André Fogaça 5 anos atrás
Eu passei os últimos 30 dias utilizando um Galaxy S10+ de 128 GB, com o objetivo de fazer um review. Problema é que reviews são tão repetitivos e chatos, então resolvi relatar meu mês com o aparelho - tem um micro review aqui dentro, vai. Então vamos lá pra uma ideia que pode virar padrão neste tipo de conteúdo, que é tipo um review sem ser um review. Qualé a desse Galaxy S10+? Vale a pena? Vem comigo que te explico.
O Galaxy S10+ é o smartphone mais caro que você pode comprar quando não quer um iPhone, ponto final. Partindo deste pensamento, eu acredito que quem compra vai querer passar ao menos dois anos com o celular, pra cobrir as 12 parcelas no cartão (seria meu caso). Hoje, no dia da publicação deste artigo, ele custa R$ 4,9 mil no varejo - evite ao máximo comprar na operadora, que dá descontos de uns 15% ou 20% e destroem por completo a experiência de uso, mas eu explico isso em outro post.
Com a caixa em mãos você tem o aparelho, fones de ouvido bonitinhos e que jamais serão colocados da mesma forma na caixa, cabo USB, carregador competente e que é dos rápidos, junto com dois adaptadores que podem fazer aquele mundo de coisas microUSB funcionarem. Um deles transforma porta USB-C do S10+ em uma microUSB, a outra faz o USB-C virar uma entrada USB tradicional e isso é útil até pros PCs com este tipo de conexão.
O smartphone é grande. É muito maior do que a minha mão de gordo com menos de um metro e sessenta e oito de altura. O modelo que testei é europeu e aparentemente não acompanha uma capinha, mas o brasileiro vem com uma capa protetora da mais simples. Uma de silicone transparente, mas que serve até quando você juntar mais uns R$ 15 e comprar uma colorida do Capitão América ou da Dora Aventureira.
A tela tem um filtro que faz a parte interna, onde tem a imagem, mesclar com a externa quando ela está desligada. É ligar e PAH! Que tela enorme.
O mundo amou o notch do iPhone X. Sim, eu sei que o notch do Essential Phone veio primeiro, mas a imensa maioria dos Androids (Asus, Huawei, Motorola, LG, OnePlus, Xiaomi...) copiou descaradamente o da Apple e não o visual de verruga do Essential. Ao menos a Samsung não amou tanto assim, criando uma tela que tem um furo no lado direito e que consegue ser esquecido com mais facilidade.
Curti. Não há sensores extras como no iPhone, então a empresa não precisa imitar o formato e tamanho. Só tem a câmera e ela está lá, ocupando o lugar dela e nada além disso. O que chamou atenção é que o falante frontal está espremido e nem aparece quando você olha direito. Mesmo com um componente quase que esmagado pela tela e pelo fim do S10+, ele funciona bem e trabalha em conjunto com o de baixo pra fazer som estéreo. Funciona, mas utilize fones de ouvido no ônibus, tá?
A borda inferior da tela é fina, a de cima é ainda mais fina, só que praticamente nenhum vídeo vai chegar até lá. Apps e jogos vão, mas felizmente sem ocupar algo que é interativo, já que a interface da Samsung força toda a linha onde está o notch para “área de notificações” e nenhum botão vai pra lá.
Falar que a qualidade da tela da deste smartphone é ótima é chover no molhado. Você está pagando o maior preço possível em um Android e, com isso, espera o melhor do mercado e é o que existe aqui. O AMOLED agora tem nome de Dynamic AMOLED, que emite menos luz que atrapalha seu sono e continua com leitura sem qualquer problema, mesmo com o sol da Terra plana no centro do domo.
A parte de não atrapalhar o sono é relativa. Não senti diferença alguma, meu sono não foi melhor, maior ou de qualidade superior simplesmente pela tela do celular. Foi igual. Talvez com o smartphone por um ano na mão a coisa mude e isso é algo que seria interessante de averiguar...mas a vida de verdade é cruel e o S10+ já foi devolvido pra Samsung.
Fechando os comentários sobre a tela, a Samsung colocou o leitor de impressões digitais dentro dela. Fica numa área onde já ficava até o Galaxy S7 e não é tão veloz quanto o que existia até o S9. Por outro lado ele é mais seguro e captura mais informações da sua biometria, indo além do que apenas registrar o desenho da digital. Como o sensor utiliza ondas de som, ele detecta a geometria e até os poros do dedo.
A velocidade que perde é coisa de um terço de segundo a mais do que antes, mas o que realmente me incomodou é o fato de não existir uma área com resposta tátil pra saber se o dedo está corretamente posicionado. Com o tempo eu fui errando menos, mas em muitos momentos eu tentei desbloquear a tela com o Galaxy S10+ de cabeça pra baixo.
Voltando pro corpo do celular: se você não vai utilizar alguma capa de proteção, tome nota no calombo das câmeras traseiras. Ele raspa em qualquer superfície lisa e na madeira que tem na minha mesa a coisa foi tensa. Era cada som de alumínio arranhando que me dava calafrios até na pálpebra esquerda. Esse treco vai arranhar, seja a mesa ou a lente, então é inteligente utilizar uma capa que vai acabar com todo o design bonitão e também vai proteger o conjunto.
