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Twitter vai marcar mensagens de chefes de Estado que violarem suas regras

Twitter não vai deletar mensagens de chefes de Estado que passarem dos limites, mas irá oculta-las atrás de um aviso removível com um clique

5 anos atrás

O Twitter teve alguns probleminhas  recentes com a aplicação de seus Termos de Serviço, especificamente no que diz respeito a chefes de Estado: ela não aplicou punições a tais usuários por compartilharem mensagens com ameaças de violência (física ou não) como o faz com o resto do populacho, o que a levou a ser chamada de hipócrita ao contrariar seus próprios princípios.

Agora a rede deu um jeito nisso: ao invés de apagar tweets problemáticos de usuários relevantes, eles serão marcados e ocultos atrás de uma mensagem que o seguidor pode remover.

Mizter_x94 / Twitter / Pixabay

Não é preciso pensar muito para descobrir quem é o grande falador de groselha do Twitter: o presidente dos EUA Donald Trump já soltou vários tweets ao longo de seus mandatos, com mensagens que num grau ou noutro ferem os Termos de Serviço do popular site de microblogs™️, que é claro como cristal: "não é permitido fazer ameaças de violência contra um indivíduo ou um grupo de pessoas".

A maioria dos tweets que foram usados como argumento para que fossem deletados (ou até mesmo que o presidente dos EUA fosse banido do Twitter) giram em torno da relação com a Melhor Coreia. Em setembro de 2017, Trump tuitou que o país liderado por Kim Jong-un "não duraria muito tempo mais"; já em janeiro de 2018, ele disse na rede social que tem "um botão nuclear maior do que o Grande Líder" e que o dele funcionaria, o que foi interpretado por alguns como uma ameaça de ataque nuclear.

Claro que há uma série de pormenores até que uma situação escalasse a esse ponto, sem contar com a reação imediata de China e Rússia que para todos os efeitos, ainda são aliados da Melhor Coreia e nem tudo se resolve com apertar um botão numa mesa (que nem existe para valer), mas divago.

De qualquer forma, o Twitter ignorou todas as denúncias e acusações de usuários e deixou claro como as coisas funcionam: todos são iguais, mas alguns são mais iguais que outros. De forma resumida, mensagens de líderes mundiais são relevadas porque a rede as considera "conteúdo com relevância jornalística", além do fato que independente da besteira que Trump, Bolsonaro, Erdoğan ou qualquer outro chefe de Estado solte, tais indivíduos têm o benefício de seus cargos para não serem punidos. Ou tinham.

Twitter / notificação de ocultamento de mensagem

Como forma de adequar tais contas às regras da rede social e ao mesmo tempo, se safar das acusações por usar dois pesos e duas medidas com usuários mais ou menos poderosos, o Twitter introduziu uma notificação que irá ocultar a mensagem considerada infratora pelo time de revisores, a ser aplicada apenas em contas específicas.

Entram no balaio chefes de Estado e candidatos a cargos públicos, ou àqueles sendo considerados a assumir posições de liderança em governos, como sucessores políticos ou indivíduos que aguardam nomeação, como ministros. Tais contas deverão ser verificadas e ter pelo menos 100 mil seguidores para se enquadrarem na nova regra.

Caso um desses usuários fale algo que não devia, o Twitter irá moderar o tweet e escondê-la atrás de uma mensagem informando da infração (imagem acima), no entanto ela não será apagada por considerar tais textos de interesse público, e o seguidor ou outra pessoa só precisará tocar ou clicar em "Visualizar" para que ela ela exibida. Ao mesmo tempo tais tweets não aparecerão na busca segura, na aba de Destaques, nas páginas de eventos ao vivo, entre os tweets recomendados por notificações e nas abas de notificações e explorar. Resumindo, serão marcados para o "shadowbanning" (o tweet, não o perfil).

O Twitter informa que caso o time de revisores considere que uma mensagem que violou os Termos de Serviço não tenha relevância histórica ou jornalística, a rede social irá recomendar ao usuário que a delete; caso ele se negue, ela será oculta.

Veja que não se trata de uma punição, nem de banimento de mensagens (o Twitter já avisou que não fará isso, ao contrário do que dizem alguns veículos por aí). Portanto, qualquer besteira dita por um presidente só ganhará uma capinha adicional facilmente removível; para todos os demais aplicam-se as regras normais de deleção de mensagem, suspensão, "shadowbanning" de mensagens e perfil ou banimento do Twitter, conforme a gravidade.

Uma equipe interdisciplinar será encarregada de moderar as mensagens, contando com funcionários das equipes jurídica, segurança, políticas públicas e regionais do Twitter. Os critérios de avaliação são os seguintes:

  • O imediatismo e gravidade do potencial dano da mensagem, no que diz respeito à integridade física dos possíveis alvos;
  • Atribuição de responsabilidade (o usuário poderá responder por aquilo que tuitou);
  • Existência de outras fontes ligadas à declaração, que possam servir para manter o público informado;
  • Quebra de contexto (se a ocultação tirar o sentido de uma thread, por exemplo);
  • Se o tweet é essencial para contextualizar um assunto de interesse público, cujo conteúdo não está disponível em outro lugar.

As novas regras já estão valendo para tweets publicados a partir da introdução da ferramenta; os antigos não serão ocultados.

Com informações: Blog do Twitter, Ars Technica.

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