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Baixa oferta do PS5 e Xbox Series X revela pressa de Sony e Microsoft

Desaparecimento do PS5 e Xbox Series X do mercado mostra que Sony e Microsoft ignoraram danos da COVID-19 na cadeia de produção

3 anos atrás

O Xbox Series X, o novo console de ponta da Microsoft, e o PS5, seu concorrente direto da Sony, estão esgotados em praticamente todo canto, no Brasil e lá fora. Isso já era mais do que esperado, se lembrarmos diversos informes ao longo de 2020 que apontavam problemas na cadeia de produção de ambas companhias, algo normal na introdução de novas gerações, que foram agravados pela pandemia da COVID-19.

Xbox Series X e PS5 (Crédito: Divulgação/Microsoft/Sony)

Xbox Series X e PS5 (Crédito: Divulgação/Microsoft/Sony)

Declarações recentes de Sony e Microsoft mostram que a cadeia de suprimento não será normalizada tão cedo, e que a escassez de ambos consoles (o Xbox Series S não foi afetado, visto que a procura por ele é bem menor) deverá se arrastar pelo ano de 2021.

PS5, Xbox Series X e COVID-19

É certo que a mudança de geração já estava programada para 2020 a um bom tempo, tanto pela Sony quanto pela Microsoft, que sincronizaram seus lançamentos em 2013 e deverão seguir assim de agora em diante, mas a COVID-19 desempenhou um papel importante na atual situação, de mais de uma forma.

Primeiro, o óbvio: a pandemia limitou a produção de consoles, esculhambando com toda a cadeia de companhias responsáveis pela manufatura dos sistemas. Sem surpresa, a principal parceira da Sony e Microsoft é a Foxconn, que concentra sua força de montagem na China, foco original da COVID-19, e foi bastante afetada com fechamento de fábricas e atrasos na retomada dos trabalhos.

As fabricantes de consoles não foram as únicas afetadas pelos problemas da Foxconn, visto que o iPhone 12 atrasou um bom bocado.

Tendo em vista essa situação, o mais sensato para Sony e Microsoft seria puxar o freio nos lançamentos e aguardar a situação com a COVID-19 ser melhor controlada, mas a pandemia causou outro efeito colateral e um difícil de ignorar:

As pessoas estavam comprando mais games.

PlayStation 5 (Crédito: Divulgação/Sony)

PlayStation 5 (Crédito: Divulgação/Sony)

Por ficarem isoladas em casa para não ficarem doentes, as pessoas tiveram que adequar suas rotinas para uma realidade de home office, além de limitar enormemente suas opções de lazer. Uma das alternativas foi se voltar aos games, o que levou ao bizarro desenvolvimento atual, em que o ano de 2020 testemunhou uma explosão no consumo.

Segundo dados da empresa de análise especializada em games Newzoo, a estimativa é que o mercado de games feche 2020 com uma receita bruta de US$ 174,9 bilhões, um aumento de assustadores 20% em relação a 2019.

A Sony e a Microsoft fizeram um pensamento simples: se mesmo durante uma das piores crises econômica e de saúde pública do último século, com muita gente perdendo emprego e tendo redução de capital, as pessoas estão gastando mais com games, por que adiar os novos consoles?

Não apenas os planos de lançamento do Xbox Series X e PS5 foram mantidos, como o preço de ambos consoles é elevado (US$ 500 não é exatamente barato mesmo lá fora), sem falar que os valores dos jogos foram reajustados pela primeira vez em quase 15 anos, para o patamar de US$ 70 por um título AAA.

Os preços de jogos da geração anterior também sofreram aumento, para lucrar mais com quem não comprar os novos sistemas e preferir manter os atuais por mais tempo.

Oferta x demanda

A Sony e a Microsoft apostaram que a procura pelo PS5 e Xbox Series X seria enorme, mesmo na atual conjectura, porque as pessoas querem jogar e estão dispostas a pagar o preço, mesmo se ele for alto e mesmo com a COVID-19 não dando trégua, mas havia o problema da produção limitada.

Ambas empresas sabiam de antemão que uma baixa oferta irritaria profundamente os consumidores, principalmente num período como as festas de fim de ano, e de antemão avisaram que haveriam problemas de fornecimento.

Xbox Series X (Crédito: Divulgação/Microsoft)

Xbox Series X (Crédito: Divulgação/Microsoft)

A Sony inclusive limitou a distribuição a lojistas parceiros e apenas para vendas online, e embora a Microsoft não tenha dito uma palavra sobre isso, há indícios de que ela fez o mesmo. O motivo seria principalmente devido aos estoques limitados, mas também acabou com a festa do mercado cinza, que não tem o que comercializar por preços mais em conta.

É normal nos primeiros meses do lançamento de um console a produção ser limitada, mas a situação incomum com mais gente procurando o PS5 e o Xbox Series X, aliada à cadeia de suprimento deficitária, ambos os casos impulsionados pela COVID-19, acabou por criar a situação atual em que ambas plataformas sumiram.

Segundo Jim Ryan, chefe da divisão PlayStation, a Sony está "trabalhando duro" para disponibilizar novas unidades do PS5 a tempo do Natal, mas reconhece que a situação "extraordinária" está deixando muita gente frustrada.

Na Microsoft, o chefe da divisão Xbox Phil Spencer já havia dito em outubro sobre a quantidade limitada de consoles que seriam colocados à venda, e agora, durante uma conferência virtual, o CFO Tim declarou que a cadeia de suprimento do Xbox Series X não será normalizada antes do início do próximo ano fiscal, em abril de 2021, ou até mesmo depois disso.

Vale lembrar que a promessa da Sony de "novo estoque" é diferente de distribuição normalizada, assim, é bem provável que ambos consoles só terão uma oferta equivalente à demanda por volta do segundo semestre do próximo ano, na melhor das hipóteses.

No mais, fica claro que Sony e Microsoft buscaram uma receita rápida com os primeiros lotes do PS5 e do Xbox Series X, e consideraram o fato de que muita gente ficaria frustrada ao não comprar um novo console neste primeiro momento, mesmo sabendo dos contras de ser early adopter, do preço alto inicial aos inevitáveis primeiros bugs.

No mais, é esperar para ver quando os novos consoles estarão disponíveis para quem quiser a qualquer momento, o que pode demorar um bocado.

Fonte: GamesIndustry, The Verge.

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