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Viagem no tempo seria possível sem criar paradoxos

Novo estudo sugere que seria possível realizar uma viagem no tempo sem criar nenhum paradoxo, apenas porque o Universo não permitiria

3 anos e meio atrás

Viagem no tempo é algo muito complicado, e nem estou falando do velho jargão da Marvel Comics. Diversos cientistas e teóricos se debruçam sobre o tema a anos, e ele divide opiniões quase como em torcidas de futebol; Stephen Hawking, por exemplo, era categórico ao afirmar que a viagem para o passado era impossível.

Um dos motivos seria o velho problema do "Paradoxo do Avô", sobre as inevitáveis inconsistências que apareceriam pelo simples ato de se deslocar para um período onde você não deveria estar. No entanto, um novo estudo sugere que voltar no tempo poderia ser possível, porque o Universo reagiria para impedir a criação de qualquer paradoxo temporal.

Eaglemoss Collections / Amblin Entertainment / NBCUniversal / modelo em escala do DeLorean de De Volta Para o Futuro / viagem no tempo

Créditos: Eaglemoss Collections / Amblin Entertainment / NBCUniversal

O artigo (cuidado, PDF) vem chamando atenção por ter sido elaborado não por um físico teórico renomado com quatro PhDs, mas por um graduando da Universidade de Queensland, Austrália chamado Germain Tobar, sob orientação e revisão do prof. dr. Fabio Costa, este especializado em Física Quântica.

Normalmente, o consenso é de que a viagem no tempo ao passado não é possível, por dois motivos:

Primeiro, o simples ato de se deslocar para o passado é um paradoxo. Digamos que você deseje voltar a 2019, na esperança de impedir o paciente zero de se infectar com o novo coronavírus (SARS-CoV-2), impedindo assim a pandemia da COVID-19.

No modelo clássico defendido por boa parte dos teóricos, fazer isso eliminaria a própria necessidade de voltar no tempo, tanto quanto um neto matar seu avô antes dele ter filhos, o que poria fim à existência do "temponauta" antes dele fazer a viagem.

Segundo, o modelo permitido de viagem no tempo (não estamos considerando o "como" viajar aqui) sugeriria que só poderíamos fazê-lo em modo passivo, apenas como espectadores e incapazes de exercer qualquer influência, o que entra em conflito com a liberdade de escolha do viajante.

O que Costa e Germain fizeram foi determinar, através de modelos matemáticos complexos, a possibilidade de haver um meio-termo, que não entra em conflito com as teorias gerais da Relatividade de Einstein, ou com as implicações clássicas que impedem o viajante de realizar qualquer ação. Segundo os pesquisadores, seria possível viajar e fazer escolhas que gerem paradoxos, mas sem que eles ocorram.

Universo vs. viagem no tempo

Segundo os cálculos apresentados, um viajante poderia sim viajar para o passado, cometer uma série de atos significativos, do tipo que poderiam desencadear uma série de paradoxos temporais, e ainda assim nada aconteceria, apenas porque o Universo não iria deixar.

MGM / Rod Taylor em Á Máquina do Tempo (1960)

Crédito: MGM Holdings, Inc.

O modelo apresentado sugere que as discrepâncias feitas pelo "temponauta" seriam contornadas, ou corrigidas, para que a sequência original de eventos se dê da mesma forma como ocorreu. No caso do viajante tentando impedir a pandemia, outra pessoa, ou o próprio, se tornaria o paciente zero no lugar do original, e a COVID-19 se propagaria da mesma forma como ocorreu.

É algo diferente do paradoxo ontológico ou da predestinação, em que elementos ou indivíduos existem sem terem sido criados (o conto All You Zombies, de Robert A. Heinlein, este base do filme O Predestinado) e a sequência de eventos cria um loop; no modelo de Costa e Germain, linha do tempo se corrigiria sozinha.

Curiosamente, o trabalho dos pesquisadores buscava conciliar a Dinâmica clássica com os modelos de Einstein, que nunca se encaixaram bem; na primeira, conhecer um período de um sistema permite conhecê-lo por completo, mas tais cálculos não batem com as considerações das curvas fechadas tipo tempo (CTCs) ou mesmo os paradoxos.

O modelo apresentado agora consegue conciliar os cálculos das duas áreas, "quase como ficção científica", segundo Costa. Por outro lado, ainda é cedo para dizer se seria possível viajar no tempo, visto que outros estudos dizem que isso é impossível.

Ainda assim, é interessante pensar nas possibilidades.

Referências bibliográficas

TOBAR, Germain; COSTA, Fabio. Reversible dynamics with closed time-like curves and freedom of choice. Classical and Quantum Gravity, Volume 37, Número 20, Artigo Nº 205.011, 19 páginas, 21 de setembro de 2020.

Fonte: IOPScience, Popular Mechanics

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