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10 anos de Avatar: por que o filme ainda é tão falado

O filme Avatar completou 10 anos, mas indo além dos dólares e das sequências que ainda serão lançadas, qual é sua real influência sobre a cultura pop?

4 anos atrás

O filme Avatar completou 10 anos em 2019, e o seu escritor e diretor James Cameron está preparando uma volta (que ele espera seja triunfal) aos cinemas com mais quatro sequências, transformando seu filme em uma verdadeira saga. Mas o que Avatar tem de tão memorável assim? Será que esse filme ainda está mesmo no imaginário das pessoas? Antes de responder isso, temos que falar sobre o seu impressionante desempenho nas bilheterias.

O primeiro Avatar faturou mais de 2 bilhões e 700 milhões de dólares, com a maior parte dos ingressos vendidos para sessões 3D, o que o levou a ganhar o título de filme mais rentável da história, que ele manteve por quase 10 anos, até ser ultrapassado por Vingadores: Ultimato (em valores não ajustados para inflação).

Avatar

A maior explicação para o seu impressionante sucesso financeiro se deve ao revolucionário uso de 3D no filme, que foi realmente o grande diferencial do filme, e que levou muita gente para as salas de cinema para conferir a tecnologia. Avatar deu início a uma hegemonia de cinemas 3D, que atualmente perdeu parte da sua força, mas continua sendo interessante para as salas de cinema, que conseguem cobrar mais pelos ingressos.

James Cameron aposta que existe demanda para uma longa franquia, e a Disney (atual dona da Fox) está disposta a bancar o risco. Ele também acredita que Avatar irá recuperar sua posição quando for relançado antes da chegada de Avatar 2, que vai estrear em dezembro do ano que vem.

O por do sol em Pandora

Afinal, Avatar está ou não está no imaginário da cultura pop?

No seu lançamento, o filme foi bem recebido pela crítica, e o prestigiado Roger Ebert previu que ele entraria de vez na no imaginário da cultura pop, se tornando tão influente quanto outras franquias, o que acabou não acontecendo. No texto, que definitivamente não envelheceu bem, o crítico de cinema chegou a comparar a sensação de ver Avatar com a de ter visto Star Wars no cinema em 1977.

Os efeitos de Avatar até que envelheceram bem e não fazem feio até hoje, mas o filme não tem nenhuma citação que tenha sido capaz de entrar no imaginário popular. A falta de frases icônicas no roteiro é mesmo uma pena, basta lembrar de outros filmes clássicos de James Cameron, como Titanic e O Exterminador do Futuro 2, isso pra não citar tantas frases eternas que outras franquias deixaram marcadas para sempre na memória dos fãs.

Apesar de toda a empolgação da Disney e de Cameron com a franquia Avatar, o mesmo não parece acontecer com os fãs. É fácil reparar, depois do lançamento do filme, as empresas logo pararam de fazer brinquedos dos Na'Vi. Também não vemos cosplayers com os personagens de Avatar em Comic Cons como acontece com outras franquias cinematográficas.

De alguns anos pra cá, muito por conta da Disney, algo mudou, e Avatar voltou a ser mais falado. O motivo foi que antes mesmo de comprar a Fox, a Disney resolveu inaugurar um parque temático dedicado ao filme.

Um passo importante para que o público relembrasse de Avatar foi a criação de Pandora: The World of Avatar, inaugurado em 2017 no Animal Kingdom da Disney World em Orlando, Flórida. O parque é composto por duas atrações, Flight of Passage e Na’vi River Journey, e realmente abre os olhos de fãs mais novos sobre esse filme que fez tanto sucesso uma década atrás.

Fora da Disney World, fica mais difícil reconhecer o impacto de Avatar na cultura pop, mas garanto que Cameron e a Disney não estão desanimados, muito pelo contrário. As futuras sequências são na prática novas possibilidades de colocar a franquia Avatar na vida dos seus fãs ao sol, mas tudo vai depender dos roteiros, que definitivamente não são o forte do primeiro filme.

A trama: colonizadores malvados ameaçam um povo que vive em comunhão com a natureza

A trama básica de Avatar gira em torno da lua Pandora, que orbita um planeta gigantesco em um sistema solar distante. Pandora é muito rica no metal unobtanium, o que desperta a cobiça dos invasores humanos, que precisam lidar com a população local (os Na'vi).

