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Avenue 5 - Resenha com spoilers

Avenue 5 é uma comédia espacial da HBO, com Hugh Laurie, Josh Gad e outros. Tinha tudo pra dar certo, mas acabou se perdendo no espaço.

4 anos atrás

OK, não há como açucarar isso. Avenue 5 é ruim, e pior, não tinha potencial, apesar do excelente elenco e ser da HBO, mas parafraseando a Esquire, Avenue 5 mirou em Battlestar Galactica mas acabaram perdidos no espaço.

Avenue 5 é uma comédia de Armando Iannucci, criador de Veep, que nunca vi mas a Íris diz ser excelente. É uma crítica à comercialização do espaço, ricos sem nenhum tipo de controle ou fiscalização e gente incompetente alçada a cargos acima de suas capacidades.

A premissa da série: Em um futuro não-especificado existe uma indústria de turismo espacial capaz de construir naves como a Avenue 5, um gigante que em sua viagem inaugural leva 5000 passageiros em um cruzeiro de oito semanas até Saturno. A nave é das Juddspace, empresa criada por Herman Judd, empresário,  bilionário, gênio, etc. O capitão, Ryan Clark, cumpre suas funções sociais entretendo os passageiros, quando o engenheiro-chefe morre em um acidente em uma caminhada espacial.

Ao mesmo tempo o sistema de gravidade artificial da nave sofre uma pane, os passageiros são jogados contra a parede, e isso altera o curso, agora ao invés de oito meses a Avenue 5 levará três anos para retornar à Terra.

Descobrimos então que o capitão não é um capitão, é só um sujeito contratado pelo falecido engenheiro-chefe para "fazer a social". Herman Judd é um sujeito completamente maluco, que não escuta nada do que falam pra ele, e aí os problemas começam.

A proposta é contar histórias dos passageiros desajustados em uma situação fora de controle, com os personagens principais agindo como peixes fora d´água, mas o personagem do Capitão, feito pelo sempre excelente Hugh Laurie, não orna.

Por algum motivo as telas do controle da missão ficam atrás dos operadores.

Ele está desconfortável com a situação, ele não quer ser o capitão, não quer estar ali. E se ELE não quer, por que diabos NÓS, os espectadores vamos torcer por ele?

Todos os personagens parecem se odiar. Em determinado momento Zach Woods, o ótimo Jared de SIlicon Valley e em Avenue 5 uma espécie de agente de concierge da nave humilha desnecessariamente o personagem de Ethan Phillips (sim, o Neelix de Voyager) na frente dos passageiros.

Cientificamente a história não faz sentido. Que diabos de nave é essa que é incapaz de fazer uma correção orbital? E por mais automação que exista no futuro, alguém  tem que saber como a nave funciona, além do engenheiro-chefe e sua assistente.

 

As piadas simplesmente não funcionam. Um dos pontos do personagem de Hugh Laurie é que ele é inglês, mas usa sotaque americano pois disseram que isso passa mais confiança. Sendo que ver o Hugh Laurie falando com sotaque inglês perdeu a graça depois que descobrimos que os vídeos de Fry and Laurie e Blackadder estão no youtube.

Isso foi explorado de forma muito melhor, na brilhante cena de House quando Hugh Laurie, um ator inglês faz um personagem americano imitando um sotaque inglês.

Herman Judd, feito pro Josh Gad, que uns chamam de Jack Black de R$1,99 mas é injusto, é outro personagem... ruim. Existe uma linha fina separando o personagem meio desconectado com a realidade de um personagem que simplesmente não funciona.

Mais de dois minutos foram gastos numa cena aonde a grande piada era a tela que deveria mostrar paisagens bucólicas estar travada mostrando uma zona industrial.

Um exemplo de personagem nesse estilo bem-feito: O Grandmaster, do Jeff Goldblum em Thor Ragnarok. A gente percebe que ele não está totalmente ali no momento, a mente dele viaja por um monte de outros pensamentos, mas ele continua competente no que faz. Josh Gad não, a gente fica se perguntando como aquele cara virou bilionário.

O resto das piadas... bem, em uma cena o personagem de Zack Woods explica que estão todos nas mãos do destino, que não sabem o que pode acontecer. Uma das passageiras pergunta "e por quê você está tão feliz?" ele responde: "Eu sou um niilista".

Nota da Redação:

Niilismo, segundo a Wikipédia...

"Argumenta que a vida é sem sentido objetivo, propósito ou valor intrínseco. No que diz respeito ao universo, o niilismo existencial postula que um único ser humano ou mesmo toda a espécie humana é insignificante, sem propósito e irrisória a ponto de não mudar em nada a totalidade da existência. Dada esta circunstância, a própria existência — toda a ação, o sofrimento e sentimento — é, em última instância, sem sentido e vazia."

Sim, é uma piada que precisa de uma nota explicativa para tentar (e falhar em) ser engraçada.

No final, Avenue 5 não é a sério como Expanse, nem galhofa como Spaceballs. Parece ser escrita por gente cuja experiência com ciência e tecnologia se resume a ter gravado The Martian para assistir qualquer dia, mas a "ciência" é apresentada de forma tão inofensiva que nem chega a ser bom de tão ruim, como o deliciosamente errado Salvation.

Para dar uma idéia, o único momento em que consegui rir no episódio foi agora, procurando um trailer legendado e dando de cara com essa pérola do fansub, quando a frase "Set your phasers to fun" virou...

Trailer

Cotação:

1/5 Titanics de Futurama (nem deu vontade de fazer o GIF)

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