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Os projetos que tentam salvar jogos feitos em Adobe Flash

Com a morte do Flash finalmente tendo acontecido, algumas pessoas estão se dedicando para manter vivos os jogos que foram criados para o plug-in

3 anos atrás

Conforme prometido pela Adobe em 2017, chegou a hora do Flash deixar de funcionar e se para a maior parte das pessoas ele não fará a menor falta, outras se deram conta de que junto com o fim da tecnologia, uma quantidade imensa de jogos também deixariam de existir. Porém, felizmente existem alguns projetos que estão fazendo o possível para manter viva esta parte da história dos games.

Alien Hominid - Flash

Alien Hominid (Crédito: Reprodução/Dori Prata)

Embora seja lembrado por muitos pelas propagandas de entupiam sites ou pelos joguinhos de gosto duvidoso, o Flash também foi responsável por abrir portas para alguns desenvolvedores e ilustradores, sem falar na facilidade com que ele nos permitia ter acesso a formas de entretenimento. Hoje temos diversas  tecnologias que fazem isso de maneira muito melhor, mas lá pelo início dos anos 2000 este cenário era completamente diferente.

Para uma geração mais nova, os jogos criados em Flash foram o passatempo preferido enquanto estavam diante de um monitor e por isso não acho exagero dizer que uma comunidade e até mesmo uma cultura se formou em torno destas criações. Sites como Kongregate, Newgrounds e Armor Games se tornaram celeiros de game designers em início de carreira e empresas como a Zynga aproveitaram o plug-in para conquistar uma legião de seguidores com títulos como FarmvVille.

É por isso que o esforço para manter esses jogos vivos merece ser elogiado, mesmo por quem nunca foi um assíduo jogador de algo feito em Flash e das iniciativas neste sentido, um programa chamado FlashPoint é certamente o mais interessante. Disponível gratuitamente para Windows e com versões para Mac e Linux ainda em fase de testes, navegar pelo seu acervo é a garantia de fazer uma viagem no tempo.

Criação de Ben “BlueMaxima” Latimore, por lá é possível encontrar mais de 70 mil web games e 8 mil animações, sendo a maioria em Flash, mas há também HTML5, Silverlight, Shockwave, etc. Isso significa 532 GB de dados caso você opte por fazer o download da versão Ultimate. Rodando um player proprietário, assim os jogos continuam funcionando mesmo após o fim do Flash e como o programa utiliza um servidor proxy, os jogos que exigem uma conexão com os sites em que eles eram disponibilizados rodarão sem problemas.

Também vale mencionar que o FlashPoint conta com diversas listas que poderão facilitar muito o processo de descobrimento de jogos. Como exemplo temos uma playlist que traz todos os títulos citados no livro 1001 Videogames para Jogar Antes de Morrer, de Tony Mott; ou ainda uma com o que de melhor apareceu no Adult Swim.

Tela do FlashPoint (Crédito: Reprodução/Dori Prata)

Outra solução que segue este mesmo modelo é o Flash Game Archive. Após realizar o download do programa, você terá acesso a pouco menos de 1900 jogos, mas a vantagem é que aqui o espaço ocupado será muito menor. Com uma interface sem firulas e permitindo que os jogos sejam executados em tela cheia, vale a pena dar uma chance ao FGA.

Já para quem prefere poupar espaço no computador ou jogar pelo navegador, uma opção é a área dedicada a Flash no The Internet Archive. Com um acervo contando com mais de 2600 títulos e usando emulação para permitir que os jogos rodem em navegadores modernos, a experiência por lá é bastante acessível, permitindo que qualquer pessoa possa conhecer ou relembrar alguns dos maiores clássicos do plug-in.

O que permite que os jogos rodem no The Internet Archive é o Ruffle, um emulador de Flash que embora ainda esteja em desenvolvimento, tem chamado a atenção de muitos administradores de sites que ainda utilizam a tecnologia. Um deles é o Newgrounds, que embora tenha tentado contornar a situação lançando um player próprio, uma recente atualização do Windows fez com que ele parasse de funcionar e por isso os responsáveis acreditam que cedo ou tarde este emulador se tornará a solução definitiva.

Versão para Game Boy do IndestructoTank! (Crédito: Reprodução/Dori Prata)

Por fim, há ainda soluções mais radicais, como a adotada por Anthony Lavelle. Mais conhecido pela série de quebra-cabeças chamada Shift, ele criou mais de 70 jogos ao longo dos anos e embora muitos deles tenham sido preservados em projetos como os citados anteriormente, existe um pelo o qual o game designer tem um carinho especial, o IndestructoTank!.

Com uma jogabilidade parecida com a do clássico Moon Patrol, nele controlamos um tanque que precisa desviar dos ataques inimigos e usar as bombas para nos lançarmos contra os helicópteros. Algo bem simples, mas como muitos jogos em Flash que fizeram algum sucesso, este tem um enorme potencial para viciar.

Quanto ao projeto pessoal de Lavelle para fazer com que o jogo continuasse disponível, ele decidiu adaptá-lo para o Game Boy, criando uma ROM que pode ser jogada no antigo portátil da Nintendo e que também pode ser encontrada no Itch.io.

Já em relação ao fim do Flash, o game designer usou o Reddit para demonstrar o seu amor pelo plug-in:

Nenhuma plataforma existe hoje em dia que seja igual ao Flash para um desenvolvimento rápido e bobo, com uma curva de aprendizado fácil. Você nem precisa ser um programador ou um artista para iniciar. Você pode desenhar um boneco de palito na tela e em cinco minutos ter ele correndo por aí. Mais importante, se eu tenho uma ideia no Flash, posso desenhá-la e tê-la rodando em um arquivo que sei que o mundo poderá abrir em cinco minutos.

Poucas horas do meu dia eu não estive criando jogos em Flash e eu provavelmente teria preenchido todo o meu tempo livre fazendo-os de qualquer maneira, mesmo se não estivesse sendo pago para isso, porque era uma ferramenta divertida de se usar.

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