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Para não depender dos AAA, Ubisoft mira nos jogos gratuitos

Visando se livrar da dependência dos jogos de grande porte, Ubisoft deverá passar a investir mais pesado no modelo free-to-play

3 anos atrás

Desde que os jogos free-to-play surgiram e começaram a encher os cofres de algumas empresas com as microtransações, um dos maiores temores de quem adora uma experiência completa foi de que a indústria logo deixasse de lado as grandes produções, os famosos títulos AAA. Mas se os projetos maiores continuam sendo produzidos, algumas editoras estão se preparando para ter que depender cada vez menos deles, como por exemplo a Ubisoft.

Hyper Scape - Ubisoft

Hyper Scape (Crédito: Divulgação/Ubisoft)

Ao realizar uma conferência com acionistas para divulgar o desempenho da companhia francesa durante o terceiro trimestre do atual ano fiscal, que acaba em março de 2021, o diretor financeiro Frederick Duguet explicou que um dos objetivos da Ubisoft é diversificar os títulos produzidos, o que inclui um maior investimento na criação de jogos gratuitos.

Dissemos, por alguns anos, que o nosso padrão é lançar três ou quatro jogos AAA, então nos manteremos neste plano para o ano fiscal de 2022. Porém, vemos que progressivamente estamos mudando de um modelo que costumava ser focado apenas no lançamento de AAA, para um modelo em que temos uma combinação de fortes lançamentos, com uma forte dinâmica de jogos do nosso catálogo, mas também complementando o nosso programa de novos lançamentos free-to-play e outras experiências premium.”

Ainda segundo Duguet, a ideia é permitir que as “experiências diversificadas se alimentem uma das outras através de gameplay e modelos de negócios complementares” e é por isso que eles continuarão, pelo menos durante o ano fiscal de 2022, evoluindo o modelo de lançar tanto jogos AAA, quanto aqueles que se basearão nas microtransações para dar lucro.

Na verdade isso já vem sendo testado há algum tempo, com o Hyper Scape tendo sido a aposta da Ubisoft em 2020. No entanto, o battle royale gratuito não caiu nas graças do público, chegando a fazer com que a editora anunciasse que ele passará por uma profunda mudança para, com alguma sorte, conseguir enfim se aproximar da popularidade de outros jogos do gênero.

Já o próximo alvo da empresa é a China, mercado que vem se abrindo aos poucos para os games e que devido o tamanho da sua população, pode ser considerado uma gigantesca mina de ouro. Para aquele mercado eles estão desenvolvendo em parceria com a Tencent um Assassin's Creed para dispositivos mobile e que é claro, será distribuído no modelo free-to-play.

Contudo, a empresa também quer continuar aproveitando títulos lançados anteriormente e que continuam despertando o interesse do público, gerando lucro mesmo muito depois de terem chegado as lojas. Um bom exemplo disso é o Rainbow Six Siege, que mesmo tendo sido lançado em 2015, só no ano passado conseguiu atrair 15 milhões de novos jogadores. A grande dificuldade aqui seria como alcançar bons resultados com outros jogos do catálogo.

Uma aposta (financeiramente) justificada

Mas se esta mudança de estratégia pode parecer um tanto absurda para quem não dá muita bola para jogos para celulares ou que estão sempre pedindo para abrirmos nossas carteiras para continuarmos avançando, ao olharmos para outros exemplos da indústria fica mais fácil entender esse interesse da Ubisoft no mercado free-to-play.

Nos últimos dias a Electronic Arts anunciou um acordo para adquirir a Glu Mobile, desenvolvedora que como o próprio nome deixa claro, é especializada em títulos para tablets e smartphones. Entre as suas criações estão obras como Disney Sorcerer's Arena, Diner Dash, Design Home e principalmente, o popular Kardashian Hollywood. Segundo a EA, a expectativa é que tais jogos comecem a lhes dar lucro imediatamente — mesmo porque, para fechar a aquisição eles tiveram que gastar impressionantes US$ 2,1 bilhões!

Só para colocarmos em perspectiva, a compra aconteceu pouco depois da editora norte-americana fechar outro negócio que chacoalhou a indústria, que foi a aquisição da Codemasters. A diferença é que neste caso o martelo foi batido por um bilhão de dólares a menos, garantindo assim que a EA assumisse o controle de uma das mais respeitadas desenvolvedores de jogos de corridas do planeta — além da Slightly Mad Studios.

O gratuito Project Cars GO (Crédito: Divulgação/Slightly Mad Studios)

Quem também optou por apostar em jogos para dispositivos mobiles, mas há muitos anos, foi a Konami. Em 2015 a companhia japonesa surpreendeu muita gente ao anunciar que estava deixando um pouco de lado a criação de títulos de grande porte, pois acreditava que o futuro estava no mobile. Em 2020 os executivos da empresa aparentemente começaram a mudar de opinião e embora eles ainda não tenham voltado aos tempos áureos da empresa, pode ser que aos poucos este cenário mude.

Ou seja, o simples interesse em colocar mais fichas nos jogos gratuitos não quer dizer que o retorno financeiro será tão bom quanto o esperado. Ainda assim, consigo entender a preocupação da Ubisoft em não querer depender tanto dos AAA, mesmo depois deles terem afirmado que não voltariam a criar jogos mais curtos e bom, o tempo dirá se estão tomando a decisão certa.

Agora, se no futuro próximo a empresa decidir que é melhor investir na criação de um Prince of Persia Endless Run ou um Splinter Cell MOBA, do que nos dar um novo Far Cry ou Assassin's Creed, estarei pronto para criticá-los.

Fonte: VG247

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