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Redes Pneumáticas: A primeira Internet das Coisas

Redes pneumáticas são como a internet, uma série de tubos, idealizadas no final do Século XVIII e usadas para transportar rapidamente documentos e objetos.

4 anos atrás

Na década de 1850 a Bolsa de Valores de Londres precisou de uma agilidade no transporte de informações que não existia. A solução foi implementar o protocolo DPLDPC, usando uma tecnologia ainda mais antiga: As Redes Pneumáticas, inventadas no finalzinho do Século XVIII.

O problema da bolsa é que as corretoras nas proximidades precisavam receber as cotações com agilidade, e na época isso significava datilografar os números e mandar por mensageiros. Isso prejudicava as corretoras mais distantes, e as ordens de compra e venda faziam o caminho inverso.

Bem mais tarde isso seria resolvido com o telégrafo automático, aquelas máquinas que a gente via nos desenhos antigos, trazendo cotações da bolsa de valores:

Só que essa tecnologia de ficção científica não existia em 1853. O telégrafo mesmo manual era uma tecnologia tão nova que a primeira empresa de telegrafia no Reino Unido, a Electric Telegraph Company s[o foi fundada em 1846.

A solução, criada por um tal de Josiah Latimer Clark foi inovadora: Aprimorando um conceito criado em 1799, ele instalou uma linha pneumática entre a Bolsa de Valores de Londres e o escritório da Electric Telegraph Company, 200 metros distantes um do outro.

Esse tubo levava uma cápsula que continua as mais recentes cotações das ações negociadas. A empresa de telegrafia retransmitia os dados para investidores e empresários que assinavam seu serviço. Com isso economizavam o tempo que os mensageiros levariam para ir e vir.

Assim como a Internet, essa estrutura era uma série de tubos, as cápsulas eram movidas a ar comprimido, viajando em alta velocidade.

Lembre-se, era uma época pré telefone, pré fax, a única forma de se comunicar à distância era por telégrafo, ou gritando. Dependia-se muito mais do transporte de documentos, então fazia sentido espalhar tubos pela cidade, com centrais que recebiam e encaminhavam as cápsulas, que existiam em vários tamanhos, dependendo do tubo.

Por volta de 1880 já havia mais de 30Km de tubos só em Londres, sem contam outras cidades. As agências dos correios eram interconectadas, propiciando uma agilidade que, sendo realista, não temos nem hoje em dia.

Berlim chegou a ter mais de 400Km de tubos pneumáticos, Praga chegou a 60Km instalados, que foram usados até 1874.

Depois que ficou evidente a utilidade do serviço, surgiu o equivalente às redes locais, nessa estranha internet das coisas: Empresas começaram a instalar redes pneumáticas que funcionavam dentro dos próprios prédios. Bancos encaminhavam dinheiro e cheques diretamente para os caixas, hospitais usavam as linhas para transportar amostras para exames, raios-x e remédios, e em certa ocasião até um gato foi enviado para um veterinário, via linha pneumática. Dizem que ele não gostou muito.

Em Edina, Minnesota funcionou até 2011 o único McDonald´s do mundo que enviava os pedidos via linhas pneumáticas. Assista o vídeo, é legal!.

As redes pneumáticas tiveram sua importância até na Corrida Espacial. Documentos eram transferidos constantemente no Controle da Missão em Houston usando redes pneumáticas:

Com o tempo o telefone foi se tornando mais presente, muito mais eficiente do que cartas e bilhetes. As redes pneumáticas ficaram restritas a encomendas, mas mesmo o transporte de objetos físicos também mudou. As cidades cresceram mais do que as redes podiam acompanhar, o automóvel se tornou uma visão comum em qualquer cidade, e mesmo um Modelo T carrega de uma vez muito mais do que qualquer cápsula de redes pneumáticas.


Não pense você que por causa disso as redes se tornaram apenas uma lembrança. Elas continuam sendo usadas em grandes lojas de varejo, shoppings, hospitais e laboratórios, transportando peças de almoxarifados, medicamentos e dinheiro. Os sistemas são modernos, digitais, coloridos.

Agora a melhor parte: Originalmente, ainda em 1799, William Murdoch criou a primeira rede pneumática, e imediatamente seus contemporâneos começaram a sonhar com tubos transportando pessoas, e durante algum tempo experimentos até foram feitos, mas a tecnologia simplesmente não existia.

Depois a idéia ficou restrita a obras de ficção retrofuturistas, como Futurama e os Jetsons, mas agora -de novo- tudo mudou.

A idéia de transportar gente em uma série de tubos está sendo implementada graças a uma proposta de Elon Musk, o Hyperloop, uma série de tubos com vácuo que transportarão passageiros a altíssimas velocidades, sem resistência, por todo o pais.

Vai acontecer? Provavelmente não, mas não duvido que uma Amazon da vida desenvolva uma versão menor, para transporte de encomendas e o sonho dos vitorianos de um mundo interconectado por redes pneumáticas finalmente se realize.

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