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Electronic Arts anuncia medidas para combater o “EAGate”

Após jogadores denunciarem a venda de cartas raras no FIFA 21, no caso conhecido como EAGate, editora garante que pegará pesado com envolvidos

3 anos atrás

Enquanto alguns países — como por exemplo a Alemanha — têm criado mecanismos para combater a prática de loot boxes, algumas editoras continuam procurando se manter longe das críticas dos consumidores, mas sem abrir mão deste modelo de negócios tão rentável. Este é um malabarismo difícil de ser dominado, mas o que ninguém poderia imaginar era a maneira como a Electronic Arts voltaria a ver seu nome envolvido em uma polêmica relacionada a microtransações, um escândalo que tem sido chamado de “EAGate”.

Crédito: Divulgação/EA

Tudo começou há alguns dias, quando a hashtag #EAGate começou a ganhar força no Twitter após a denúncia de que um suposto funcionário da empresa estaria vendendo cartas raras. De acordo com uma troca de mensagens não confirmada, alguém da EA estaria oferecendo pacotes de cartas do tipo Prime Icon Moments e Team of the Season por preços que variavam entre £ 640 e € 1.700, valores que na cotação atual podem ultrapassar R$ 11.250.

Ao desembolsar esta pequena fortuna, o comprador teria direito a alguns dos maiores craques da história do futebol, atletas como Ronaldo, Lionel Messi, Johan Cruijf, Ruud Gullit, Ronaldinho Gaúcho, Eusébio e Cristiano Ronaldo. Com eles a pessoa teria uma equipe quase imbatível e como seriam adicionados diretamente na conta do comprador, tudo indicava que alguém com acesso aos servidores do jogo estava por trás do comércio ilegal.

Para a maioria dos mortais, investir tanto dinheiro em algumas cartinhas pode parecer loucura, mas se considerarmos o quanto as pessoas gastam para apenas tentar encontrar um deles, o negócio acaba parecendo uma pechincha.

Isso acontece porque, conforme jogamos o modo FIFA Ultimate Team (FUT), seremos premiados com cartas aleatoriamente, como se fosse adquirir e abrir um pacote de figurinhas. Porém, devido a maneira como as loot boxes funcionam no FIFA 21, conseguir achar as cartas mais raras é algo quase impossível. Embora a EA não revele a probabilidade exata de encontrar essas cartas, no caso das Prime Icon Moments a chance estaria abaixo de 1%.

Mesmo também podendo ser adquiridas através de alguns eventos específicos (completar uma tarefa, assistir uma determinada transmissão, etc), alguns jogadores costumam gastar milhares de dólares comprando pacotes de cartas, na expectativa de um dia ter a sorte de encontrar uma destas moscas brancas. Outra solução seria participar de leilões dentro do próprio jogo, mas como tais itens aparecem muito raramente, o valor cobrado por eles costuma ser absurdamente alto.

O problema neste caso é que precisamos de uma moeda virtual (que ganhamos enquanto jogamos) chamada FUT Coins para participar desses leilões e quando alguém passa a oferecer os itens por dinheiro real, acaba prejudicando toda a economia do modo FUT.

FIFA 21 e o EAGate

O húngaro Ferenc Puskás no modo FUT (Crédito: Divulgação/EA)

E como a indignação dos jogadores pode impactar profundamente o desempenho da galinha dos ovos de ouro da empresa, a Electronic Arts não demorou para anunciar que está disposta a fazer tudo para solucionar o EAGate. Através de um longo comunicado publicado no site do jogo, eles subiram o tom ao explicar como pretendem lidar com a situação:

A nossa investigação inicial mostrou uma atividade questionável envolvendo um pequeno número de contas e itens. Embora não seja um grande número, se essas alegações se comprovarem, esta atividade é inaceitável […]

A seguir, vamos ser claros sobre o que vai acontecer agora. Quando a nossa investigação for concluída, tomaremos as ações contra qualquer funcionário que estiver envolvido com esta atividade. Todos os itens conseguidos através desta atividade ilícita serão removidos do ecossistema FUT e a EA banirá permanentemente todo jogador conhecido por ter adquirido conteúdo através destes meios.

A nota ainda pede desculpa pelo acontecido e diz que assim como os jogadores, funcionários da empresa também estão furiosos com o tal EAGate, já que a confiança é algo difícil de ser obtido e precisa ser “baseada nos princípios do Fair Play.” Segundo o comunidade, eles sempre “foram claros desde a criação do Ultimate Team que os itens não poderiam ser trocados fora do jogo e isso é a chave para manter o jogo livre da manipulação e dos maus agentes.

Conforme especulado por algumas pessoas, a brecha explorada no caso EAGate estaria relacionada a possibilidade de funcionários da empresa poderem conceder conteúdo aos jogadores, prática que foi confirmada pela editora. Porém, na mesma nota eles alegam que tal recurso precisa estar disponível pois há casos em que conceder atletas, uniformes ou consumíveis é algo necessário, como por exemplo quando um consumidor deleta um item por engano ou quando eles presenteiam atletas profissionais, parceiros ou mesmo funcionários — o que representaria apenas 0.0006% de todo o ecossistema do FUT.

Mesmo assim, para que o problema seja estancado, a EA Sports decidiu suspender por tempo indeterminado a concessão de itens, reiterando que todas as contas que tiverem recebido algum deles de forma ilegal serão banidas imediatamente.

Se tais medidas serão suficientes para encerrar o EAGate, teremos que esperar para saber a resposta. Contudo, por mais que a venda de FUT Coins seja algo bastante comum e podendo ser encontrado rapidamente com uma busca na internet, será difícil a EA conseguir limpar sua imagem quando o problema passou a ser explorado a partir dos seus próprios escritórios.

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