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Estudo sugere que vida inteligente pode não ser comum no universo

Artigo de Oxford diz que chances a favor da evolução de vida inteligente, mesmo na Terra, são baixíssimas; só estaríamos aqui por um golpe de sorte

3 anos atrás

A existência de vida inteligente em outros planetas é motivo de calorosos debates, com uns defendendo que ela pode ser bem comum, graças a novos exoplanetas descobertos nos últimos anos, alguns com condições climáticas melhores que as da Terra, os chamados "superhabitáveis".

Outros apontam que as chances para o desenvolvimento de vida nesses planetas é muito baixa, e menor ainda seria o desenvolvimento de vida inteligente, apoiada em modelos estatísticos da Terra. Para estes, o nosso próprio caso particular se deu num tremendo golpe de sorte, com o Universo jogando contra pesadamente.

Luzes noturnas da Terra vistas do espaço (Crédito: Free-Photos/Pixabay) / vida inteligente

Luzes noturnas da Terra vistas do espaço (Crédito: Free-Photos/Pixabay)

Agora um novo estudo, publicado pelo Instituto para o Futuro da Humanidade da Universidade de Oxford, afirma que as chances do que aconteceu aqui, da evolução de espécies simples para complexas, até chegar no Homo sapiens, dotado de consciência, pode ser um processo extremamente improvável de acontecer em outros planetas, porque a Terra ganhou na loteria cósmica. Várias vezes.

Os pesquisadores usaram modelos estatísticos para determinar os pontos-chave da história da Terra, que viabilizaram a origem química da vida, a formação dos primeiros compostos necessários para o surgimento dos primeiros seres procariontes, como as bactérias, que evoluíram por volta de 4 bilhões de anos atrás.

Os eucariontes, células com núcleo definido DNA e mitocôndrias, só foram surgir entre 1,8 e 2,1 bilhões de anos atrás, o que por si só mostra que mesmo na Terra, considerada um caso cósmico para lá de privilegiado, a evolução da vida foi tudo, menos simples.

Vida inteligente e a loteria cósmica

Um dos argumentos que defende a banalidade da vida no universo é o fato de que o surgimento dos primeiros seres procariontes se deu "apenas" 500 milhões de anos após a formação da Terra, mas os 2 bilhões de anos que separam as bactérias e arqueas de outros seres mais complexos, como os protozoários, mostra que houveram vários percalços para a manutenção da vida por aqui, com o primeiro ocorrendo quase que imediatamente após esse período.

Fósseis de moluscos (Crédito: PublicDomainPictures/Pixabay) / vida inteligente

Fósseis de moluscos (Crédito: PublicDomainPictures/Pixabay)

Segundo a pesquisa, o fato da Terra estar posicionada na Região dos Cachinhos Dourados, perto o bastante do Sol para ter água em estado líquido, e longe o bastante para não torrar, foi apenas um dos vários bilhetes premiados que o planeta tirou na grande loteria do Cosmos.

Os outros seriam:

  • Uma atmosfera densa o bastante para proteger a Terra, tanto de impactos de corpos celestes menores, quanto dos ventos solares e outras fontes de radiação, e que não se dispersou, como aconteceu com Marte;
  • A presença na Terra dos elementos essenciais necessários para o desenvolvimento dos primeiros aminoácidos e posteriormente, para o surgimento da vida;
  • O fato de todos os elementos estarem no mesmo lugar, ao mesmo tempo e no momento oportuno.

O time de cientistas defende que mesmo o desenvolvimento da vida na Terra se deu por um tremendo acaso, onde uma série de situações ocorreram ao mesmo tempo, ou em sequência, de forma extremamente conveniente, em que as chances estatísticas já eram baixas. Na sequência, o processo de evolução das espécies se deu contra todas as chances, com o planeta e o universo colocando todos os tipos de empecilhos, e dessa forma, a presença de vida inteligente seria o acaso do acaso.

Assim, a possibilidade de toda essa cadeia de eventos se repetir em outro lugar, de acordo com o artigo, é ainda mais improvável.

O artigo pode ser bem pessimista quanto à possibilidade de encontrarmos vida, inteligente ou não, em outros cantos do espaço, mas é preciso notar que o Universo é um lugar MUITO grande, e que existe a quase 14 bilhões de anos. Carl Sagan mesmo dizia que dado o tamanho do Cosmos, se estivermos mesmo sós, sua existência seria um tremendo desperdício de espaço.

No entanto, o Paradoxo de Fermi aponta para a contradição entre os modelos matemáticos que sugerem a existência de vida fora da Terra, e a total ausência de evidências concretas disso. Sobre isso, Sagan também disse que há a possibilidade de sermos a primeira civilização inteligente do Universo (um tremendo azar, na minha opinião), simplesmente porque alguém precisa dar a largada.

Colocando dessa forma, as chances da vida surgir, se desenvolver e evoluir até uma espécie adquirir inteligência e consciência são baixíssimas, o que pode deixar muita gente decepcionada com a possibilidade de um dia acharmos outros lá fora.

Porém, mesmo com o Universo jogando contra nós estamos aqui, ou seja...

Pensando dessa forma, não é difícil que em algum canto do Cosmos, pesquisadores de outra civilização estejam chegando a conclusões semelhantes, por não terem encontrado ninguém além deles mesmos fora de seu planeta.

Ou não, vai saber, as possibilidades são infinitas, entre bilhões e bilhões de estrelas, bilhões e bilhões de mundos.

Referências bibliográficas

SNYDER-BEATTIE, A. E. et. al. The Timing of Evolutionary Transitions Suggests Intelligent Life Is Rare. Astrobiology, Volume 21, Número 3 (2021), 14 páginas, 19 de novembro de 2020.

Fonte: Mary Ann Liebert, Popular Mechanics.

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