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Quase que uma cidade da Samsung dentro da Coreia do Sul

Números, curiosidades e detalhes da matriz da Samsung que tem a mesma população de Pomerode (Santa Catarina)

5 anos atrás

No começo deste mês eu passei quase que uma semana em Seul, capital da Coreia do Sul. Já comentei aqui sobre a experiência durante uma tarde com o 5G do país e agora compartilho com vocês alguns detalhes da matriz da Samsung Electronics por lá, que na verdade fica na cidade de Suwon e que tem 32 mil funcionários em um local que tem nome de Cidade Digital.

Entrada principal da cidade digital da Samsung

Entrada principal da cidade digital da Samsung

O número de colaboradores surpreende não somente pela quantidade, mas também quando comparado ao de habitantes de algumas cidades brasileiras. Segundo estimativa da população levantada pelo IBGE em 2017, o Brasil tem mais de 50 cidades com mais ou menos 32 mil habitantes e duas famosas são Pomerode, em Santa Catarina e Cachoeira Paulista, em São Paulo. Ah, Suwon tem como cidade irmã Curitiba, que é aquela cidade que sempre tem o inverno mais inverno do que qualquer outra lugar do Brasil.

Isso significa que qualquer uma destas cidades poderia ter todos seus moradores trabalhando em apenas uma empresa, caso tudo que está lá na cidade da Coreia viesse para cá em um piscar de olhos. Como isso jamais aconteceria, vamos aos números e coisas que acontecem lá dentro.

Passando para primeira pessoa

Sem selfie, não tem viagem

Sem selfie, não tem viagem

Não tive a oportunidade de passear dentro de laboratórios mirabolantes ou estúdios de criação de áudio, viagem mais técnica que aconteceu no ano passado e o Higa comenta algumas coisas interessantes lá no Tecnoblog - clique aqui pra ler o relato dele, que foi feito até em vídeo. Minha visita foi mais próxima do lado fora de escritório, entendendo melhor como que funciona a vida de tantas pessoas em um só local.

Lá, dentro da cidade digital, não é permitido tirar fotos das partes internas e é por isso que não tem nenhuma por aqui (a foto do C-Lab é da Samsung). Ok? Ok.

Ao todo são 128 prédios e muitos deles com muitos andares, passando facilmente de 10 e a imensa maioria trabalha em desenvolvimento de produtos. Seja em um smartphone, passando por TV, purificador de ar, ar condicionado, geladeira, máquina de lavar, tratores, partes de navios e tudo mais que você pode imaginar. Toda a estrutura de estacionamento para tanta gente fica no subsolo e, assim como o estereótipo que você já pensou, muita gente na Ásia utiliza transporte coletivo ou vai de bike mesmo.

Pra essa galera mais saudável (devem comer salada, que não faz bem pra minha saúde), existe uma linha de ônibus que circula dentro da cidade digital, que passa em cada ponto de parada a cada 15 minutos e é exclusiva para funcionários da Samsung, além de bicicletas para andar de um prédio pro outro. A coisa é tão grande que dentro da cidade existe um posto do corpo de bombeiros.

A cidade digital está no mapa abaixo. Tudo que não é prédio e que está em grandes quarteirões, é parte da deste complexo da Samsung:

Já que sair do prédio pra comer alguma coisa fora do campus pode significar uma caminhada de mais do que meia hora, muita coisa existe lá dentro mesmo. Isso inclui cafeterias (tem uma Dunkin' Donuts lá!), lojas de conveniência e até mesmo uma loja da própria Samsung. Eu estou com o Galaxy A80 desde que voltei para o Brasil, o que aconteceu no dia 6 de julho e fiquei surpreso ao não encontrar uma capinha pra ele nesta loja. É, nem a loja da Samsung, dentro da matriz da Samsung tem todos os produtos que a Samsung comercializa.

Com tanta gente o 4G (ou 5G) deveria sofrer (como costuma sofrer em estádios, manja?) e pra isso a empresa colocou suas próprias antenas no local. Antenas que brigam por um espaço no mercado internacional com concorrentes de peso como Huawei e Nokia e que são pequenas o suficiente para não ficarem tão visíveis no horizonte. Durante todo o passeio o meu 4G não pulou e nem ficou lento. Aparentemente as coisas funcionam bem por lá.

Segurança está no topo das preocupações

A Samsung é a maior fabricante de smartphones do mundo (dados da IDC em abril deste ano), ocupa o décimo segundo lugar na lista das 500 maiores empresas do globo (segundo levantamento da Fortune, no Global 500) e é a segunda maior empresa de tecnologia deste planeta que não é plano, perdendo somente para a Apple e logo na frente da Amazon.

