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A Longa Noite, Game of Thrones, 8a temporada, Episódio 3 – Resenha (com todos os spoilers)

A grande batalha das oito temporadas de Game of Thrones aconteceu no episódio de ontem, confira quem sobreviveu na nossa resenha (com vários spoilers).

5 anos atrás

A minha expectativa era altíssima para The Long Night, o terceiro episódio da oitava temporada de Game of Thrones, especialmente pelo confronto direto entre os white walkers liderados pelo Rei da Noite e os heróis, cercados em Winterfell. O episódio entregou efeitos incríveis, pelo menos os que a gente conseguiu enxergar no meio daquela escuridão, mas deixou a desejar no roteiro, pelo menos na minha humilde opinião.

A batalha mais escura de todas em imagem de divulgação do episódio 3 da 8a temporada de Game of Thrones, The Long Night

Como fiz no primeiro e no segundo episódios, essa é uma resenha completa do episódio, e assim como os outros, esse post está repleto de spoilers de The Long Night, assim se você não tiver assistido ainda, recomendo parar de ler agora, ou você irá receber todos os spoilers possíveis de uma vez só.

Tirando a já citada questão de várias cenas escuras demais para serem vistas e/ou entendidas, os efeitos especiais do episódio foram todos impecáveis, e o meu problema maior com esse episódio acabou sendo mesmo a qualidade do texto, que ficou bem aquém do potencial de um embate final entre humanos e os mortos-vivos gelados.

O episódio é todo escuro, e por mais que a decisão de fazer as cenas de batalha durante a noite tenha sido acertada, afinal estamos falando de caminhantes mortos-vivos, em certos momentos fica literalmente impossível enxergar o que está acontecendo na tela, o que é uma pena.

Melisandre aparece sabe-se lá de onde bem no começo do cerco, mas sua presença rende uma das cenas mais bonitas do episódio, na qual ela incendeia as espadas do Dothraki, mas infelizmente esse ato tão simbólico perde toda a sua força quando eles decidem atacar o inimigo em um campo aberto, só para serem totalmente dizimados pelos white walkers.

Jon e Dany em imagem de divulgação do episódio 3 da 8a temporada de Game of Thrones, The Long Night

É curioso, né? Daenerys fez de tudo ao longo de várias temporadas para conquistar a devoção dos Dothrakis e trazer o exército deles para esta batalha, ela chegou a convencê-los a encararem navios e atravessar um oceano para defendê-la, só para perdê-los todos de uma vez em uma estratégia bem idiota. Uma das explicações pra isso é que eles literalmente estavam sem liderança, já que Jon e Dany saem voando em seus dragões no começo do episódio, para procurar o Rei da Noite e o seu dragão morto-vivo.

A estratégia de defesa de Winterfell, que foi bolada por Jon Snow no segundo episódio, é simplesmente uma das piores que já vi em uma batalha de ficção, com direito a colocar os dois principais exércitos do lado de fora do castelo, sem ao menos estarem protegidos pelas trincheiras (que poderiam ser acesas a qualquer momento, mas só fazem isso na parte final do episódio).

Jon tinha Tyrion, Ser Davos (e até Varys) ao seu dispor, mas resolveu bolar a estratégia sozinho, e deu no que deu. Sim, as batalhas desse episódio foram épicas, mas parecem ser um jogo de D&D no qual os jogadores são todos estúpidos e suicidas. Pelo menos os humanos tinham os dragões para dar uma ajudada nessa batalha tão desleal, mas o Rei da Noite resolveu isso rapidinho, com uma nevasca que apagava o fogo dos dragões em suas tropas de caminhantes.

Foram 11 anos de preparação dos white walkers até chegarmos neste momento da série. As soluções encontradas me parecem ser simples demais, e os espectadores mereciam mais cuidado dos responsáveis pela história. De qualquer forma, teve muita gente que gostou até mesmo das saídas mais bobas, então talvez eu seja o único chato mesmo.

Quando as cenas de batalha estão ficando empolgantes, por mais que pareçam terem sido escritas nas coxas, o episódio toma outro rumo, mostrando o castelo dominado pelos white walkers, e Arya Stark, que uns cinco minutos antes estava matando vários deles com toda a desenvoltura usando sua lança de duas pontas, de repente é colocada na posição de donzela em perigo, e precisa ser salva por Cão e por Lord Beric, que acaba se sacrificando por ela.

Os roteiristas optaram por esse caminho surreal para criar um arco da personagem dentro do episódio, já que ela irá tomar o protagonismo no final, o problema é que esse arco já foi vivido pela Arya ao longo das últimas temporadas, e simplesmente não era necessário. Ela não é mais uma mocinha em perigo, que precisa de ajuda desde pelo menos a terceira temporada. Ela é Arya Stark, e ela jamais ficaria com aquela cara assustada por conta de zumbis, é preciso lembrar que a personagem tem uma relação íntima com a morte.

Quando o diretor garantiu que iria superar a batalha do Abismo de Helm em O Senhor dos Anéis, As Duas Torres, ele aumentou a expectativa de todos em um nível absurdo, mas infelizmente, o que foi entregue não chegou nem perto da grandiosidade e da excelência técnica daquela cena memorável de Peter Jackson.

O ritmo da batalha também é cortado várias vezes ao longo do episódio, assim não temos em momento nenhum a sensação de que essa seria a maior batalha de todos os tempos em qualquer mídia. Voltando a Helm's Deep, não tem como comparar uma coisa com a outra, sinceramente.

A preparação dos dois últimos episódios foi muito bem feita, e é uma decepção que tudo tenha sido tão mal resolvido nessa batalha. Não chega a estragar a série ou sequer a temporada, mas pra mim, acabar com os white walkers no meio dos 6 episódios foi uma decisão questionável, e mais que isso, um verdadeiro anticlímax, pois nada que a Cersei apronte será tão devastador quanto eles, nem que ela incendeie Porto Real inteirinha com fogovivo.

Em The Long Night, mais uma vez os dragões de Dany foram pessimamente aproveitados, o que é uma pena pra quem está sempre torcendo por cenas épicas com eles. Ao longo do episódio, descobrimos que o Rei da Noite é invulnerável ao fogo, o que aqui entre nós, também não faz muito sentido a não ser que como defende uma teoria de fãs, antes de ser convertido, ele fosse um Targaryen.

Na tão esperada batalha entre dois dragões de fogo e um de gelo, misteriosamente os primeiros se dão muito mal, e Rhaegal cai na neve e a partir daí some de cena, enquanto o Drogon misteriosamente é invadido por mortos-vivos depois que Dany por algum motivo resolve pousar pra conversar com Jon, e fica parada esperando eles subirem nas suas costas.

Dany e Ser Jorah em imagem de divulgação do episódio 3 da 8a temporada de Game of Thrones, The Long Night

Dany cai na neve, e a partir daí, precisa lutar pela sua vida sozinha, até receber o reforço de Ser Jorah. O seu poderoso dragão é visto voando pra longe carregando um monte de white walkers, e desaparece durante todo o arco final do episódio, só pra voltar tranquilamente depois que tudo já está resolvido.

Sansa e Tyrion em imagem de divulgação do episódio 3 da 8a temporada de Game of Thrones, The Long Night

É claro que a cripta, que seria o lugar mais seguro de Winterfell, também se torna um reduto dos caminhantes quando o Rei da Noite resolve levantá-los para enfrentarem Jon Snow do lado de fora do castelo. Como previsto em várias teorias dos fãs, os Starks mortos se levantam e começam a atacar os coitados que se julgavam protegidos.

Essa cena aliás tinha potencial incrível, mas pra mim foi muito mal executada, e assim os personagens principais acabaram escapando sem maiores problemas. Até Varys consegue escapar, assim como Tyrion e Sansa, que ainda encontram tempo para encontrarem um clima romântico que não fez o menor sentido.

Brienne e Jaime

Todos esperavam que pelo menos alguns personagens mais importantes fossem morrer nesse episódio, eu apostava fortemente em Ser Jaime ou quem sabe Brienne depois do belo arco do último episódio, mas não foi o caso, os showrunners optaram por manter todos vivos para a batalha final da série.

A morte mais heróica, foi a de Lyanna Mormont, que consegue levar um gigante morto-vivo com ela. Os outros que colocaram o pé na cova foram Edd, Beric,  Ser Jorah (que foi defender Dany, que inclusive estava bem longe dali) e Theon, que morre depois de viver um improvável momento Lobo Solitário, no qual consegue matar um monte de white walkers sozinho.

Bran Stark em imagem de divulgação do episódio 3 da 8a temporada de Game of Thrones, The Long Night

A trama de Bran nesse último episódio não faz o menor sentido, ou então ele é o corvo de três olhos mais inútil da história de Westeros. Tá, é ele quem entrega a adaga de dragonglass pra Arya alguns episódios atrás, algo fundamental para a resolução do episódio, mas sinceramente fica difícil entender o que ele está fazendo quando resolve usar seus poderes de warg só para acompanhar o começo do ataque do Rei da Noite e seu exército.

