Ronaldo Gogoni 4 anos atrás
Lançado no Brasil nesta quinta-feira (21), o LG G8X ThinQ é a segunda geração da solução da LG para celulares dobráveis: ao invés de uma tela flexível, o aparelho tem dois displays independentes, foco em multitarefa e funções diferenciadas.
O Meio Bit brincou com o bichinho por alguns momentos e estas são nossas primeiras impressões.
Como solução em si mesmo, o LG G8X ThinQ é um celular premium bem construído, com linhas suaves e corpo em metal e vidro. Embora ele seja bastante liso, seu tamanho confere uma pegada razoavelmente firme quando separado da Dual Screen.
Ele segue o design de bordas finas, embora ainda traga um queixo pequeno na parte inferior. O notch está lá, em forma de gota e acomoda unicamente a câmera selfie.
Já a Dual Screen foi redesenhada. A primeira geração, compatível com o LG V50 ThinQ se ligava ao celular através de três pinos na lateral, lembrando o conector POGO de teclados para tablets. Aqui, ela assumiu o formato de estojo, que abraça totalmente o G8X ThinQ e usa um conector USB-C macho interno.
Essa decisão de design torna o kit bem mais sólido, não correndo o risco de se conectar por qualquer problema. Ambos, celular e Dual Screen estão também bem mais finos e leves, somando juntos respectivamente 15 mm e 326 g.
Para conectar ou desconectar o celular, basta fazer uma pequena forcinha nas bordas do estojo da Dual Screen, que não é rígido. Por sua vez, ele conta com uma porta USB-C própria para carregamento do kit e conexão de dados, e traz um furo de acesso à porta P2. Pois é, a LG ainda não abandonou os fones de ouvido tradicionais.
Uma das principais reclamações dos usuários em relação ao V50 ThinQ era a diferença de tamanhos das telas. Com o LG G8X ThinQ, isso foi corrigido e temos agora dois displays OLED idênticos, de 6,4 polegadas e resolução Full HD+ (2.340 x 1.080 pixels).
O problema é que a LG levou a simetria ao pé da letra.
A qualidade de cor e brilho do OLED é muito boa, a economia de energia proporcionada pela tecnologia também é legal, o preto perfeito é excelente, mas a tela do Dual Screen traz um detalhe incômodo na forma do notch: ele é um espaço absolutamente morto na tela, que diferente do display do G8X ThinQ, não acomoda absolutamente nada ali.
Pior: enquanto você pode ajustar as configurações do celular e esconder o notch com uma barra preta superior, o mesmo não pode ser feito no display da Dual Screen, que só some se o app for configurado por padrão para escondê-lo. Por mais que você bata o olho e veja duas telas iguaizinhas, não faz sentido desperdiçar espaço dessa maneira.
Se o objetivo era tornar a tela do acessório igual a do celular, então cortassem o display e colocassem ao menos um alto-falante ali, como era no kit do V50 ThinQ, pombas.
O estojo traz mais uma tela, um display OLED monocromático de 2,1 polegadas no exterior, para o modo Always One e útil para exibir notificações. Segundo a LG, ela foi incluída a pedido dos consumidores, que desejavam ter um meio de checar atualizações sem ter que abrir o aparelho o tempo todo.
No uso como tela única, o G8X ThinQ não se destaca dos concorrentes: é um celular de ponta, equipado com um Snapdragon 855, 6 GB de RAM e 128 GG de RAM, logo, rodar apps pesados, jogar e fazer multitarefa não é um problema.
Claro, as coisas mudam com a Dual Screen conectada, que adiciona uma série de funções inteligentes. Uma delas, desenvolvida em parceria com a Gameloft se reflete em jogos, oferecendo joysticks personalizados na hora de jogar. Assim, a tela superior fica livre enquanto você controla a ação na inferior. Curtir Asphalt 9: Legends e outros títulos assim é apenas... Certo.
