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Os Sinos, Game of Thrones, 8a temporada, Episódio 5 – Resenha (repleta de spoilers)

Na reta final de Game of Thrones, o 5o episódio acabou sendo bem diferente (e mais explosivo) do que os fãs esperavam. Leia nossa resenha com spoilers.

5 anos atrás

Estamos chegando ao fim de Game of Thrones e também das minhas resenhas sobre os episódios da série (pra alegria de quem não concorda com nada que eu digo nestas linhas, hehehe). Como sempre, assim como no da semana passada e em todos os outros quatro, fica aqui meu aviso de spoilers: nesse texto vou falar sobre eventos que acontecem no quinto episódio da oitava temporada e também dos anteriores, assim se você não assistiu, por favor pare de ler agora, ou não reclame comigo depois. Até algumas imagens deste post têm spoilers, fica a dica.

De nada adiantaram tantas bestas na defesa de Porto Real, como vemos nesta cena de Os Sinos, 5o episódio da 8a temporada de Game of Thrones

Game of Thrones chegou ao seu penúltimo episódio que todos esperavam que fosse uma imensa batalha das forças de Daenerys contra Cersei, mas acabou sendo um verdadeiro massacre de uma população inocente de uma cidade já totalmente rendida, algo ao qual eu irei dedicar boa parte desta resenha sobre o quinto episódio da oitava e última temporada da série.

Antes de irmos além, um recado, essa resenha (ou qualquer outra que eu tenha escrito aqui no site) é só a minha opinião pessoal sobre o episódio e os rumos da temporada, mas em momento nenhum estou querendo ser o dono da verdade, e também não estou escrevendo o que penso pra desrespeitar ou ofender qualquer pessoa que tenha gostado do episódio, que achei excepcionalmente bem dirigido, produzido e fotografado, só não tão bem escrito. Estou aqui pra dizer o que penso, e é isso que farei.

Eu não me considero (de forma alguma) um hater de Game of Thrones, muito pelo contrário, adoro praticamente tudo relacionado ao universo imaginado por George R.R. Martin e adaptado de forma épica para a TV pela HBO, desde os livros da série A Song of Ice and Fire até a série, por mais que não concorde ou veja sentido em várias coisas que vêm acontecendo, principalmente desde a quinta ou sexta temporadas.

Dito isso, nada que tenha acontecido ao longo das últimas temporadas ou que venha acontecer no grande final da série vai mudar minha opinião sobre GoT, que é inquestionavelmente um fenômeno mundial, e sim, é uma das melhores séries de todos os tempos, ainda que infelizmente não esteja entre as mais bem escritas, muito por conta de algumas soluções preguiçosas dos seus showrunners.

Agora vamos falar mais do episódio em si. No começo de Os Sinos já vemos que Daenerys está disposta a soltar o grito de Dracarys a qualquer custo, com a execução de Varys, que estava conspirando para que Jon Snow assumisse o trono. Ela também dá o último aviso a Tyrion, se ele falhar novamente, terá o mesmo destino de Varys.

A partir daí, a série tem belíssimas cenas de guerra, que não fazem tanto sentido, algo que já está ficando comum nessa temporada. Assistimos incrédulos que de nada adiantaram as várias bestas construídas para matar os dragões, já que Dany consegue facilmente desviar e queimar absolutamente todas elas enquanto eles estão recarregando as lanças. Euron Greyjoy assiste incrédulo seu plano e sua frota irem literalmente por água abaixo, não sem antes serem incendiados. Achei meio forçado, mas tudo bem, deu pra aceitar essa parte numa boa.

Depois de resolvida a questão da guerra, os Lannisters que estavam guardando a Fortaleza Vermelha entregam suas espadas, e os sinos são tocados para anunciar a rendição de Porto Real, não sem antes ouvirmos alguns minutos de personagens aleatórios gritando para que isso fosse feito, tudo pra aumentar a tensão (um recurso do qual o diretor Miguel Sapochnik entende muito).