Com tanto dinheiro circulando e posição tão elevada em rankings, a segurança chama atenção e não é por menos. Há câmeras para todos os lados, desde algumas pequenas e que ficam no poste, até outras bem grandes e que podem girar - elas não ficam escondidas, são bem chamativas. Outro ponto que me chamou atenção é que na saída de todos os prédios que visitei, os funcionários passam por detectores de metais e alguns deles são daqueles de raio-X que existem em aeroportos.

Certamente não deve ser fácil sair de lá com um Galaxy S11 no bolso, ou com o Galaxy Note 10, que será lançado no mês que vem e certamente já está pronto e funcionando na cidade digital. Eu bem que tentei esticar o pescoço na mão de cada funcionário que passava, mas não vi nenhum Note 10 - ou vi, mas como não existe imagem oficial dele ainda, nem percebi que era ele.

Fora do trabalho, uma vida com conforto

Nas partes inferiores, abaixo do chão e longe do olhar de qualquer outra pessoa do lado de fora, ficam inúmeras academias que podem ser utilizadas em horários que não são de trabalho. Há pistas de corrida internas, quadras de esporte, salas para tênis de mesa (muitas) e até uma piscina grande, muito grande. Além delas, há espaços generosos pra que funcionários cantem, tipo karaokê - asiáticos amam isso.

Um ponto curioso é que se um funcionário curte uma coisa, mas curte bastante e encontra outros funcionários que curtem a mesma coisa, a Samsung pode ajudar na hora de reunir todo esse pessoal. Se o grupo de interesse juntar mais do que 20 pessoas, a empresa oferece espaço pro grupo papear fora do horário de trabalho.

Eu passei por salas sobre pintura, torra de café, caligrafia, jardinagem e até de idiomas. Todas com horário marcado para cada encontro acontecer. É só chegar, se for o assunto que você também gosta. Se o grupo for ainda maior, a Samsung traz gente de fora pra ajudar no papo, como professores ou profissionais que são necessários.

Este é um pedaço do C-Lab

Este é um pedaço do C-Lab

Bom, até agora eu vi locais pra ficar magro (gente, sério?), locais pra aprender coisas novas e o tour continua com o C-Lab. Esta parte é separada de todas os outras, está abaixo de um lugar chamado de Central Park (que é um parque de verdade, que era um prédio e colocaram o prédio pra baixo da terra pra fazer um parque) e que é uma espécie de incubadora de empresas e que pode ajudar no nascimento de uma startup.

Funciona assim: você tem uma ideia bacana e quer apresentar pra Samsung? É lá que isso amadurece. Se a Samsung curtir, te ajuda no desenvolvimento e coloca em uma espécie de competição pra saber qual é a melhor ideia em um grupo com outras ideias - todos os funcionários podem votar em uma. Se a sua passar pra frente, a Samsung investe o dinheiro e escolhe entre duas alternativas: ela pode absorver o produto e lançar em um gadget próprio, ou então financiar a criação da startup e este cenário acontece quando a ideia é de um produto que a Samsung não trabalha atualmente.

Tudo isso é pros funcionários, mas existe um lado de museu, que é aberto ao público e que é chamado de Museu de Inovação da Samsung.

Parte do museu com história das TVs

Parte do museu com história das TVs

O curioso é que este museu não é reservado pra própria empresa, mas sim para inovação no geral. Eu encontrei coisas como a primeira TV da Samsung, mas também vi produtos marcantes de outras marcas, como a primeira TV do mundo e que foi lançada na Escócia.

DynaTAC 8000x, seguido do SH-100 e o primeiro MicroTAC

DynaTAC 8000x, seguido do SH-100 e o primeiro MicroTAC

Ou então o primeiro celular do mundo, que foi o DynaTAC 8000x da Motorola e que foi lançado comercialmente em 1983. Na Coreia do Sul a Samsung foi a primeira a levar este tipo de produto, o SH-100 e que foi lançado em 1988.

Tem até essa doidera que é um microondas com TV na parte de cima. É, isso mesmo.

Curtiu? Tá na Coreia do Sul? É só chegar lá e visitar o museu - é de graça.

Ainda existem outros locais com mais funcionários do que a cidade digital, como a Nano City, que tem 40 mil funcionários e fica onde a Samsung fabrica seus semicondutores. A quantidade de funcionários deve ser por conta da posição de maior fabricante de chips do mundo, quando a receita da venda deles é levada em conta. Infelizmente não pude visitar este local.

André Fogaça viajou para a Coreia do Sul a convite da Samsung.

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