Ronaldo Gogoni 5 anos atrás
A linha Seculus Smart, de smartwatches da companhia brasileira chegaram ao mercado com uma missão: entregar performance e design, com produtos da categoria que não custam um rim; dentre as três variações, o modelo Esporte é o topo de linha, mas mesmo ele é bem básico, se comparado a alguns concorrentes. Mesmo assim, ele não faz feio.
Afinal, ele vale os R$ 1 mil que a empresa pede nele? Vem comigo que eu conto o que achei dele, após duas semanas de testes.
O Seculus Smart Esporte, embora como sugere o nome seja o modelo esportivo da linha, possui um design simples e comedido, bastante sóbrio, e pode ser usado tranquilamente como um relógio social. O corpo é feito de resina plástica, minimamente resistente para o dia a dia, mas ele não foi feito para resistir a choques.
Outro ponto negativo é o fato dele não ter resistência a água, logo, você vai ter que bancar o Cascão e passar longe de esguichos, torneiras e qualquer coisa molhada, se não quiser que nada respingue no reloginho e o danifique.
A pulseira é emborrachada e básica, e o modelo padrão que veio no modelo de testes é preto, com a adicional sendo... amarela. Como eu não pratico esportes regularmente, e de modo a manter o low-profile, eu fingi que não a vi e fiquei com a padrão mesmo.
Em caminhadas feitas sob o Sol forte, a pulseira não deslizou e o corpo do relógio não aqueceu, o que garante o conforto durante seus exercícios, ou mesmo se você o usar por um tempo prolongado, e como o corpo não é muito maior do que um relógio automático comum (46 mm), ele não fica desproporcional no pulso.
A tela LCD de 1,3 polegada (resolução não informada) não é nenhuma maravilha. É possível ver pixels sem muito esforço, mas a responsividade dela é muito boa. Você poderá usa-la para navegar confortavelmente, se não quiser usar os botões da lateral.
Deslizar o dedo para cima para baixo aciona o menu de atalhos, calendário e previsão do tempo, de baixo para cima chama o menu de funções (exercícios, monitorar sono, alerta de sedentarismo, etc.) e da direita para a esquerda abre o menu principal.
O botão superior é o atalho para o modo Multi-esporte, e você pode usar a coroa para navegar entre menus. O inferior é o Liga/Desliga, bloqueio/desbloqueio de tela, e Voltar. Para trocar o mostrador, toque e segure o dedo sobre a tela, e selecione o seu preferido.
A única parte metálica do corpo do Seculus Smart Esporte é sua traseira, para acomodar o sensor de batimentos cardíacos, e o conector POGO para o carregamento na base dedicada, via indução. Diferente dos outros modelos da marca, este possui também GPS, o que sempre é uma coisa boa.
Infelizmente o GPS não habilita o reloginho a registrar o seu caminho durante suas caminhadas, pedaladas, corridas e etc. A Seculus também não informa o sistema operacional do aparelho, nem mesmo especificações simples como processador e memória RAM, mas não é preciso muito tempo para perceber que este é um smartwatch básico, que se propõe a fazer o mínimo que se espera.
Só que isso ele faz bem, sejamos justos. A navegação, tanto pela tela touch quanto pela coroa e botões é bem fluída, não é preciso muito tempo para se habituar onde está cada atalho, e rapidamente você poderá acionar suas funções. Os sensores para exercício são adequados, e o monitor cardíaco funciona direitinho, como tem que ser.
O sistema de notificações funciona muito bem, e você pode administrar todas as informações que precisa pela tela do Seculus Smart. Sozinho, ele não é mais do que um relógio com funções esporte, como todo gadget de sua categoria sem 4G/LTE, logo, nem dá para pedir muito nessa parte.
Outro fato interessante é seu sistema operacional, desenvolvido pela Seculus e compatível com iOS e Android, assim, você pode emparelha-lo com qualquer que seja o seu celular. O ponto negativo disso, é que ele depende exclusivamente do app proprietário Seculus Smart (iPhone, Android) para se conectar.
Toda a sincronização do smartwatch depende do app, até mesmo os ajustes de hora, mas isso não é nada diferente do que a Samsung faz, que blinda seus reloginhos e pulseira nos apps Samsung Gear e Samsung Health. Tanto lá quanto cá, você não poderá importar seus dados para outras aplicações, e comparar seu desempenho com outros dispositivos.
Por outro lado, o Seculus Smart possui um modo muito interessante, que ela chama de "monitor de sedentarismo". Funciona assim: você configura o app um determinado período de tempo, que é o limite para "ficar parado". Ao estoura-lo, o relógio irá emitir um som e exibir uma mensagem, mandando-o "se mexer".
Outro ponto legal de apontar é a presença de um alto-falante e um microfone de muito boa qualidade, que o habilita a atender chamadas com bastante qualidade, o que nem sempre acontece em smartwatches, mesmo os de ponta. Portanto, ponto para a Seculus aqui.
Só que a empresa errou num ponto crucial, a bateria. Eu o tirei da tomada às 8:00, e o usei para monitorar meus passos, com o sensor cardíaco ativo, e exibindo notificações. Às 13:00, a carga havia despencado 40%, e às 17:30, ela esgotou. A culpa é do emparelhamento Bluetooth, pois ao usa-lo como um relógio standalone, a bateria resistiu até a noite, chegando a 22% às 23:30.
O grande revés é que para usa-lo como um relógio conectado, você precisa ligar o Bluetooth, mas ao fazê-lo, ele resistirá a pouco mais da metade de um dia. Enfim, é um ponto que precisa ser corrigido no futuro.
Este é um caso didático de "você leva o que você paga". O Seculus Smart Esporte não é ruim, pelo contrário, é bastante honesto e faz o que se propõe, que é ser um smartwatch de baixo custo, mas que realiza todas as funções que se espera de um: controlar mídia do celular, atender ligações, e registrar seu sono e atividades físicas.
Por outro lado, ele possui uma construção bem simples, não conta com resistência a água, não possui uma função para rastrear um caminho feito durante seus exercícios, e a bateria é bem fraquinha.
Sua principal vantagem, frente aos concorrentes era seu preço, mas considerando todos os prós e contras, R$ 1 mil é um tanto puxado para o que ele oferece. Por um pouco menos, você consegue adquirir um Gear Fit2 Pro da Samsung, uma pulseira inteligente que diferente deste gosta de uns mergulhinhos, e monitora suas braçadas. As pulseiras Garmin Connect também são uma opção interessante.
Colocando mais R$ 100, você leva para casa o Gear Sport, que é um smartwatch completo em todos os sentidos, e limite por limite, o Tizen é um pouco mais versátil. No fim, o Seculus Smart Esporte chama a atenção por ser um produto brasileiro bem acabado, e que possui um bom volume na hora de atender ligações, algo que nem alguns modelos premium fazem direito.
Na minha opinião, este smartwatch brazuca é uma boa ideia, que precisa ser melhor trabalhada nas próximas gerações, principalmente na bateria.