gostei bastante também dos dois episódios de Marko Kloos, 13, Número da Sorte (Lucky Thirteen) e Metamorfos (Shape-Shifters), ambos com uma pegada militar pós-apocalíptica que eu pessoalmente gostei muito. O autor também ficou bem feliz com as duas adaptações.

O primeiro conto mostra a personagem de Samira Wiley (Orange is the New Black) como a capitã de uma nave que tem a péssima fama de matar toda a sua tripulação e voltar intacta para a base, não que isso seja um problema para ela.

A segunda história mostra um mundo no qual os lobisomens andam entre nós, e no caso, fazem parte de ações militares em conjunto com os marines, não que eles gostem muito dessa história.

Cena de Love, Death and Robots

A Era do Gelo de Michael Swanwick

O único dos 18 episódios que é live-action e não animação, A Era do Gelo é inspirado no conto de mesmo nome de Michael Swanwick, no qual um casal descobre que existe uma civilização vivendo no congelador abandonado da casa para a qual eles acabaram de mudar, que vive em um tempo muito mais acelerado do que o nosso.

Esse é o único episódio dirigido pessoalmente por Tim Miller, que é o dono da bola em LD+R, e pelo menos pra mim, tudo deu muito certo, muito por causa das atuações do casal vivido pelos ótimos Mary Elizabeth Winstead e Topher Grace, que se deparam com uma cena tão inusitada dentro do congelador.

Cena de Love, Death and Robots

Guerra Secreta de David Amendola, Sugadores de Almas de Kirsten Cross e Proteção Contra Alienígenas de Steve Lewis

Tim Miller é fã dos livros SNAFU, que são coletâneas de ficção científica e fantasia da editora Cohesion Press, e foram deles que ele tirou três contos para sua nova série.

O mais legal dos três é Guerra Secreta (Secret War), que mostra uma invasão de criaturas demoníacas nas florestas da Sibéria que precisa ser repelida pelo exército vermelho, e foi inspirado em um conto de David Amendola, que faz parte do livro SNAFU: Hunters. Trata-se do último episódio da série, e ele realmente fecha a primeira temporada de Love, Death and Robots de forma explosiva.

Sugadores de Almas (Sucker of Souls), inspirado no conto de Kirsten Cross, é parte de SNAFU: Survival of the Fittest, e é uma mistura história de vampiros com arqueologia em um clima steampunk. Detalhe, o todo poderoso Drácula tem medo de gatos.

Cena de Love, Death and Robots

A adaptação do conto Proteção Contra Alienígenas (Suits) de Steve Lewis começa como uma simples aventura rural, e logo se torna uma guerra impiedosa entre humanos equipados por exoesqueletos e alienígenas mortíferos. Esse conto é parte do livro SNAFU: Future Warfare.

A Vantagem de Sonnie de Peter F. Hamilton

O primeiro episódio, pelo menos pra maioria dos espectadores, é A Vantagem de Sonnie (Sonnie's Edge), o único da temporada inspirado no trabalho do escritor Peter F. Hamilton, mas que realmente funciona na tela como cartão de visitas para mostrar toda a violência e sexualidade dessa série, que pode ser uma animação, mas definitivamente não é para crianças.

O episódio é adaptado de um conto do livro A Second Chance at Eden, e se passa em um universo imaginado pelo autor no qual acontecem batalhas de robôs gigantes dominados mentalmente por humanos. Pra ler o conto, é só clicar aqui (em inglês).

Cena de Love, Death and Robots

O Lixão e Noite de Pescaria de Joe R. Lansdale

O Lixão e Noite de Pescaria são inspiradas em contos de Joe R. Lansdale. O primeiro é bem divertido e o segundo tem um visual incrível, além de uma premissa bem curiosa. Os dois contam com ótimos finais bem dark, como se espera de uma série assim.

Ajudinha de Claudine Griggs

A única história baseada em um material escrito por uma mulher é Ajudinha (inspirado no conto A Helping Hand de Claudine Griggs), que mostra como uma astronauta em apuros precisa se virar pra voltar pra nave após um EVA que dá absolutamente errado.

Ponto Cego e A Testemunha, os episódios originais

Existem também dois episódios originais, que não foram inspirados em nenhum material publicado, mas nenhum dos dois é particularmente memorável. O melhor dos dois é Ponto Cego, que é basicamente uma sequência de perseguições e ação ininterruptas, mas pelo menos tem um bom plot twist no final. Você acaba se envolvendo com os personagens, então acredito que a história funcione bem.

Não foi esse o caso de A Testemunha, que acaba sendo mais uma prova de conceito de que eles realmente poderiam incluir conteúdo não apropriado para menores em uma série de animação (no caso, muita nudez e violência) do que como um conto interessante. Tá, ele também tem seu plot twist, mas não achei criativo o suficiente pra tornar o episódio no nível dos demais. Ele acaba valendo pelo inusitado e também pelo seu estilo gráfico, que realmente é excelente.

Pra resumir: se não assistiu, assista!

Cena de Zima Blue, o melhor episódio de Love, Death and Robots

No meu outro post sobre a série, vi uma galera reclamando de vários episódios, que não seriam no nível dos demais. Acredito que alguns dos que eu citei estão realmente em outro nível, como Zima Blue, mas não vi nenhum episódio que me desse a sensação de tempo perdido, tão comum em quem ama e/ou trabalha com entretenimento e assiste um monte de coisas diferentes todos os dias. É claro que não é todo mundo pensa assim, já vi várias pessoas defendendo que alguns dos episódios mereciam séries independentes por si só, o que eu concordo em alguns casos.

E a segunda temporada? Bem, por enquanto Tim Miller deve estar bem ocupado fazendo a pós-produção de Terminator: Dark Fate, próximo capítulo da saga O Exterminador do Futuro que será dirigido por ele, então acredito que só vamos ter novos episódios em 2020 ou 2021, isso se a série for renovada pela Netflix. Fica aqui a nossa torcida para que a série tenha uma boa audiência e seja renovada para muitas temporadas. Os fãs de ficção científica, horror e Heavy Metal (dentre os quais me incluo) agradecem de coração.

Se você ainda não assistiu, recomendo muito que confira os 18 episódios. Não precisa correr e ver tudo de uma só vez, mas veja tudo, mesmo os mais episódios fracos têm seus atrativos. Clique aqui para assistir Love, Death + Robots na Netflix.

relacionados


Comentários