Os primeiros contatos são feitos de forma pacífica, através de Avatares, em um projeto liderado pela Dra. Grace Augustine, vivida por Sigourney Weaver (em seu primeiro trabalho com Cameron desde Aliens), e o soldado Jake Sully recebe a missão de se infiltrar e interagir com os Na'Vi para descobrir maiores detalhes que poderão ser usados em uma possível invasão.

Vale destacar que Sully usa cadeira de rodas e tem uma experiência realmente profunda ao entrar em seu Avatar. Por conta de um romance com Neytiri (Zoe Saldana), ele passa a lutar do lado dos Na'vi. Se a história de uma espécie em total comunhão com a natureza sendo ameaçada por colonizadores cruéis com grande poderio bélico não é nada original, pelo menos ela é passada em um mundo incrível concebido por James Cameron, uma lua de um planeta gigante com florestas bioluminescentes e montanhas flutuantes.

Jake Sully

Algo que pra mim sempre prejudicou Avatar é que seu ator principal Sam Worthington parece ser bem gente boa, mas não tem muito carisma, ainda mais em contraste com a ótima interpretação de Zoe Saldana como Neytiri. Uma curiosidade é que o ator estava vivendo em seu carro na época que fez o teste para o papel de Jake Sully, não que dê pra perceber nenhum resquício disso na sua expressão, sempre inabalável.

Luta nos céus de Pandora

Como eu disse em outro texto (já citado e linkado acima), acho o universo de Pandora riquíssimo, mas é inegável que existam vários problemas com o filme em si. A verdade é que Avatar se vendeu mais nos efeitos e nas animações com capturas de movimentos e feições do que em algum de seus personagens, que não eram especialmente carismáticos.

Pocahontas e os Na'Vi

O filme se tornou piada um ano depois do lançamento, quando uma imagem com o argumento básico de Pocahontas com os nomes dos personagens riscados e os de Avatar escritos em cima viralizou (veja esse post do B9 escrito uns 10 anos atrás), mas Cameron se defendeu declarando que apesar das semelhanças, sua ideia é sim 100% original.

O roteirista e diretor garante ter criado os conceitos iniciais de trama nos anos 60, dizendo que Avatar era uma união de quatro argumentos de ficção científica criados por ele: Xenogenesis, Chrysalis, Mother e Wind Warriors. As florestas de Pandora foram inspiradas em um desenho que ele fez quando era adolescente, mostrando o "Planet Flora", que aliás ele ainda guarda até hoje.

Cena de Avatar

A comparação da trama principal com a de Pocahontas realmente faz todo o sentido, e certamente não ajudou o filme a encontrar seu nicho como filme cult. Não tem jeito, hoje em dia, Avatar é mais falado por conta de sua disputa com Vingadores: Ultimato, pelo parque na Disney e também pelas futuras sequências do que pelo filme propriamente em si.

Cm todas as coincidências, além de várias críticas e restrições que eu mesmo faço ao filme, acho louvável ver um blockbuster fazer tanto sucesso com uma ideia que não foi diretamente inspirada em nenhum livro, filme ou série de TV, e que por mais que seja parecida com várias outras, tem elementos originais suficientes para ser considerado algo único.

A tecnologia e as liberdades poéticas do filme

Pandora pode ser uma lua ficcional, mas o sistema solar onde ela supostamente ficaria existe sim, nosso vizinho mais próximo, Alpha Centauri A, que fica a cerca de 4,367 anos-luz da Terra, algo importante para a história. A lua ficaria em órbita do gigante de gás Polifemo (Polyphemus), e esse post da Space fala um pouco sobre as consequências disso (resumindo, radiação pra caramba).

A tecnologia usada em Avatar vai desde o que já vemos sendo usado na prática, como exoesqueletos, até outros totalmente ficcionais, como a criação dos Avatares usando DNA humano e dos Na'Vi, mas a maior forçada de barra do filme é mesmo a remotíssima chance de encontrarmos vida inteligente em um estágio parecido com o nosso em um local tão perto, mas é um filme de ficção, não precisa ficar analisando tão a fundo.

