Meio Bit » Games » Doom Eternal — Review

Doom Eternal — Review

Podendo ser considerado um dos melhores FPS da geração, Doom Eternal é um jogo carregado de ação até a alma e que felizmente nunca esquece suas origens

4 anos atrás

Eu não acho que seja exagero dizer que o reboot da série Doom, lançado em 2016, tenha sido uma grande surpresa. Mesmo com alguns problemas, aquele jogo conseguia manter viva a essência da franquia e acima de tudo, era extremamente divertido. Veio então o anúncio de uma continuação e quando parecia muito difícil que a id Software conseguiria se superar, o Doom Eternal se mostrou um dos melhores FPSs desta geração.

doom eternal

Com o seu enredo se passando dois anos após os eventos mostrado no antecessor, ele mostra o planeta Terra tendo sido destruído pela invasão dos monstros que saíram do inferno. Com o resultado do ataque, 60% da humanidade acabaria sendo aniquilada e boa parte dos poucos que sobreviveram fugiu ou se uniu a um grupo de resistência que não estava obtendo muito sucesso.

Caberá novamente ao Doom Slayer a missão de enfrentar a ameaça, com a sua missão principal sendo matar três seres angelicais que pretendem sacrificar os seres humanos. O problema é que após ir à cidade de Nova York e derrotar um deles, os outros dois foram teletransportados e estão com seus paradeiros desconhecidos, o que será a desculpa para visitarmos diversos locais.

Apesar de contar com um enredo um pouco mais profundo que o do jogo anterior, não vá esperando uma excelente história ao encarar o Doom Eternal. Mesmo com uma cena não-interativa ou outra sendo mostrada de vez em quando, o jogo nunca esconde a sua ânsia pela ação e se pensarmos bem, no meio de todo o caos que cerca o protagonista, faz sentido não termos longos bate-papos ou muitos textos para serem lidos.

“É teste pra cardíaco, amigo!”

A primeira coisa que percebemos ao iniciar a campanha do Doom Eternal é o quão frenética será a experiência oferecida pelo jogo. Nos colocando para explodir alguns zumbis com uma escopeta já nos primeiros minutos, o título é o equivalente a estarmos numa motocicleta a mais de 200 km/h, sem usar capacete e com uma das rodas frouxas.

Tudo no jogo acontece num ritmo alucinante: são explosões por todos os lados, monstros dos mais variados estilos investindo na nossa direção e tudo embalado por uma trilha sonora agitadíssima. A solução para sobreviver a esse caos? Nos movimentarmos o máximo que pudermos, ter os reflexos apurados e contar com um pouco de sorte.

Não foram raras as vezes em que saí de um confronto com as mãos suadas e o coração acelerado. Embora o jogo nos permita continuar do mesmo lugar após sermos abatidos, caso tenhamos algumas vidas sobrando, com o tempo elas começam a se tornar mais escassas e a ideia de ter que voltar ao último checkpoint consegue aumentar bastante a tensão.

Porém, me incomodou um pouco o fato de a maioria dos grandes combates acontecerem em locais específicos, salas que funcionam como arenas e que podem ser identificadas previamente no mapa. Isso prejudica um pouco o fator surpresa e faz com que a campanha seja basicamente uma sucessão de corredores, arenas de combate e sessões de plataforma.

Por falar em plataformas, também não me agradou muito a quase obsessão do game por sequências onde serão colocadas a prova a nossa habilidade de evitar buracos. Tudo bem, a jogabilidade até funciona satisfatoriamente em relação a isso, mesmo sendo um jogo em primeira pessoa, mas a impressão que tive foi de que essas partes destoam de todo o resto e por isso vejo a ideia como dispensável. Caramba, qual a necessidade de colocar um brutamontes como aquele rodopiando em mastros como se fosse a Lara Croft?

A variedade de estilos em um shooter

Quanto as decisões de design tomadas pela equipe que criou o jogo, uma das mais brilhantes é a maneira como somos incentivados a variar o nosso estilo de ataque durante os combates. Com as munições e itens de energia sendo escassos, apenas andar pelas arenas atirando para todos os lados não será o suficiente para sobrevivermos.

Com o tempo aprenderemos que derrotar os monstros usando a motosserra, realizando finalizações ou queimando-os com um lança chamas é parte essencial da jogabilidade, já que nesses casos seremos recompensados com itens que nos ajudarão a permanecer nos combates. O jogo também acerta ao oferecer inimigos com pontos fracos, como por exemplo um Cacodemon que é vulnerável ao tiro explosivo da escopeta ou então um Arachnotron que se tornará bem menos perigoso ao destruirmos sua metralhadora.

Além disso, é fascinante como o Doom Eternal está sempre pronto para nos mostrar uma das cartas que tem guardada na manga, como por exemplo o Marauder. Sem querer estragar a surpresa de ninguém aqui, mas é interessante a maneira como este monstro em particular consegue jogar por terra tudo o que o jogo havia nos ensinado até então, com a luta contra ele parecendo mais algo saído de um Dark Souls. Atacar com toda a força que temos? Pois neste caso essa não será a melhor opção.

Ambientes imensos, com gráficos lindos

Mas além da frenética jogabilidade, outro ponto alto do Doom Eternal está na sua parte visual. Graficamente o jogo está impecável, com o nível de detalhes dos cenários e monstros conseguindo passar muito bem a sensação de estarmos num mundo pós-apocalíptico.

Contudo, o que mais me impressionou foi que, mesmo com todo esse esplendor, não consegui notar quedas na taxa de atualização de frames, com o título rodando suavemente no Xbox One X. Isso é um detalhe importante, pois estamos falando de um jogo onde travamentos, por menores que fossem, poderiam prejudicar a experiência e com tantas coisas acontecendo na tela ao mesmo tempo, o pessoal da id Software merece elogios pelo feito.

Outro fator que chamou a minha atenção nesta área foi o tamanho dos cenários e estágios. Com alguns deles exigindo cerca de uma hora para serem completados, cada descida que fizermos da nossa nave que serve como HUB será uma viagem e tanto, com os estágios estando cheios de passagens secretas, áreas de combates especiais e itens que nos permitirão melhorar nossas armas e armaduras.

Atire primeiro, pergunte depois

O mais interessante é que mesmo sendo um típico jogo descerebrado, onde os tiroteios são a estrela da companhia, em momento algum ele se torna cansativo por causa disso. Durante algum tempo existiu a ideia de que títulos assim deveriam ficar no passado, que todo FPS precisava ter uma boa dose de sustância e que atirar pelo simples prazer de atirar não tinha mais graça. Pois felizmente o Doom Eternal (e o seu antecessor) está aí para provar o contrário.

Oferecendo uma dose de adrenalina inigualável, muitos segredos para serem descobertos e uma grande quantidade de melhoramentos para as armas, o novo capítulo da série Doom consegue a difícil façanha de atualizar um dos maiores clássicos da indústria, mas sem que para isso fosse necessário perder sua identidade.

É um jogo em que cada segundo parece ter sido pensado com carinho, sempre com o objetivo de nos divertir e que, ao abandonar muitas das convenções adotadas pelos FPSs nos últimos anos, consegue resgatar a simplicidade do que tínhamos no início do gênero. Isso poderia ter resultado num título até mesmo bobo, mas acabou nos dando uma experiência fantástica, desafiadora e acima de tudo, imperdível!

relacionados


Comentários