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Amazon autorizada a lançar 3236 satélites do Projeto Kuiper

O Projeto Kuiper é parte da estratégia da Amazon para prover internet via satélite para o mundo inteiro. É a versão do Jeff Bezos do Starlnk de Elon Musk

4 anos atrás

O Projeto Kuiper é a versão da Amazon do Starlink da SpaceX. Jeff Bezos e Elon Musk irão bater cabeça no espaço, competindo pelo mercado mundial de Internet via satélite.

Hoje em dia a maior parte do tráfego de Internet mundial é via cabos submarinos, é muito difícil superar a capacidade OBSCENA de banda de um feixe de fibras ópticas, mas além de cabos submarinos serem extremamente caros e de manutenção complicada, dificilmente você conseguirá usar um no interior de Tocantins.

Satélites são uma boa opção, mas há o problema da latência (GFY Einstein), por causa da finitude da velocidade da luz, é inviável jogar usando satélites geoestacionários a 35796km, só tempo do sinal subir até o satélite, descer para o servidor, voltar pro satélite e descer de volta até seu Xbox, você já passou do headshot e já está sendo teabaggado pelo inimigo.

(Isso só em console, há um flag específico para PC aonde a velocidade da luz é ignorada e não temos lag. #MasterRace)

A alternativa é usar satélites em órbita baixa. Assim o sinal tem bem menos distância pra percorrer. O lado ruim: Satélites em órbita baixa possuem uma área de cobertura bem menor. A solução? Mais satélites. Por isso a rede Starlink tem planejados 12000 satélites, com expansão para possíveis 42000. No momento a SpaceX já lançou 540.

60 de cada vez.

Jeff Bezos quer uma fatia desse bolo, fornecer acesso internet direto, para qualquer lugar do mundo, e pra isso criou o Projeto Kuiper, que inclusive está contratando. O Presidente da Kuiper Systems, a subsidiária da Amazon responsável pelo projeto é Rajeev Badyal, um ex-vice-presidente da Starlink de Elon Musk.

O nome vem do Cinturão de Kuiper, uma área de asteróides que começa mais ou menos na Órbita de Netuno e se estende até umas 40 Unidades Astronômicas (longe bagarai).

A rede terá 12 estações terrestres e 3236 satélites operando em órbitas entre 590km e 630Km de altitude.  Segundo autorização dada pelo FCC (Federal Communications Commission) em 30/7/2020, ela precisa lançar pelo menos metade dos satélites até 2026. O que dá 647 satélites por ano.

Isso significa que a Amazon vai gastar uma boa grana em foguetes, só que não. Esqueceu que a Blue Origin também é do grupo, e eles estão construindo o New Glenn, aquele foguete reutilizável gigante capaz de colocar 45 toneladas em órbita baixa?

Quem tiver olhos de água achará um easter egg na imagem.

É a mesma vantagem competitiva da SpaceX, a diferença é que a única coisa que a Amazon mandou pro espaço foi o casamento do Bezos. Eles vão ter que finalizar o New Glenn, corrigir os bugs, certificar o bicho e só então começar a subir os satélites. O prazo de seis anos começa a não parecer tão curto.

Felizmente todo problema de engenharia tem uma solução, que pode ser rápida, boa ou barata, mas você só pode escolher dois dos três itens. Ou seja: A Amazon vai colocar US$10 bilhões no projeto, e isso é só a verba direta pro Projeto Kuiper, não o orçamento da Blue Origin.

Nesse ponto a Amazon sai em vantagem; a SpaceX fez 12 lançamentos até agora em 2020. Desses 7 foram do Starlink, ou seja: Foram despesa, não receita. Se a demanda comercial aumentar, eles precisarão adiar lançamentos do Starlink par acomodar clientes pagantes. Já se a demanda diminuir, eles terão mais datas pra lançamentos Starlink mas a grana vai diminuir, e sem dinheiro dos clientes pagantes a SpaceX não consegue construir e lançar seus próprios satélites.

O Espaço grande. Grande, mesmo. Não dá para acreditar o quanto ele é desmesuradamente, inconcebivelmente, estonteantemente grande, mas metaforicamente está ficando apertado. Talvez a demanda por internet cresça e haja espaço para todas as empresas investindo em operações orbitais. Ou talvez não.

Veremos nos próximos anos uma competição feroz entre essas empresas, e no caso de Bezos vs Musk, é uma briga que há muito já caiu pro lado pessoal. Quem ganha? Quase sempre o consumidor, mas sinceramente, a melhor definição pra isso é uma frase que minha avó costumava falar, e que se encaixa perfeitamente em uma briga de bilionários:

“Eles que são brancos que se entendam.”

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