De uma forma ou de outra, o plano de Tyrion acaba dando certo, os sinos são tocados, os portões iriam ser abertos. A guerra tinha acabado, e Dany tinha vencido. Seu maior opositor ao trono era Jon Snow, que já tinha declarado seu apoio várias vezes a ela, e basicamente era o seu cachorrinho de colo, por mais que ainda fosse levar um tempo até voltar pro seu leito depois de descobrir que ela era sua titia.

Daenerys vira definitivamente a Rainha Louca em Os Sinos, 5o episódio da 8a temporada de Game of Thrones

Em seu momento de glória, Dany resolve se transformar definitivamente em uma tirana sádica, e pela primeira vez na série, sai queimando a população da cidade que quer tomar pra si, incluindo mulheres e crianças. Muita gente justifica a atitude por ela ser filha do Rei Louco, e eu até entendo, mas por mais que tenha traços de loucura e até maldade em sua personalidade, ela sempre direcionou esse ódio para os tiranos, nunca para a população subjugada por eles.

Por mais que os showrunners (e roteiristas do episódio) Daniel Weiss e David Benioff tentem justificar no Inside the Episode, o vídeo de bastidores (sempre divulgado após o episódio, assista acima), Dany nunca tinha matado uma criança sequer antes, pelo contrário, quando ordenou a crucificação de 163 mestres algumas temporadas atrás, fez isso por crucificado 163 crianças escravas em seu caminho até Meereen, como uma mensagem pra ela. Não tem como eu comprar essa saída.

A justificativa dos showrunners é que ela sempre foi louca, mas por mais que tenha perdido a cabeça em alguns momentos da série, pra mim jamais tomaria a atitude que tomou. Meu problema com a cena e com o final escolhido para a série não é a Dany ter ficado louca, e sim as justificativas que deram pra isso, além da decisão de queimar tudo depois que a cidade já estava rendida. Era mais fácil ter ido queimar a torre na qual Cersei estava observando tudo, mas a decisão foi transformá-la em uma vilã sem qualquer traço de humanidade.

Se fosse pra ela atacar desse jeito a população de Porto Real, acho que os showrunners deveriam ter colocado pelo menos algum motivo mais evidente pra dar o gatilho, como o povo ter começado a gritar por Cersei quando ela pousou (algo também bem improvável), mas a verdade é que a cidade já estava rendida, ninguém mais ali se opunha de forma prática a ela, mas mesmo assim, ela resolveu atacar e queimar tudo. Sádica com a Cersei e seu exército eu acredito que ela poderia ser tranquilamente, mas matadora de criancinhas, aí já acho demais.

Se fosse algo decidido na hora, de impulso, seria menos monstruoso, mas como vimos, ela planejou isso na cena anterior em Dragonstone, quando disse a Jon que iria "optar pelo medo". No final das contas, Dany acabou se tornando uma vilã ainda mais terrível que o Rei da Noite, e tudo por causa das suas próprias inseguranças (ou melhor, as dos roteiristas).

Arya Stark em perigo, mas com melhor sorte do que a mãe e a filha desta cena de Os Sinos, 5o episódio da 8a temporada de Game of Thrones

Me alonguei na questão da Dany, e acabei não falando até agora de coisas importantes deste episódio, como o merecido momento de irmãos entre Tyrion e Jaime, e sua luta (meio aleatória) entre ele e Euron, que como alguém citou no Twitter parecia a cena do Cavaleiro Negro de Monty Phyton e o Cálice Sagrado. 

Outra cena importante foi o diálogo entre o Cão e Arya, algo que não fez tanto sentido se levarmos em conta a personagem, mas que resolve uma questão prática do roteiro, evitando que ela matasse rapidamente Cersei, e acabasse logo com o principal impasse (e a graça) do episódio. Arya aliás é mais uma vez posta em situação de perigo, a dupla D&D e o pessoal do writer's room de GoT realmente adora ver essa personagem em situações de vida e de morte.

