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Kodak sofre queda nas ações após investigação barrar empréstimo

Governo dos EUA financiaria criação de divisão farmacêutica da Kodak; companhia executou operações suspeitas no mercado de ações antes do anúncio

4 anos atrás

A Kodak passou por seu mais recente episódio de Ascensão e Queda em tempo recorde: após anunciar a criação de uma divisão farmacêutica graças a um empréstimo de US$ 765 milhões do governo dos EUA, levando à valorização de suas ações em quase 3 mil por cento, seu valor voltou a cair vertiginosamente após informes de que o acordo pode ir para a cucuia, devido a investigação que apura uma possível manipulação do mercado financeiro.

Kodak

No dia 28 de julho, a DFC (Corporação de Desenvolvimento Financeiro dos Estados Unidos) assinou uma carta de intenções, documentando o plano de injetar US$ 765 milhões na The Eastman Kodak Company, empresa outrora pioneira no ramo da fotografia, para a criação de uma divisão farmacêutica, a Kodak Pharmaceuticals, dedicada à produção de "ingredientes farmacêuticos usados na produção de medicamentos genéricos não-biológicos e não-antibacterianos".

O plano visa reposicionar a Kodak, que amarga anos de penúria após perder o bonde da inovação do mercado fotográfico (e de qualquer forma, o setor não tem futuro) e viabilizar a produção em território americano de componentes para medicamentos, com foco inicial no combate à COVID-19.

A hidroxicloroquina, remédio originalmente indicado para lúpus e que diversos estudos sérios (cuidado, PDF) apontam como ineficaz no tratamento do SARS-CoV-2, seria um dos primeiros da linha de produção, graças à insistência do presidente dos EUA Donald Trump em promovê-lo; no pior dos cenários, seria mais material a ser despachado para o Brasil.

O anúncio do empréstimo foi um bálsamo para a Kodak, que viu suas ações valorizarem violentamente, com pico de absurdos 2.757% em apenas 4 dias, mas antes disso, no dia 29 de julho o jornal The Wall Street Journal informou que a companhia liberou informações do acordo antes do anúncio oficial, como forma de direcionar o mercado; de fato, as ações subiram 25% devido o ato.

A Kodak acusou o jornal de "furar o embargo", mas essa foi apenas a primeira das irregularidades.

Jim Continenza / Kodak

Jim Continenza, CEO da Kodak (créditos: Jake Germano/Rochester Democrat)

No dia 31, o The New York Times revelou que o CEO da Kodak Jim Continenza havia recebido 1,75 milhão de opções da empresa um dia antes do anúncio, o que dado o timing é considerado outro ato de manipulação ilegal do mercado financeiro. De fato, em 48 horas as ações em posse do executivo já valiam em US$ 50 milhões.

Como resposta, no dia 5 de agosto a SEC (Comissão de Valores Imobiliários) abriu uma investigação contra a Kodak sobre supostas práticas ilegais, atendendo solicitação da senadora e ex pré-candidata à presidência dos EUA Elizabeth Warren (DEM-Massachusetts).

Segundo as primeiras informações levantadas, Continenza não foi o único executivo da Kodak agraciado com ações da companhia pouco antes do anúncio do empréstimo, e todos serão investigados; como resultado, a DFC interrompeu o processo de empréstimo até que tudo seja esclarecido.

O resultado nas ações foi o óbvio: só nesta segunda-feira (10) o valor da Kodak caiu 45% e continua na descendente, em comparação ao pico no gráfico abaixo do dia 29 de julho, data em que o acordo foi revelado.

kodak stock

Créditos: Investing.com

Nos seus piores momentos, a Kodak fazia esforços homéricos para manter o valor da companhia acima da marca de US$ 200 milhões; o acordo (e as marmotagens) elevaram as ações de forma meteórica até um pico de US$ 1,5 bilhão, com cada ação individual escalando de US$ 8 para US$ 33 em um período muito curto.

Caso a SEC confirme as irregularidades no mercado de ações, o acordo com a DFC poderá ir para o vinagre e a Kodak para o cemitério de vez; de quebra, Continenza e outros executivos da companhia poderão receber a visita do indesejável Processinho.

Com informações: The Next Web, The Wall Street Journal, The New York Times

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