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Novembro de 2019 e Blade Runner: o futuro que não é bem assim

O futuro chegou? Vamos conferir 10 previsões feitas em Blade Runner para 2019 que o filme acertou, errou ou se adiantou

4 anos atrás

E Blade Runner é oficialmente passado. A trama do filme de 1982, um dos maiores clássicos da ficção-científica de todos os tempos se passava em novembro de 2019, e assim como fizemos com De Volta Para o Futuro II, é hora de conferir onde Ridley Scott acertou, errou feio ou colocou o carro voador muito na frente dos replicantes.

Warner Bros. / Blade Runner

10 previsões que Blade Runner errou, acertou ou se adiantou

Vamos checar algumas das previsões que Ridley Scott fez para novembro de 2019, e confirmar se Blade Runner acertou na mosca, errou feio ou se adiantou um pouquinho (ou muito).

1. Carros voadores

Warner Bros. / Blade Runner

Qual é, você pensou mesmo que eu ia começar por outra coisa?

Os spinners chegaram três anos antes do DeLorean voador na cena final de BTTF e sete antes dele aparecer em toda a sua glória inoxidada na sequência, mas carros voadores são uma velha promessa de décadas e desculpe, mas vão continuar assim. Imagine um cenário onde todos os motoristas de hoje tivessem um carro que voa, cada acidente de trânsito de hoje seria fatal, fazendo ainda mais vítimas em solo.

Exatamente para excluir o fator humano, empresas hoje tentam viabilizar a tecnologia com drones autônomos para o transporte de pessoas, mas sem a possibilidade de alguém assumir o comando em caso de problemas (mesmo aviões, que em sua essência funcionam sozinhos o tempo todo, nunca irão dispensar os pilotos), nada feito.

2. Replicantes (e similares)

Warner Bros. / Blade Runner

Em Androides Sonham com Ovelhas Elétricas?, o livro de Philip K. Dick que serviu de base para Blade Runner (tem na Amazon), os antagonistas da história são chamados de androides (ou "andies").

Na realidade, eles são humanos produzidos via engenharia genética, possuindo habilidades programadas, capacidades físicas específicas (dependendo do modelo) e um tempo de vida curto. No filme, Scott preferiu usar o termo "replicantes" para que as pessoas não os confundissem com robôs, o que não aconteceu aqui, graças ao subtítulo "O Caçador de Androides".

Por mais que ainda estejamos longe de produzir um meta-humano cromossomo por cromossomo, hoje já é possível usar técnicas como CRISPR e tratamentos genéticos para limar uma série de doenças genéticas, escolher o gênero do bebê e até repassar mutações benéficas, com a que cria imunidade ao HIV.

Sim, eu sei, o cientista chinês que conduziu o experimento nas gêmeas foi MUITO irresponsável, tanto que acabou preso.

Warner Bros. / Blade Runner

Ainda podemos estar bem longe de termos uma Rachael, que acreditava ser humana e, como visto em Blade Runner 2049, era a única capaz de gerar descendentes. Também dificilmente teremos uma Pris Stratton ou um Roy Batty, esse essencialmente um supersoldado (um modelo de combate com superforça e intelecto nível gênio), mas há quem diga que isso é uma questão de tempo.

3. Teste Voight-Kampff

Warner Bros. / Blade Runner

O teste que Deckard usa para identificar se Rachael é ou não uma replicante não é nenhuma novidade para nós, e não era nem em 1982. Um dos primeiros protótipos do polígrafo, um equipamento desenvolvido por William Moulton Marston para detectar mentiras foi apresentado em 1915, este uma evolução de um projeto seu ainda mais antigo.

Curiosamente, Marston hoje é mais conhecido como o criador da Mulher-Maravilha, cujo Laço da Verdade traça um paralelo com o polígrafo.

4. A "maldição" dos outdoors datados

Warner Bros. / Blade Runner

Quando Blade Runner estreou, a Warner Bros. havia fechado acordos com companhias de modo a introduzir suas marcas via Marketing Indireto, nos gigantescos outdoors digitais que permeiam Los Angeles. Curiosamente, todas elas passaram por revezes durante os anos 1980, o que levou à associação com uma suposta "maldição" que, como consequência, acabou por datar o filme:

  • Pan Am: declarou falência e encerrou atividades em 1991, após anos de problemas financeiros;
  • Bell System: a antiga AT&T, que deu origem à atual, foi desmembrada ainda em 1982;
  • Atari: arrasada pelo Crash dos Videogames de 1983 e superada por companhias como Nintendo, Sega, Sony e Microsoft. Nunca se reergueu;
  • Coca-Cola: sofreu com o fiasco da New Coke, mas se recuperou;
  • Cuisinart: a companhia de processadores de alimentos passou por apertos durante os anos 1980. Foi comprada por um grupo de investidores em 1987 e faliu em 1989. Comprada novamente pela Conair, se recuperou posteriormente;
  • Tsingtao: a cervejaria originalmente alemã, estabelecida em Qingdao, foi adquirida pelo Japão em 1916, capturada pela China após a Segunda Guerra, e administrada como uma empresa privada até 1949, quando o Partido Comunista a estatizou. Privatizada no início dos anos 1990, é a exceção da "maldição", não tendo passado por problemas (adicionais) após a estreia de Blade Runner.