Nesse episódio rolou o tão esperado Cleganebowl, o embate entre os dois irmãos Gregor e Sandor Clegane, que teve um belíssimo visual apocalíptico do fundo da escadaria destruída, mas poderia ter sido melhor explorado.

No episódio, nos despedimos de Cersei Lannister, que ainda está confiante nesta cena de Os Sinos, 5o episódio da 8a temporada de Game of Thrones

Enquanto Dany completou seu arco em direção a uma verdadeira monstra, Cersei teve uma despedida mais digna, que a personagem na realidade nem merecia, nos braços de seu irmão gêmeo e homem da sua vida. Antes de ser soterrada, ela ainda teve tempo pra caminhar tranquilamente no meio da disputa dos irmãos Clegane, ou seja, pontos pra ela.

Como teve muita gente aplaudindo o episódio nas redes sociais, e certamente teremos vários comentários aqui dizendo a mesma coisa, essa solução preguiçosa certamente funcionou pra muitos, mas pra mim, conseguiu ser ao mesmo tempo previsível e mal escrita. Nào compro mesmo a Dany sair queimando criancinhas, nem a Arya desistir do seu papel de vingadora para se tornar uma cidadã comum, até por tudo que foi mostrado sobre as duas na própria série. Pelo menos Arya terá a sua chance de matar uma rainha malvada, ainda que não fosse a que estava em sua lista.

Acho que já falei aqui, mas queria dar os parabéns ao Miguel Sapochnik e toda a equipe técnica pela realização do episódio, uma produção que chegou perto da perfeição. Posso não concordar com os rumos escolhidos por Weiss & Benioff, mas que a visão deles foi muito bem traduzida para a tela, isso foi, é inegável. Uma produção de tirar o fôlego, e vale a pena ver o vídeo com o making of abaixo.

Após o final de Game of Thrones, a dupla D&D vai escrever e produzir uma nova trilogia Star Wars, que eu certamente verei, mas infelizmente tem muito potencial para dar errado, ainda que vá fazer muito sucesso comercial. Já que o sucesso de tudo que fizerem está praticamente garantido, pra mim o melhor que Weiss e Benioff podiam fazer por seus projetos seria simplesmente não escrever mais nenhum dos roteiros, já que eles claramente não são experts no assunto. O único filme com roteiro do Benioff que gostei foi A Última Noite, inspirado em seu livro, que dirigido por Spike Lee em 2002.

E as minhas expectativas pro último episódio? Bem, o certo é que o embate entre o fogo dos Targaryen e o gelo dos Stark agora é que nem o Thanos, inevitável, assim ficam aqui minhas apostas em quem poderá se sentar no Trono de Ferro na próxima semana (dependendo do rumo escolhido pelos showrunners e roteiristas, que também serão os diretores do finale): Dany (o que acho improvável, já que ela anda queimando criancinhas inocentes) ou Jon Snow. Como Jon é metade Stark e metade Targaryen, além de não queimar inocentes, aposto na segunda opção. Uma terceira via seria Jon vencer a guerra e não querer o trono, aí ele poderia indicar outra pessoa para reinar em seu lugar, Sansa ou Tyrion por exemplo dariam bons governantes).

O teaser do próximo episódio mostra uma Porto Real destruída pela rainha louca, que acabou se tornando uma copycat do seu pai. De alguma forma, a Fortaleza Vermelha sobreviveu ao ataque de Drogon e Dany. Assista abaixo.

É isso, agora é esperar pelo grande final da série no domingo que vem. Obrigado a todos que estão me acompanhando aqui nas resenhas, semana após semana. Concordando ou não comigo, aposto que vocês também estão achando a conversa sobre a série muito divertida. Até a próxima semana com mais uma resenha de Game of Thrones!

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