A linguagem dos Na'Vi

Entre os méritos do filme, um dos melhores exemplos, foi a criação da língua dos Na'Vi, feita do zero pelo linguista Dr. Paul Frommer. Em uma entrevista ao Vanity Fair (que já não está mais no site), o Dr. Frommer contou como criou toda a linguagem da raça alienígena de Pandora, não só a sua sonoridade, mas também gramática, ortografia e sintaxe. O vocabulário dos Na'Vi tinha 1000 palavras, mas é possível que precise ser expandido para os novos filmes.

Na época, Frommer demonstrou uma esperança de que o idioma dos habitantes de Pandora se tornasse tão presente quanto o Klingon de Star Trek, criada por Mark Okrand, o que definitivamente não foi o caso, muito por conta das tão faladas sequências não terem saído do papel até hoje, e dos motivos citados acima.

Os novos desafios de James Cameron

James Cameron adora um desafio, e tenho certeza que ele está se preparando para superar tudo que ele já fez na indústria com sobras, e aqui entre nós, não foi pouca coisa. Só pra deixar claro, não estou falando da bilheteria de Avatar 2 e 3, algo complicado de prever, mas sim dos efeitos especiais. Dito isso, não duvido que as sequências garantam suas próprias enxurradas de espectadores só pelas técnicas incríveis que Cameron certamente vai usar nos filmes.

Avatar foi indicado a 9 Oscars, incluindo melhor filme e melhor diretor para James Cameron, mas acabou levando só três, todos em categorias técnicas. O filme garantiu os Oscars de efeitos visuais e direção de arte, além de ter sido agraciado com a prestigiada estatueta de melhor fotografia.

Quando Avatar foi lançado, o uso de 3D no cinema era algo de nicho, mas depois dele, se popularizou muito, como citei no começo do post. Outra mudança foi a adoção de projetores digitais, que se mantém em alta até hoje, ao contrário do 3D, já que muitas pessoas (eu incluso) preferem ver a versão convencional. Outro legado do filme foi o sistema de câmeras criado por James Cameron e Vince Pace, o Fusion Camera System.

Cameron seguramente está planejando várias novidades tecnológicas para os novos filmes, que podem ajudar a franquia Avatar a garantir seu espaço no panteão de filmes cult. Não convém menosprezar ou duvidar da capacidade de James Cameron, tirando as sequências de O Exterminador do Futuro que ele produziu, todas bem fracas, ele geralmente sabe o que está fazendo.

Expectativas para Avatar 2 e 3

A grande expectativa para Avatar 2 é ver o que James Cameron está preparando para explodir a cabeça dos espectadores. Segundo relatos, ele passou 10 anos estudando gravações embaixo d'água, já que parte da nova trama vai se passar nos oceanos de Pandora.

Para quem está curioso sobre Avatar 2, recomendo este post com as artes conceituais do filme, apresentadas junto com uma Mercedes-Benz na também conceitual na CES no começo do mês em Las Vegas. Um detalhe interessante é que todas as artes mostram água, embora nenhuma delas seja efetivamente embaixo d'água.

É claro que a aposta da Disney nas sequências de Avatar é bem alta, mas elas só vão sair do papel pois os executivos da empresa reconhecem o toque de Midas que James Cameron sempre teve em seus projetos.

Cena de Avatar

A Disney certamente está torcendo para que o novo filme seja um sucesso, tanto para revitalizar o parque (e quem sabe fazer outros), como também para garantir as outras quatro sequências que estão sendo planejadas por James Cameron. Uma coisa é certa, elas não vão custar nada barato, já que o filme original saiu cerca de US$ 280 milhões.

James Cameron garantiu que vai dirigir as duas primeiras sequências, mas tudo indica que se torne produtor das outras três, isso se tudo der certo e elas forem realmente produzidas. Avatar 2 e 3 foram filmados juntos, então eles estão 100% garantidos. Os outros 2 já tiveram suas datas anunciadas, mas ainda deverão depender do sucesso das duas primeiras sequências, o que como disse antes, não é difícil de acontecer em se tratando de um projeto de James Cameron.

E vocês, estão ou não animados para Avatar 2, 3, 4 e 5? Citando todos de uma vez assim eu fico um pouco menos receoso, mas são esses os ambiciosos planos de James Cameron para sua franquia bilionária.

Ficou com vontade de rever Avatar? No momento, o filme está disponível nos Estados Unidos no Disney+, mas aqui no Brasil, não está no catálogo de nenhum serviço de streaming, a não ser pago, para alugar ou comprar.

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