A "gafe" não intencional se tornou tão icônica, que na sequência Blade Runner 2049 é possível ver novos anúncios tanto da Pan Am quanto da Atari, sugerindo que no universo dos filmes, ambas continuam muito vivas, 30 anos depois dos eventos da história original.

5. ENHANCE!

A cena em que Deckard analisa uma foto no scanner mais barulhento do universo, com comandos de voz, era pura ficção científica em 1982, principalmente pelo fato de que o equipamento era capaz de tratar uma imagem em 2D como um registro em três dimensões de altíssima resolução.

Com isso, era possível aproximar, mover o foco e mais impressionante, rotacionar e ver algo no ambiente de outro ângulo, diferente do capturado na impressão.

Hoje, registrar um ambiente em 3D é brincadeira de criança, literalmente: apps como o Photosynth da Microsoft (descontinuado, incorporado no Pix Camera, exclusivo para iPhone) e outros estão ao alcance de qualquer um. Basta ter um celular compatível ou um computador razoável e pronto, já dá para brincar de detetive particular.

6. Casas inteligentes e Internet das Coisas

Warner Bros. / Blade Runner

Além do scanner, Deckard morava em um apartamento que possuía um sistema de reconhecimento de voz, embora a chave inteligente da fechadura já tivesse sido inventada em 1970.

Já Eldon Tyrell possuía uma espécie de assistente virtual, similar a Siri, Cortana, Alexa, Google Assistente e etc limitada. Há uma série de soluções e produtos inteligentes, mostrando uma ideia de uma Internet das Coisas rudimentar que culminam na Joi, a IA holográfica que aparece em Blade Runner 2049, uma assistente conectada o tempo inteiro.

7. Computadores retrô

Warner Bros. / Blade Runner

Os antigos computadores de fósforo verde ainda eram bem proeminentes no começo dos anos 1980, quando o filme chegou aos cinemas, mas convém lembrar que Blade Runner é uma distopia que mistura o velho e o novo. Por exemplo, Tyrell ainda usava velas comuns em seu quarto, nada de lâmpadas inteligentes ou mesmo incandescentes.

Por isso, nem surpreende o fato de que os mesmos computadores antigos tenham reaparecido em Blade Runner 2049, como se o mundo não tivesse evoluído quase nada em 30 anos nos setores em que a Wallace Corporation (empresa que absorveu a Tyrell Corp. anos após o filme) não atua diretamente.

8. Chamadas de vídeo

Warner Bros.

Aqui Ridley Scott acertou, mas em partes. Chamadas em vídeo não eram bem uma novidade na época em que Blade Runner estreou, mas eram muito restritas. Hoje, realizar uma videoconferência ou uma chamada de vídeo pelo celular é trivial, ainda que não seja uma atividade muito popular.

O motivo é simples, imagem é muito mais reveladora do que apenas a voz. Ser visto descabelado e com o rosto remelento de manhã, porque seu chefe o acordou de surpresa não é agradável para ninguém.

9. Comida e órgãos desenvolvidos em laboratório

Warner Bros.

Em Blade Runner, comida real é um luxo e quase tudo é processado. Ao mesmo tempo, a medicina avançou o suficiente não só para desenvolver replicantes do zero, mas também para comercializar órgãos cultivados.

Hoje existem exemplos de alimentos replicados em laboratório, mas ainda estamos engatinhando no cultivo de órgãos, embora tenhamos dado alguns passos importantes nessa direção. Ou seja, estamos um pouquinho atrasados.

10. Caos urbano e caldeirão multicultural

Warner Bros.

Como uma das poucas metrópoles ainda viáveis depois do colapso do meio ambiente, a Los Angeles de Blade Runner é uma cidade com gente até a tampa, de todos os lugares, culturas, religiões e estilos de vida.

Isso fez dela um caldeirão multicultural, ao ponto dos cidadãos usarem um dialeto único, o "Cityspeak": uma mistura de espanhol, francês, japonês, chinês, alemão, húngaro e alemão. Essa mistura se nota nas roupas, nos outdoors (muitos com ideogramas chineses ou japoneses), na comida, em tudo.

A absorção de elementos de diversas culturas é um processo inerente ao ser humano desde o início, mas é fato que muitos dos elementos visuais de Blade Runner acabaram por influenciar as artes e mídias nos anos seguintes. O filme e o livro, junto com obras como Neuromancer e Monalisa Overdrive, de William Gibson, ajudaram a cimentar o gênero Cyberpunk no imaginário popular.

Ao mesmo tempo, o pouco espaço disputado por pessoas, empresas e spinners faz de Los Angeles uma cidade caótica, ainda mais por ser sempre suja e chuvosa. Isso nem pode ser considerado uma previsão, visto que o trânsito nas cidades e a superpopulação são problemas bem antigos, que vem se acentuando conforme o passar do tempo.

Embora ainda tenhamos um mundo minimamente saudável, tanto lá quanto cá esses problemas não parecem ser tão simples de solucionar.

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