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EUA quer proibir Apple e Google de pré-instalar apps

Proposta do Congresso dos EUA visa proibir fabricantes, como Apple, Google e Amazon, de venderem gadgets com apps próprios inclusos

3 anos atrás

Uma proposta do governo dos Estados Unidos pode mudar a forma como apps são distribuídos, e gerar mais dores de cabeça para Apple e Google. Visando a alteração da atual legislação antitruste do país, ela pode forçar os fabricantes de dispositivos pessoais, como smartphones a tablets, a vendê-los sem nenhum tipo de aplicativo pré-instalado, como forma de reduzir a vantagem que estes possuem contra soluções de terceiros.

A ideia levanta uma série de questões, sobre o que pode vir incluído ou não em um celular assim que ele é ligado pela primeira, e lembra muito o caso da Microsoft com o Internet Explorer na União Europeia.

iPhone 11 Pro Max (Crédito: André Fogaça/Meio Bit) / apps

iPhone 11 Pro Max (Crédito: André Fogaça/Meio Bit)

A ideia, de autoria do congressista David Cicilline (DEM, Rhode Island), presidente do Subcomitê Antitruste do Congresso dos EUA, mira primariamente na Apple, e seria uma forma de "proibir plataformas tech de darem vantagens para seus próprios produtos, em detrimento de competidores".

Segundo o político, a mudança impediria a maçã, e por tabela o Google e mesmo a Amazon, que comercializa os tablets da linha Fire, de enviarem seus gadgets às lojas com qualquer tipo de app pré-instalado. Os iPhones, iPads e dispositivos Android chegariam às mãos dos consumidores completamente "pelados".

Por extensão, as gigantes do setor de tecnologia seriam impedidas de forçar a inclusão de suas soluções em seus próprios produtos ou de parceiros, o que atinge diretamente o Google, que possui políticas controversas quanto à concorrência de seus apps com outros, o que já lhe rendeu problemas na Europa, como de praxe.

Embola Cicilline não tenha deixado claro, a restrição poderia se aplicar inclusive às lojas digitais de apps da Apple, Google e Amazon, e até mesmo a Microsoft poderia ser afetada, sendo proibida de vender o Windows pré-instalado em computadores e tablets com apps próprios, como o navegador Edge e mesmo a Microsoft Store.

A medida faz parte de um pacote de mudanças proposto pelo subcomitê antitruste, que incluem desde restrições de compra de concorrentes, redução das barreiras de competição, formas de contornar o uso obrigatório de uma só loja para todos os apps, inclusive a permissão de sideload de apps, algo abominado pelo CEO da Apple Tim Cook.

Galaxy Note 20 Ultra (Crédito: Ronaldo Gogoni/Meio Bit) / apps

Galaxy Note 20 Ultra (Crédito: Ronaldo Gogoni/Meio Bit)

A medida parece absurda num primeiro momento (onde já se viu um iPhone sem nenhum app ao sair da caixa?), mas é vista como uma maneira de reduzir o domínio das grandes companhias tech, especialmente Apple e Google, que vêm sendo vistas como um duopólio do setor de dispositivos móveis. Por não ter nenhum aplicativo pré-instalado, caberia ao usuário decidir o que instalar e como fazê-lo, o que é mais simples de fazer no Android (não tanto quanto deveria ser) do que no iOS, por razões óbvias.

No cenário atual, o iPhone e o iPad não permitem a instalação de apps por fora da App Store, mas a mudança visa exatamente forçar a Apple a quebrar esta restrição, de modo a dar ao consumidor a possibilidade de instalar seus aplicativos e jogos favoritos manualmente, ou usar uma loja alternativa, desenvolvida por competidores. Ao mesmo tempo, o usuário teria à disposição a possibilidade de instalar a App Store e os apps próprios da maçã, se quiser.

A grande incógnita, claro, é como isso seria feito. O usuário médio não gosta de complicação, é preferível que uma vez que o celular ou tablet é ligado pela primeira vez, ele já esteja minimamente pronto para uso, com uma seleção de apps específicos já carregados. Vender um celular ou tablet sem nada, e não orientar o consumidor a como proceder, seria uma medida absurdamente estúpida.

Na possibilidade desta proposta passar, o que é um pouco difícil dadas essas circunstâncias, a solução mais plausível seria forçar os fabricantes a inserirem tutoriais de primeiro uso nos celulares e tablets, orientando o consumidor sobre quais apps ele tem disponível para instalar durante a configuração.

Seria algo parecido ao que o Google já faz na Europa: desde 2019, a configuração inicial de dispositivos Android vendidos na região inclui telas para a instalação adicional tanto de um navegador quanto de um motor de busca, entre diversas opções disponíveis. Note que o Google Search e o Chrome vêm pré-carregados e não podem ser removidos, mas o segundo pode ser desativado, opção disponível para todos.

Telas de escolha de motor de busca e navegador do Android, em dispositivos vendidos na Europa (Crédito: Divulgação/Google)e mo

Telas de escolha de motor de busca e navegador do Android, em dispositivos vendidos na Europa (Crédito: Divulgação/Google)

O maior ponto contra a proposta de forçar iPhones e Androids a serem vendidos sem nenhum app, é justamente a dificuldade adicional para o consumidor comum, que não tem tanta intimidade com os pormenores de operação do seu celular ou tablet. Ele quer apenas comprar um aparelho e sair usando, e nesse sentido, tal medida mais atrapalha do que ajuda o usuário.

Como ainda não há nada decidido, resta aguardar se as mudanças na legislação antitruste passarão, e se a proibição de apps pré-instalados estará entre elas. Por enquanto, não há data para o Congresso dos EUA votá-las.

Fonte: Bloomberg

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