Ronaldo Gogoni 4 anos atrás
O Odyssey 2 é o melhor notebook gamer da Samsung, desde que a empresa resolveu entrar nesse mercado: ele chegou ao Brasil com um design mais comportado, três configurações e preços sugeridos entre 5.799 e R$ 8.999.
A versão de ponta traz processador Intel Core i7-9750H, placa de vídeo nVidia GeForce RTX 2060, 16 GB de RAM, SSD de 512 GB, HD SATA de 1 TB e tela de 15,6 polegadas Full HD, com dois recursos exclusivos: taxa de atualização de 144 Hz e nVidia G-Sync.
Afinal, o Odyssey 2 justifica o alto investimento? Eu o testei por três semanas e conto minhas impressões a seguir.
O Odyssey 2 possui uma construção sólida, com corpo em metal ao invés de plástico e na cor preto fosco, disponível apenas no modelo de ponta. As linhas são retas e econômicas, bem menos chamativas do que em gerações passadas e os LEDs extras, no logo da tampa e no touchpad ficaram no passado, ainda bem.
Ele ainda traz alguns elementos que o tornam bem chamativo, como o botão Liga/Desliga (o logo Odyssey acima do teclado) que acende em cores diferentes: vermelho em uso, azul quando carregando em modo stand-by, verde para carga em 100% e roxo com o Beast Mode ativo. O suporte único que liga o corpo à tampa, dando ao display o aspecto de um monitor dedicado completa a sensação de "comportado, mas não muito".
Na parte das portas, a Samsung foi desnecessariamente econômica: o Odyssey 2 traz três USB-A 3.1, uma USB-C 3.1, uma HDMI 2.0, uma Ethernet Gigabit e só. Seria interessante ao menos uma USB-A 2.0 adicional para periféricos, como mouse e teclado externos e a falta de um leitor de cartões SD, ou mesmo microSD chega a ser inexplicável. O componente quase não ocupa espaço, e é sempre uma opção bem-vinda.
Quem depende de cartões em seu trabalho (fotógrafos, por exemplo) terão que se virar com um leitor externo USB, cuja porta em uso poderia ser melhor empregada.
Temos aqui um display LCD de 15,6 polegadas, com resolução Full HD (1.920 x 1.080 pixels) e no modelo de ponta, uma taxa de atualização de 144 Hz e suporte à tecnologia nVidia G-Sync, para reduzir a "quebra" de quadros durante jogos. No uso geral ela é muito boa, com alguma pequena saturação nas cores nos ajustes padrão, mas nada que comprometa. Para isso, o recurso Odyssey Mode permite escolher perfis de cores dependendo do tipo de jogo que está rodando.
A camada antirreflexo torna usa-lo ao ar livre uma experiência muito boa, embora não muito recomendáve, por causa do design da tela em si: o suporte central único, que deixa dois vãos laterais passa a impressão de ser insuficiente para o peso da tampa.
Durante meus testes, eu notei que a tela tende a se inclinar um pouco para trás, toda vez que o Odyssey 2 é apoiado em uma superfície, diferente do que acontece com notebooks que trazem duas dobradiças e nenhum espaço lateral. Me pergunto se esse "vai e vem" não acabará por desgastar o componente com o tempo, mas isso, só o tempo dirá.
Na parte do som, os dois alto-falantes de 1,5 W entregam um boa qualidade sonora, com suporte a Dolby Atmos e efeitos 3D, mas não espere uma alta reprodução de grave. No geral, é melhor jogar com fones de ouvido, principalmente se o Beast Mode estiver ativo, para não ouvir as ventoinhas.
A Samsung entendeu que a decisão de espremer o teclado e touchpad na parte inferior no Odyssey Z, para posicionar a saída de ar na parte superior não foi uma solução inteligente. Aqui, volta o design completo com teclado numérico e o touchpad grande e espaçoso na parte inferior, com o mesmo efeito marmorizado do logo Odyssey na tampa, apenas estético.
As teclas chiclete são bem espaçadas e confortáveis ao toque, e a retroiluminação segue o padrão da linha em vermelho, mas você pode ajustar a intensidade nas configurações. As teclas WASD são destacadas na mesma cor, afinal, discrição para quê?
O touchpad, por sua vez tem o tamanho correto e responde bem aos comandos do usuário, embora valha a regra: para maior precisão em jogos, nada supera um mouse dedicado. Para navegação, uso em programas e etc., ele é mais do que o suficiente para a maioria dos consumidores.
Temos aqui o processador i7-9750H, Intel Core de 9ª geração com 6 núcleos, 12 threads e clock base de 2,6 GHz, chegando a até 4,5 GHz com TurboBoost, trabalhando junto com a placa de vídeo RTX 2060 da nVidia, com 6 GB de RAM GDDR6 e suporte a ray tracing, a tecnologia que usa a Física para reproduzir reflexos e luzes com fidelidade.
No armazenamento, um SSD NVMe M.2 de 512 GB para o sistema, um HD SATA de TB e uma terceira baia M.2 disponível e na RAM são 16 GB DDR4 a 2.666 MHz, expansível a até 32 GB, o que pode ser muito hoje, mas para quem procura um notebook bom hoje que dure vários anos seria melhor termos a opção de expandir até 64 GB.
