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FAR: Lone Sails - Review

Com uma mecânica simples e uma atmosfera tanto desoladora tanto instante, FAR: Lone Sails é um jogo fantástico que deveria ser experimentado por todos.

5 anos atrás

Com tantos bons jogos sendo lançados a todo momento, é fácil deixarmos alguma criação fantástica fugir do nosso radar e recentemente eu descobri que isso aconteceu comigo com um ótimo indie. Lançado em maio de 2018 para PC, só recentemente FAR: Lone Sails chegou aos consoles e foi assim que conheci uma aventura que me fisgou já nos primeiros minutos.

No título desenvolvido pela Okomotive seremos uma pessoa que sobreviveu ao apocalipse, num mundo onde os mares secaram e o clima se tornou extremamente violento. Após perder o que parece ser um ente querido, o (a) protagonista (a) decidi colocar um antigo plano em prática e sair a procura de outras pessoas. O que torna FAR: Lone Sails um jogo muito interessante é a maneira como exploraremos este moribundo planeta, já que contaremos com o auxílio de um veículo que pode ser descrito como uma mistura de carro, caso, navio e locomotiva, algo como uma Moby Dick mecânica.

A bordo da embarcação teremos que cuidar de vários aspectos, como mantê-la abastecida, cuidar para a caldeira não superaquecer ou consertar partes defeituosas. Felizmente tudo pode ser feito através de botões acessíveis facilmente, mas em determinados momentos baterá um desespero por termos que decidir quais ações devem ser priorizadas.

Falar sobre FAR: Lone Sails sem dar maiores spoilers é uma tarefa um tanto complicada, já que em momento algum o jogo nos oferece dicas claras do que fazer e grande parte do seu brilhantismo está justamente em termos que descobrir como proceder. Sem textos em momento algum da aventura, mesmo o enredo do game é um exercício de descoberta e interpretação, com os jogadores podendo ter opiniões variadas sobre o que está acontecendo naquele lugar.

Você precisa cuidar bem do seu barco, senão como vai navegar por aí?

Como a embarcação sendo o ponto principal de FAR: Lone Sails, grande parte do jogo se passará dentro dela ou enquanto tentamos encontrar uma maneira de desobstruir o seu caminho. Na verdade, a relação entre o personagem e o veículo é tão grande que depois de um tempo o jogador passa a vê-lo quase como uma entidade viva, algo do qual depende a nossa sobrevivência e que devemos cuidar da melhor maneira possível.

Essa sensação se torna ainda mais forte ao passarmos por uma das muitas adversidade meteorológica que encontraremos pelo caminho, quando o risco de perdermos o abrigo/barco se acentua e todo o esforço para melhorar o nosso meio de locomoção poderá representar o fim da viagem.

Mas enquanto estivermos nele, ter que administrar recursos nunca chega a ser uma martírio e com o tempo nos habituamos a verificar se o vento está soprando para assim içarmos vela e pouparmos algum combustível. Como eu disse, mesmos em notarmos o "barco" acaba se tornando extensão de nós mesmos, numa ótima demonstração de jogabilidade muito bem implementada.

Navegar é preciso, viver não é preciso.

Fortemente inspirado por jogos de aventura com visão lateral, como Limbo ou Inside, o grande problema de FAR: Lone Sails é que o nível de desafio proposto pelo jogo é praticamente inexistente. Durante a minha jogatina só vi o meu personagem morrer em duas ocasiões, ambas por a embarcação ter sido destruída e isso poderá ser bem frustrante para quem gosta de um estilo mais “tentativa e erro”.

Essa sensação de estarmos num passeio pelo parque se torna ainda maior ao constatarmos que mesmo os quebra-cabeças são muito simples, raramente nos fazendo pensar por mais do que alguns segundos em como os solucionar.

O que ajuda a diminuir essa frustração por o jogo ser quase o que alguns gostam de classificar jocosamente como um walk simulator é justamente a atmosfera que o título nos entrega. Conhecer as desoladas paisagens daquele mundo que parece ter sido pintado a mão é um misto de tristeza com esperança, com o jogo sempre nos incentivando a avançar um pouco mais e a bela trilha sonora embalando o nosso espírito de exploradores.

Procura!
Procura sempre o fim de uma história,
seja ela qual for.

Com uma mecânica simples, mas funcional, FAR: Lone Sails é o típico caso de um jogo que dificilmente seria desenvolvido por um grande estúdio. Repleto de simbolismo e extremamente instigante, seu enredo fascina justamente por nos deixar pensado em tudo o que aconteceu antes, durante e até depois da aventura.

Podendo não ser recomendado para que gosta de títulos mais frenéticos ou com um alto nível de dificuldade, por outro lado a criação Okomotive é uma experiência difícil de ser ver hoje em dia, quando quase todos os estúdios estão mais preocupados em pirotecnias e enredos pasteurizados.

Funcionando como uma das mais bonitas road trips já vistas nos jogos eletrônicos, eu sei que muitos não darão a devida atenção ao FAR: Lone Sails, talvez até por preconceito contra esse tipo de game. No entanto, posso dizer que este é daqueles jogos que me fazem sentir orgulho por gostar de videogames, algo que deveria ser consumido por todos e o lado positivo dele não oferecer muito desafio é saber que assim, mesmo aqueles que não estão familiarizados com a mídia poderão aproveitar essa obra fantástica.

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