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Halo e a interferência do cinema nos enredos dos games

Ao propor um filme onde Master Chief teria um irmão malvado, Guillermo del Toro mostra como Hollywood gosta de modificar o universo criados nos games

3 anos e meio atrás

Nos últimos anos vimos diversos jogos sendo adaptados para o cinema, mas apesar de a franquia Halo estar na fila para receber este tratamento há bastante tempo, o projeto nunca saiu do papel. Com vários diretores renomados tendo sido apontados para a adaptação, um que prometia contar uma história bem diferente do Master Chief era Guillermo del Toro.

Halo - Master Chief

Crédito: 343 Industries

Tendo o seu nome ligado a diversos estágios daquela produção, só agora tivemos mais detalhes sobre a ideia que o diretor de filmes como Hellboy, O Labirinto do Fauno e A Forma da Água tinha para o longa. A revelação foi feita por Paul Russell, um ex-artista da Bungie que afirmou que a história lhe foi contada por Joseph Staten, roteirista responsável pela história do Halo: Combat Evolved.

O Master Chief tinha um irmão gêmeo e o irmão gêmeo ficou do lado da [espécie parasita] Flood, e então no final do filme haveria irmão contra irmão. Del Toro propôs isso na casa do Joe. Ele estava socando o braço do Joe e dizendo ‘e eles são irmãos! E eles irão lutar no final!’

O bizarro conceito estava sendo escrito por del Toro e D.B. Weiss, que mais tarde encabeçaria a série Game of Thrones para a HBO. Porém, mesmo com o projeto tendo seguido por alguns meses, o cineasta acabou o deixando de lado para se dedicar a outro filme, o Hellboy II: O Exército Dourado. O que não sabemos é se esta desistência aconteceu por conta própria ou se foi a Microsoft quem decidiu cortar as asinhas do diretor, já que a empresa é conhecida por ser bastante protetora com o cânone da franquia.

Um exemplo pôde ser visto em 2013, quando Neill Blomkamp disse que se lhe fosse dado o controle, ele adoraria fazer um filme baseado na saga de Master Chief. Segundo ele, o problema é que “quando algo pré-existe, há essa ideia da minha própria interpretação versus 150 outras pessoas envolvidas com a interpretação do filme de uma mesma propriedade intelectual.

O impasse fez com que o sul-africano pudesse aproveitar algumas ideias que utilizaria na adaptação para criar o excelente Distrito 9, fato pelo qual ele sempre será grato a Peter Jackson e Fran Walsh.

No caso deste conceito de Guillermo del Toro para o Master Chief, é importante dizer que o diretor não se manifestou sobre as palavras de Paul Russell e por isso tudo deve ser encarado sob uma certa desconfiança. Tal declaração foi feita durante um painel com pessoas que participaram do desenvolvimento do Combat Evolved e mesmo elas mostraram descrença em relação a história. Porém, Russel insistiu dizendo que a ideia teria sido proposta a algumas profissionais que faziam parte da equipe na época.

Falta de respeito ou liberdade criativa?

Transformar um jogo em um filme está longe de ser uma tarefa simples. Com tão pouco tempo disponível para contar uma história que pode passar facilmente de uma dezena de horas na outra mídia, é muito grande a chance de roteiristas e diretores não acertarem a mão na hora de produzir essas adaptações. Este é um motivo pelo qual temos algumas mudanças em relação ao enredo quando um game chega às telonas, mas há casos tão emblemáticos que nos fazem questionar até onde deve ir a liberdade dada a esses profissionais.

Talvez o melhor exemplo disso seja o filme Super Mario Bros., dirigido por Annabel Jankel e Rocky Morton, e com roteiro coassinado por Parker Bennett e Terry Runte. Para eles parecia uma boa ideia fazer com que o tão adorado jogo fosse transformado numa aventura onde há 65 milhões de anos um meteoro atingiu a Terra e deu origem a duas dimensões, onde em uma delas os dinossauros evoluíram para uma espécie humanoide.

O enredo ainda fala sobre os irmãos terem que lidar com a máfia de Nova York, viagens interdimensionais e um Toad guitarrista. Pois se nada disso faz sentido para você, talvez tenha sido a única maneira encontrada pelas pessoas envolvidas na produção para levar para o cinema a história bobinha que funcionava tão bem como um jogo.

Crédito: Reprodução / 20th Century Fox

Outros que também cometeram seus deslizes foram John Moore e Beau Thorne, ao adaptarem o Max Payne. Além de alterar a ordem de alguns acontecimentos importantíssimos para a carga dramática da história, como só mostrar lá pelo meio da história que o motivo para a busca por vingança do protagonista se dava ao fato de sua família ter sido assassinada, o longa ainda pendia para um lado sobrenatural que nunca esteve presente no jogo.

Sem explicar se isso acontecia por alucinações de Max, o filme mostra demônios que algumas pessoas associaram às valquírias. O problema é que apesar do jogo fazer bastante referência à mitologia nórdica, as valquírias nunca foram mostradas enquanto jogamos e além disso, elas são guerreiras  e não seres maléficos.

Tudo isso fez com que Scott Miller, CEO de 3D Realms e produtor do jogo, emitisse uma nota criticando a adaptação quando ela foi lançada, o que evidentemente não serviu como uma publicidade positiva e ainda ajudou a fazer com que muitos fãs já fossem ao cinema com uma ideia preconcebida.

Crédito: Divulgação / Paramount Pictures

Por fim, há ainda a saída encontrada por Jeff Fowler, Pat Casey e Josh Miller para trazer à Terra o ouriço mais rápido dos games. Em Sonic, O Filme, o personagem acaba sendo enviado ao nosso planeta após seu guardião lhe dar uma bolsa cheia de anéis que são capazes de abrir portais. Ele então passa a viver escondido em Green Hills, Montana, até que um cientista chamado Dr. Robotnik — e que trabalha para o departamento de Defesa dos Estados Unidos — vai até a cidade para investigar um fenômeno causado acidentalmente pelo ouriço.

Embora o Sonic já tivesse se misturado aos humanos em games, o roteiro do filme é bem diferente de tudo o que havia sido produzido pela Sega e por mais que os fãs possam considerar uma heresia o que este filme fez, a verdade é que ele se mostrou bastante divertido e muito melhor do que a maioria das tentativas de transformar um jogo em um filme.

Sendo assim, se considerarmos o talento de Del Toro, pode até ser que essa tão manjada ideia de irmãos antagonistas desse certo, mas que ela parece bastante estranha e com um enorme potencial para enfurecer os fãs, não tenho a menor dúvida.

Fonte: IGN

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