Falei que ele é enorme, né? Pra evitar problemas pra alcançar áreas da interface, a Samsung colocou a One UI (nome que ela dá pra alteração do Android que utiliza) de forma que faz a interface ficar mais pra baixo, ao menos nas configurações e alguns aplicativos da própria empresa.
A imensa maioria dos apps que você vai utilizar em algum momento não pensa assim e exemplos são comuns, como os ícones de navegação do Facebook que estão lá pra cima, os stories do Instagram que também estão lá, ou a barra de busca do Google Maps. Minha mão sempre reclama e se forço a utilização com só uma, certamente é só um vento mais forte aparecer e o Galaxy S10+ vai pro chão.
Olhando em desempenho e hardware, não dá pra reclamar de nada. Mesmo sem o Snapdragon 855 que foi pros Estados Unidos, o Brasil ficou com um Exynos muito competente e que faz dezenas de apps abertos ao mesmo tempo não atrapalharem o conjunto da obra. Nada trava, nada dá medo pra memória RAM de 8 GB e pode ter certeza que esse desempenho deve durar ao menos um ano inteiro. O Android tem o costume de perder isso durante o tempo, então não dá pra saber se acontecerá aqui sem utilizar o celular por, no mínimo, dois anos.
O Android 9 Pie que está aqui mostra algumas funções interessantes, como botões de atalho da área de notificações mais claros e novo multitarefa, que te dá menos visão sobre o total de apps abertos, mas dá mais detalhes sobre cada um deles - o visual é quase que o mesmo do iOS. Funciona e dá até pra tirar os botões e trabalhar com gestos, coisa que curti por ganhar alguns pixels extras de área útil na tela.
É, ela está. A Samsung promete que colocará a assistente entendendo português brasileiro desde o lançamento do Galaxy S8 e nada até agora. Nem uma gota de esperança está mais por aqui e ela só importa pra quem tem muita coisa nova e cara da Samsung em casa, já que ela faz parte deste ecossistema. É complicado ver todas as concorrentes da Bixby entrando ou já dentro do Brasil de forma correta, enquanto ela ainda pouco ajuda.
O Google Assistente fala português, a Cortana também, a Siri faz isso há anos e até a Alexa começou a ser testada pela Amazon no Brasil. Já a Bixby...
Ao menos dá pra trocar a função do botão físico que chama a Bixby. A Samsung foi esperta (infelizmente) e impede que o Google Assistente seja aberto com ele, mas libera qualquer outro app. Eu configurei para abrir a Play Store, o que me fez tirar um botão da tela inicial - sim, sou desses que deixa a tela inicial limpa.
O Galaxy S10+ tem três câmeras na parte traseira (sim, TRÊS!). A escolha anterior era de duas e uma delas com abertura variável, indo para f/1.5 ou f/2.4. Este cenário ainda existe no S10+ e a resolução continua em 12 megapixels, com o mesmo tamanho de sensor e configuração de lentes, mudando somente na terceira lente e que trabalha com ângulo aberto parecido com uma GoPro.
Eu realmente amei esta última lente e trocaria a segunda por ela facilmente - eu nunca usei a de aproximação, que é a secundária. Ela cria uma forma diferente de composição de cena, que facilmente pode incluir seu dedo na imagem final. Comigo aconteceu em um número muito grande de vezes.
Num resumo maneiro: O S10+ faz fotos incríveis de dia, melhores com ângulo gigantesco, além de ótimas fotos de noite e com quase nenhum granulado, o que você precisa agradecer ao f/1.5 por deixar entrar TANTA LUZ. Tem um modo de Instagram que ajusta conteúdo pra rede social, mas não resolve problemas crônicos do Instagram no Android, como compressão que acaba com a qualidade dos vídeos ou fluidez inferior ao que o iOS tem. Valeu pela tentativa.
Ou seja, o Android mais caro do mercado certamente tem a melhor câmera de um smartphone com este sistema operacional e que é vendido de forma oficial no Brasil - calma, a Huawei ainda não chegou oficialmente por aqui com os P30.
Faz. Se o céu de custos não é um limite pra você, o Galaxy S10+ tem o melhor que o Android pode te entregar no primeiro semestre de 2019. Ele é o mais veloz que existe no Brasil, o que tira as melhores fotos, que tem mais armazenamento (pode ter até 1 TB de espaço!) e só peca em ainda não ter a Bixby conversando em português e por não utilizar o eSIM, que é o chip eletrônico e que já está nos iPhones XS, XS Max, XR e nos Pixel 2 e 3. É uma perfumaria e que não altera em nada a vida do usuário, mas….hey, estamos falando do Android mais caro e completo do Brasil! O que custa querer tudo?
Se a grana tá apertada e a pressa não existe, eu te aconselho a esperar uns meses e o preço cai. O modelo que testei (128 GB + 8 GB de RAM) foi lançado por R$ 5,6 mil no começo de abril e pouco mais de 15 dias depois, já aparece por R$ 4.949 em pagamento à vista. Espera chegar na Black Friday e esse preço estará ainda menor, certeza!
Se você tá na neura por um Galaxy recente e não dá pra esperar, aconselho fortemente o S9+. Ele tem basicamente tudo que o S10+ tem, só que perde a lente de ângulo enorme e a tela com leitor de impressões digitais. Hoje ele já é facilmente encontrado por R$ 2,8 mil para pagamento à vista. Uma ótima compra.
Sentiu falta de especificações e mais detalhes? Então toma.