O kit também é ótimo para consumir conteúdo: é possível abrir o mesmo app em cada uma das telas, ou rodar duas aplicações independentes e ser verdadeiramente multitarefa, com duas janelas separadas no visual que não se sobrepõem.
Como o acessório agora gira em até 360 graus de forma livre, você pode dobrá-lo em modo tenda, apoiá-lo em uma mesa e duas pessoas podem fazer coisas diferentes, como responder chamadas e assistir um vídeo no YouTube.
Se é bom para jogar e consumir conteúdo, o kit também faz um bom trabalho como ferramenta de produtividade. Por exemplo, a tela inferior pode assumir a função de teclado completo e jogar a tela principal do app para o display da Dual Screen, com o simples toque em uma função nativa, que aparece quando o LG G8X ThinQ é segurado em modo paisagem.
Para quem sentia saudade de um teclado QWERTY completo, esta função é um bom quebra-galho (há quem ainda prefira teclas físicas) e aproxima a usabilidade de um notebook, embora obviamente não tão espaçoso ou poderoso. Ainda assim, é uma ferramenta interessante para quem precisa escrever muito on the go e ver o que está digitando, com mais comodidade.
Na parte da segurança, o G8X ThinQ traz um leitor de digitais óptico sob a tela, uma solução que segundo a LG teve que ser implementada a contra-gosto: a companhia ainda acredita que o sensor físico é melhor do que um no display, mas para este caso, coloca-lo em outro lugar que não a tela não seria confortável o bastante.
A bateria de 4.000 mAh alimenta todo o kit, logo, não é lá muito esperto usar o celular com a Dual Screen o tempo todo, se sua ideia é poupar energia. Pensando nisso, um carregador rápido de 21 W acompanha o conjunto.
Obviamente, não dá para falar da performance de câmeras em um ambiente não muito propício para fotos, mas convém mencionar a interação delas com a Dual Screen. O conjunto principal duplo, de 13 e 12 megapixels e a frontal, com generosos 32 MP aproveitam a tela extra para fazer alguns truques interessantes.
Um deles é o modo espelho, que replica a tela da câmera em uso nas duas telas, mas o outro, mais útil, permite visualizar a galeria enquanto você filma ou fotografa. Assim, é possível analisar quais capturas ficaram boas e descartar as ruins, sem ter que fechar a câmera e poupando tempo.
A Dual Screen não é um acessório para ser usado o dia inteiro, isso é fato. Para ouvir música, fazer exercícios e consumir conteúdo na rua ou no trânsito, usar o LG G8X ThinQ destacado do estojo é o certo a se fazer, até para poupar a bateria. Agora, no conforto do lar ou em um escritório, o display extra mostra a que veio.
Ele oferece uma série de casos de uso práticos, como um teclado completo para digitar em modo paisagem e um display livre, como os antigos celulares com teclados QWERTY deslizantes (saudades Motorola Milestone/Droid), visualizar a galeria de fotos enquanto fotografa ou filma, posicionar os controles virtuais de jogos fora da tela de ação e claro, abrir apps para responder notificações sem parar o que está fazendo em outro, ou alternar entre apps quando você precisa transferir informações.
Por exemplo, evitar ir de um app a outro para digitar os dados de uma conta de banco, enviada via mensagem do WhatsApp, ou situações semelhantes já é uma tremenda vantagem.
O problema da LG vai ser justificar os R$ 5.999 pedidos no kit, já que a empresa não vai vender o celular e a Dual Screen separadamente. A meu ver, a solução é a longo prazo mais durável em termos de resistência do que telas flexíveis, e o form factor de display duplo não é novidade desde o Nintendo DS, um design de 15 anos mais do que consagrado.
Com o tempo, caso o preço do G8X ThinQ Dual Screen chegue a valores próximos a R$ 3,5 mil, ele se tornará uma opção muito mais interessante, até porque ele continua sendo um smartphone premium com poder de fogo de sobra.