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Resenha — X-Men: Fênix Negra (sem spoilers)

X-Men: Fênix Negra encerra 20 anos de trajetória dos mutantes da Marvel no cinema, sob a tutela da Fox, adaptando uma de suas melhores histórias

5 anos atrás

X-Men: Fênix Negra é a conclusão definitiva da franquia dos mutantes da Marvel sob a administração da Fox, antes do inevitável reboot dos Filhos do Átomo para entrarem no MCU, num futuro não tão próximo.

Após um período conturbado, que envolveram refilmagens e mudanças de roteiro, o filme estreia nos cinemas nesta quinta-feira (06). Afinal, valeu a pena esperar?

This is The End

A trama do filme dá mais um salto de quase uma década (impressionante como ninguém envelhece) e estamos agora em 1992. Uma missão da NASA dá errado, e o ônibus espacial Endeavour perde contato com a Terra, por causa de uma estranha tempestade solar. Os X-Men, que agora são heróis públicos, são chamados para ajudar e uma missão de resgate tem início.

Obviamente tudo dá errado para Jean Grey (Sophie "Sansa Stark" Turner), que acaba absorvendo a tal tempestade, na verdade uma entidade cósmica de poderes inimagináveis. A partir daí a telepata começa a lidar com o aumento de seus poderes, que aos poucos começam a desenterrar memórias esquecidas e desfraldar mentiras que lhe foram contadas a vida inteira, inclusive pelo professor Charles Xavier (James McAvoy, de Fragmentado e Vidro).

Aliás, cabe mencionar que Xavier mostra suas verdadeiras cores. Muito diferente do austero professor vivido por Sir Patrick Stewart na trilogia original (e que apareceu brevemente em Dias de Um Futuro Esquecido), a versão de McAvoy sempre foi um pouco movida por ego e a escalada de sucesso dos X-Men o tornou intransigente, o que se reflete em missões cada vez mais perigosas para seus alunos.

Ego, mentiras e fúria

Os dois últimos membros da Primeira Classe: Hank "Fera" McCoy (Nicholas Hoult, de Mad Max: Estrada da Fúria e Tolkien) e Raven "Mística" Darkhölme (Jennifer Lawrence, de Jogos Vorazes) são os que mais batem cabeça com Xavier nesses aspecto, especialmente a segunda, que está realmente preocupada com a segurança de seus alunos (Mística é a segunda em comando), e mesmo sendo irmã de criação do Professor X, ela não perde oportunidades para jogar na cara dele tudo o que pensa.

Claro que quando Jean descobre toda a verdade sobre o seu passado, ela perde o controle sobre seus poderes e tudo vai para o espaço e nada, nem ninguém será poupado. Ao mesmo tempo, uma mulher misteriosa (Jessica Chastain, de A Hora Mais Escura) que sabe a verdade sobre a entidade que agora habita o corpo de Jean, quer esse poder para si e sua presença complica ainda mais as coisas.

A escalada de poder e loucura de Jean fará vítimas de todos os lados, desde os X-Men e os protegidos de Magneto (Michael Fassbender, de Steve Jobs), à própria imagem dos mutantes frente à opinião pública, que vai para a cucuia em tempo recorde. No fim, eclode mais uma disputa entre os protegidos de Xavier e o mestre do magnetismo, sobre salvar ou matar Jean.

Fox Film / Mística (Jennifer Lawrence) / X-Men: Fênix Negra

Claro que Jean, agora a criatura mais poderosa (e instável) da galáxia, não está disposta a ceder a nenhum dos lados e nem seu namorado Scott Summers, o Ciclope (Tye Sheridan, de Jogador Nº 1), conseguirá convencê-la facilmente a voltar para casa, que está na mira da mulher estranha e seus amigos.

Basicamente todos querem Jean por um motivo ou outro e ela está a ponto de explodir. Literalmente.

Passando o X-Jato na frente dos bois

Tecnicamente, os efeitos de X-Men: Fênix Negra são bons, mas como toda a ação se passa na Terra e em boa parte em ambientes urbanos, não espere por conflitos de proporções cósmicas. Ainda assim, a sequência no trem é muito boa, com destaque para Tempestade (Alexandra Shipp) e o dia de fúria do Noturno (Kodi Smit-McPhee, de ParaNorman).

O grande problema do filme é o roteiro, novamente a cargo do diretor e produtor Simon Kinberg. Algumas decisões parecem ter sido tomadas para fechar a história de vez (implementadas depois que a Disney concluiu a aquisição da Fox, como as refilmagens e mudanças na história, incluindo o final), enquanto outras teriam sido colocadas em prática para controlar custos, que estavam presentes desde o primeiro rascunho.

Fox Film / Jean Grey (Sophie Turner) / X-Men: Fênix Negra

A consequência foi este filme se tornar um encerramento convincente, mas mal trabalhado. Pontas foram amarradas de maneira repentina, até mesmo bruta, de modo a permitir que Marvel Studios e Disney possam contar novas histórias no futuro. O filme não é ruim, mas poderia (e deveria) ser melhor.

Tem cena maneira com o Mercúrio?

Tem duas, mas não da maneira que todo mundo está esperando ver. Basicamente Simon Kinberg quebrou o brinquedo.

Por outro lado, Alison Blaire, vulgo Cristal, a mutante mais estonteante da Marvel, aparece em uma cena usando o traje clássico, com direito a maquiagem e calça pantalona, cantando e usando seus poderes de transformar sons em luz (só faltaram os patins). O papel ficou com a atriz Halston Sage, a tenente Alara Kitan de The Orville.

Marvel Comics / capa de Deadpool Vol 3 #30 (detalhe) / X-Men: Fênix Negra

Conclusão

Não dá para esconder o fato de que X-Men: Fênix Negra sofreu com as refilmagens, mudanças de roteiro e um final totalmente reescrito, de modo a encerrar a franquia e abrir caminho para as futuras versões dos Filhos do Átomo pela Marvel Studios, sob o comando da Disney. Algumas soluções são um tanto rasas, e foram incluídas para amarrar as pontas e dar ao filme um propósito de conclusão.

Pois é exatamente isso o que temos aqui: X-Men: Fênix Negra é o ponto final em 20 anos de histórias dos mutantes no cinema sob a batuta da Fox, mas mesmo tendo sido bastante remendado, ele ainda é uma boa história, que expõe mentiras e destroça relações, mas mantendo a qualidade das cenas de ação da Era Kinberg.

Fox Film / X-Men: Fênix Negra

No fim, são duas horas de entretenimento de qualidade que poderia ter uma história mais elaborada, mas considerando as opções dadas pela Casa do Mickey, que agora é a dona da bola, é melhor isso do que o filme ser engavetado ou ir para a geladeira por tempo indefinido.

Diz a Fox que Os Novos Mutantes, que também terá cenas refilmadas sai em 2020, mas a essa altura do campeonato eu não poria minha mão no fogo (cósmico) pela nova Geração X.

Nota:

Quatro de cinco Fênix Negras clássicas do John Byrne.

Marvel Comics / capa de X-Men Vol 1 135 (detalhe) / X-Men: Fênix Negra

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