Rei da Noite em imagem de divulgação do episódio 3 da 8a temporada de Game of Thrones, The Long Night

Uma explicação para as ações de Bran no episódio é que ele teria entrado nos corvos para chamar a atenção do líder dos mortos-vivos, mas mesmo assim o plano de deixar os caminhantes dizimarem os dois exércitos de Dany antes da resolução me pareceu bem pífio, assim como as outras estratégias militares empregadas no episódio. A esperança de muitos fãs era que Bran fosse usar seus poderes para controlar o dragão Viserion ou quem sabe até mesmo o próprio Rei da Noite, mas isso ficou só na vontade mesmo.

Depois de ter deixado Dany para trás, e ignorar seu melhor amigo Sam que estava em sérios apuros, Jon consegue a façanha de ficar detido por Viserion (o dragão de gelo), que apesar de ter sido ferido por Drogon no pescoço, de alguma forma conseguiu se recuperar o suficiente pra impedir Jon de ir salvar seu irmão Bran. É aí que acontece a cena mais ridícula do episódio, quando ele decide (inexplicavelmente) sair de seu esconderijo atrás de uma pedra pra ficar gritando com o dragão, personificando com autoridade a expressão mimimi.

Arya Stark em imagem de divulgação do episódio 3 da 8a temporada de Game of Thrones, The Long Night

Bem no momento em que Jon iria virar churrasquinho de plasma, ele acaba sendo salvo por sua irmã Arya (assim como todos os outros), que após ter se encontrado com Melisandre, aparentemente se lembrou que ela é uma das personagens mais fortes e mais heróicas da história, algo que os roteiristas resolveram ignorar totalmente no meio do episódio, como já citei acima. É lindo ver a ótima Maisie Williams falando not today mais uma vez, mas o personagem não precisava desse arco forçado que a levou a esse momento.

Assim como em A Batalha dos Bastardos, mais uma vez o diretor Miguel Sapochnik resolveu apostar em pintar o pior cenário possível, só para salvar o dia no final com uma solução que ninguém estava esperando. Quando tudo parece estar perdido, uma solução mágica aparece do nada para acabar de vez com o problema. Não que a Arya não mereça demais esse seu momento de protagonismo (ainda mais depois de ter sido tratada como uma dama em perigo dentro desse mesmo episódio).

A solução da cena final não me incomodou em nada, pois Arya pode ter chegado até ali se escondendo nos tetos das construções, e sinceramente gostei de ter sido ela a derrotar o Rei da Noite. A única pista de que ela está chegando é o cabelo de um dos generais dos white walkers, que dá uma mexida com o vento de Arya se jogando em cima do Rei da Noite. Ela deixar a adaga cair para segurar com a outra mão também foi bem resolvida. Eu teria gostado ainda mais dessa solução se não tivessem criado aquela narrativa de coitadinha para a personagem no meio do episódio, mas acho que foi satisfatório.

Quando Arya acertou sua adaga no peito do Rei da Noite, pro mal ou pro bem, ela encerrou definitivamente o arco dos zumbis gelados em Game of Thrones. Acho justo que tenha sido ela, mas considero uma pena que esse final tenha sido tão rápido, pois agora, a grande batalha do final da série passa a ser contra a Rainha Cersei, e não contra o Rei da Noite. É difícil de entender essa decisão dramática, mas é isso, só temos que aceitar.

Os humanos só sobreviveram no final do episódio graças a Arya, ou a derrota teria sido completa. Antes dos créditos rolarem, Melisandre sai caminhando na neve enquanto retira seu colar mágico, e assim, se desmancha no ar como se tivesse sido vítima do Thanos, cumprindo a profecia que tinha feito para Davos.

Na semana que vem teremos mais um episódio de Game of Thrones, que deve servir para os preparativos da guerra final que deve ser travada em Porto Real. Só espero que o Tyrion não se esqueça que Cersei possivelmente ainda tem um pouco do estoque de fogovivo, o que pode tornar as coisas bem mais quentes por lá.

Espero que os showrunners consigam entregar três episódios que sejam mais bem escritos do que este para fechar esta série incrível da maneira épica que ela merece ser concluída, mesmo sem os caminhantes, que pra mim, eram os grandes vilões a serem derrotados. Até semana que vem com outra resenha!

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