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China pode punir Apple e Qualcomm por sanções contra a Huawei

Huawei permanecerá impedida de fazer negócios com Google, Microsoft e Intel até 2021; China estuda retaliar na mesma moeda

4 anos atrás

O presidente Donald Trump estendeu o prazo da ordem executiva, que proíbe empresas da China como Huawei e ZTE de fazerem negócios com com companhias dos Estados Unidos.

As sanções, que deveriam ter sido encerradas na última sexta-feira (15) permanecerão em efeito por mais um ano, até maio de 2021; dessa forma, ambas empresas continuarão sem poder fechar novos acordos com companhias como Google (Play Store), Microsoft (Windows), Intel e Qualcomm (processadores e componentes), entre outras.

Só que agora a China estaria considerando retaliar na mesma moeda, o que colocaria empresas como Apple, Cisco, Boeing e Qualcomm no fogo cruzado.

Apple / Retail Store Morumbi / Huawei

O comunicado de Trump publicado na última quarta-feira (13) estendeu as sanções até o dia 15 de maio de 2021, sob o argumento de que "adversários estrangeiros" representam uma ameaça aos Estados Unidos; o Departamento de Justiça dos Estados Unidos acusa a Huawei de fraude e conspiração, e que a empresa possui backdoors redes de operadoras no país, uma afirmação cujas provas nunca foram apresentadas.

A ZTE, por sua vez foi pega furando sanções a países na lista negra como Irã e Coreia do Norte, ao vender componentes para ambos, o que foi considerado espionagem industrial.

Com isso, Huawei e ZTE permanecerão por mais tempo na Entity List do Departamento de Comércio dos EUA, que inclui companhias proibidas de fazer negócios com empresas locais. Isso faz com que novos celulares da Huawei, como a linha P40, não possam ser embarcados com apps do Google (o Android escapa por ser de código aberto), ou processadores e componentes da Qualcomm; da mesma forma, seus notebooks não podem sair de fábrica com processadores Intel ou rodando Windows 10.

O Huawei nova 5T escapou pela tangente por ter sido anunciado antes das sanções de 2019, assim, ele pôde chegar ao Brasil recentemente com acesso completo à Play Store; o mesmo, no entanto não se aplicará aos próximos lançamentos da empresa chinesa, que vem focando cada vez mais em sua própria loja AppGallery (segundo a companhia, a 3ª maior loja de apps móveis do mundo) e em processadores de sua subsidiária HiSilicon.

Só que se o governo chinês já não andava muito contente com a situação da Huawei, as coisas degringolaram com a extensão das sanções.

CES 2018 / estande da Huawei

Na sexta-feira (15), o site chinês Global Times, ligado ao People's Dialy, órgão de imprensa controlado pelo Partido Comunista da China, publicou que Pequim prepara "uma série de contramedidas" contra os Estados Unidos, como forma de retaliação. Segundo a publicação, empresas norte-americanas seriam incluídas em uma Entity List local própria, da mesma forma que o Departamento de Comércio o faz com as companhias do País do Meio.

A medida visaria "impor restrições e investigações severas", o que incluiria o banimento de produtos, encerramento de negociações e complicações na manutenção de acordos já em vigência com empresas instaladas no país.

Os alvos incluem desde empresas de bens de consumo como (obviamente) a Apple, cuja boa parte de sua receita vem da China (16% no último trimestre) e que depende completamente da cadeia de produção no país, a companhias de infraestrutura de dados e redes como a Cisco, empresas de semicondutores como a Qualcomm e até mesmo a Boeing, que já não anda muito bem das pernas, com suas vendas de aeronaves para os chineses suspensas.

Embora o Global Times não seja um fonte oficial, são grandes as chances de que a ação seja levada a cabo por conta de seus laços com o governo; de acordo com uma fonte, a China irá lançar "fases intermináveis de investigações" contra as companhias-alvo, "como espadas penduradas sobre suas cabeças". A medida visaria minar a confiança de investidores e do público, de modo a secar completamente suas receitas no país.

Ao mesmo tempo, o contra-ataque chinês também causaria uma reação em cadeia na produção de componentes, afetando parceiros nos Estados Unidos, o que dá a ideia de que parcerias locais, como da Foxconn com empresas como Apple e Microsoft, também seriam minadas.

China key

De acordo com Gao Lingyun, especialista em política chinesa da Academia de Ciências Sociais de Pequim, o governo chinês irá primeiro mirar nas empresas norte-americanas de pequeno porte, que dependem fortemente da cadeia de suprimentos local e que são mais vulneráveis. Este aviso "Nível 1" levaria tais companhias a entrarem em colapso, de modo a forçar a mão de Trump para rever as sanções contra a Huawei.

Em caso negativo, o "Nível 2" seria mirar nas grandes companhias, onde a Apple ostenta o maior e mais valioso de todos os alvos.

Já na visão de He Weiwen, membro do conselho executivo chinês para estudos relacionados à Organização Mundial do Comércio (OMC), disse em entrevista ao Global Times que as contramedidas serão implementadas mirando principalmente nas companhias relevantes para os Estados Unidos, de modo que o país "sinta a dor" de ver seus negócios na região minguarem.

Curiosamente e típico da lógica Trump, ao continuar barrando a Huawei o presidente dos EUA prejudica principalmente a TSMC, empresa de semicondutores que estaria negociando abrir uma fábrica no Arizona até 2023, para a produção de chips de 5 nanômetros; em 2018, a companhia chinesa era a 2ª maior cliente da fabricante de processadores móveis, que embora produza sozinha os chips Apple AX dos iPhones, não deve estar gostando nada dessa situação.

Com informações: Global Times, Reuters

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