Ainda assim, na hora do vamos ver o Odyssey 2 mostra a que veio: ele é um monstro.
O Odyssey 2 roda o Windows 10 Home e traz no programa proprietário Odyssey Control uma série de ajustes finos. Além do já citado Odyssey Mode, é nele em que é possível ativar o Beast Mode (acessível também pelo comando Fn + F11), que ativa uma espécie de overclock e aumenta a já alta performance em até 15%. Claro que isso traz efeitos colaterais, com as ventoinhas tendo que cortar um dobrado para manter as temperaturas civilizadas e isso implica em mais barulho.
Através do software é também possível ligar o monitor de desempenho em tempo real e acessar as capturas de tela, fazendo dele um programa bem útil. O mesmo não pode ser dito de outros bloatwares instalados de fábrica, mas nada que uma formatação limpa não resolva.
No desempenho, o Odyssey 2 marcou a maior nota em processamento multi-core dos últimos notebooks que analisei, com 22.233 pontos, mas como isso se reverte no uso propriamente dito? Muito bem, eu diria.
Em programas e jogos razoáveis o notebook gamer nem suou e na hora de rodar aplicações mais pesadas, ele fez bonito. Jogos como Hellblade: Senua's Sacrifice, Battlefield 1, Gears of War 5, The Outer Worlds e Forza Horizon 4 foram executados com alta taxa de quadros e gráficos no máximo. No caso do jogo de corrida, ajustar a taxa de atualização em 144 Hz manteve o framerate entre 90 e 95 fps, o que é uma experiência desconcertante para títulos do gênero.
Para testar o desempenho do ray tracing, rodei Metro Exodus, com os gráficos no máximo e a taxa de frames ficou entre 25 e 38 fps. Ao reduzir para o High, ela subiu para 56 fps; reduzindo a qualidade dos reflexos e voltando ao Ultra, a taxa se manteve em torno de 65 fps.
Mais uma vez, a RTX 2060 é o modelo mais "básico" que implementa reflexos realistas, logo, não dá para fazer mágica. Se você deseja mais desempenho, é melhor ir atrás de notebooks com a RTX 2070 ou 2080, mas prepare-se para gastar muito mais dinheiro.
Já a bateria de 54 Wh é o que se espera de um notebook gamer de ponta: não dura grande coisa. Em meus testes, bastaram 2 horas de Netflix 2 e 90 minutos de Spotify via Google Chrome, com o brilho no máximo para derrubar a carga de 100% para 10%. Jogos? Esqueça, ele só resistiu 30 minutos de Metro Exodus com ray tracing ligado, e vale lembrar que o Beast Mode só funciona com o Odyssey 2 conectado à energia.
Logo, a máxima prevalece: não fique muito longe de uma tomada, mesmo durante atividades corriqueiras.
O Odyssey 2 mostra que a Samsung ouviu o feedback de seus usuários: menos LEDs chamativos, construção sólida em metal e um teclado mais amplo, com um sistema de refrigeração potente o distanciam bastante das duas primeiras gerações, e cimenta que o Odyssey Z foi um erro.
O kit processador/RAM/GPU entrega uma performance espetacular, fazendo deste notebook uma escolha interessante para profissionais de áudio e vídeo, apesar de seu design ainda não ser muito discreto. A taxa de atualização de 144 Hz e o suporte ao nVidia G-Sync e ray não fazem feio em jogos, mesmo os mais exigentes e com ray tracing ativado; para mais potência há o Beast Mode, ainda que ele eleve o barulho das ventoinhas.
Claro que há defeitos: ele tem menos portas do que deveria, a ausência do leitor de cartões pode incomodar muita gente, a dobradiça central parece insuficiente para o peso da tela e a Samsung poderia ter muito bem colocado mais dois slots de RAM, permitindo expandir a memória para até 64 GB ao invés de limitá-lo em 32 GB. Pode ser muito hoje, mas nunca se sabe.
E claro, tem o preço. R$ 8.999 não é um valor atraente para ninguém, e por R$ 1,5 mil a menos você leva para casa o Lenovo Legion Y540, que traz os mesmos processador, GPU, quantidade de RAM e HD. Por outro lado, você perde em espaço de SSD (128 GB) e na tela, que possui uma taxa de atualização de apenas 60 Hz.
O Avell G1550 RTX também possui a mesma configuração de processador, GPU, RAM e SSD, e conta com uma tela de 144 Hz tal qual o Odyssey 2; a seu favor, o suporte à expansão de RAM a até 64 GB e mais portas; como pontos negativos, é mais caro (R$ 9.799), não traz Windows pré-instalado e o HD SATA de 1 TB na configuração máxima padrão.
Na minha opinião, o Odyssey 2 é o mais equilibrado dos três notebooks gamer, sendo a melhor escolha para quem tem dinheiro sobrando hoje e não quer atualizar o equipamento por um bom tempo. Sim, o preço está caro, mas lembre-se que o dólar não está em um patamar amigável e por causa disso, os valores sugeridos de todo o setor de tecnologia brasileiro escalaram.
Para finalizar trago três perfis de compra, um para cada modelo; escolha o que melhor lhe atender, claro:
Pontos fortes:
Pontos fracos: