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Jeff Bezos tem protesto contra Starship rejeitado por governo dos EUA

Protesto de Jeff Bezos contra escolha da Starship pela NASA como único módulo lunar é rejeitado por Departamento de Contabilidade dos EUA

3 anos atrás

Jeff Bezos não se deu bem desta vez. Depois de perder para a SpaceX a chance de construir um módulo lunar para o Programa Artemis, a Blue Origin entrou com um protesto no Departamento de Contabilidade do Governo dos EUA (US Government Accountability Office, ou GAO), na esperança de forçar a agência a fechar com mais de uma empresa.

No entanto, o departamento decidiu que as reclamações da Blue Origin e da Dynetics, que também entrou com um protesto, não procedem, e que a NASA tem autonomia para decidir, principalmente por não ter tanto dinheiro disponível para arcar com outro projeto além da Starship. E não, a Blue Origin ainda não desistiu.

Jeff Bezos em foto da edição 2017 da Allen & Company Sun Valley Conference (Crédito: Drew Angerer/Getty Images)

Jeff Bezos em foto da edição 2017 da Allen & Company Sun Valley Conference (Crédito: Drew Angerer/Getty Images)

Quando a NASA fechou o contrato de construção do módulo lunar com a SpaceX, que apresentou a Starship, um projeto muito além dos da Blue Origin e Dynetics, ambas concorrentes subiram nas tamancas. O argumento era de que a agência espacial estava favorecendo Elon Musk, e que o programa que visa o retorno dos EUA à Lua deveria contar com mais de um módulo, como "redundância".

O argumento em si não faz sentido, pois mesmo no programa Apollo, apenas uma empresa construía uma parte do foguete Saturn V, não haviam duas ou três companhias construindo o primeiro estágio, que era da Boeing, o terceiro, da McDonnell Douglas, ou os motores F-1 e J-2, da Rocketdyne.

O que Blue Origin e Dynetics estavam tentando era basicamente garantir uma boquinha na Lua, forçando a NASA e o governo a gastarem mais do que o orçamento permitia, e basicamente encher os bolsos com dinheiro dos contribuintes desperdiçado.

A NASA já vai ser obrigada a justificar o SLS de qualquer jeito, visto que o Congresso não está muito contente com o modelo geral de parceria público-privada fechada com SpaceX, e ainda prefere o padrão antigo, em que o governo controla tudo e determina quem constrói o que e onde.

Durante uma audiência no Congresso dos EUA, o diretor da NASA Bill Nelson deixou claro como cristal que a agência fechou com apenas com a SpaceX porque é o que ela pode pagar. A Starship possui uma capacidade de carga ordens de magnitude maior que o Dynetics HLS e o ILV da Blue Origin combinados, além de prover mais conforto para os astronautas.

Starship, Dynetics HLS e ILV da Blue Origin em escala, com humano para referência (Crédito: John MacNeill)

Starship, Dynetics HLS e ILV da Blue Origin em escala, com humano para referência (Crédito: John MacNeill)

O projeto original visa usar o foguete como uma nave de passageiros, mas como isso vai demorar, a Starship pode muito bem ser empregada hoje como um caminhão, atochado de experimentos e equipamentos. A nave como um todo é o módulo de pouso, no melhor estilo foguete de desenho animado, e pior, funciona direitinho.

Este é um dos maiores argumentos a favor da proposta da SpaceX, a Starship já é um modelo funcional e está voando, enquanto os concorrentes ainda não saíram do papel, além de serem mais tradicionais e bem mais caros. Mesmo assim, tanto a Dynetics quanto a Blue Origin entraram com protestos no GAO, na esperança de reverter a decisão, alegando que a agência seria obrigada a "cumprir com a palavra" de escolher pelo menos duas empresas, conforme anunciado.

Jeff Bezos inclusive fez lobby para garantir um aporte de mais US$ 10 bilhões, que não garantem a escolha de sua empresa, e até ofereceu trabalhar de graça pelos primeiros US$ 2 bilhões de custo, o que é um péssimo negócio para a NASA, que teria que bancar todo o resto sozinha.

O GAO tinha até esta segunda-feira (2) para responder aos protestos de ambas companhias, mas a decisão saiu na última sexta-feira (30). Para tristeza de Bezos e sda Dynetics, o departamento ratificou a decisão da NASA em fechar apenas com a SpaceX, e explicou o por quê.

Primeiro, o custo. O Dynetics HLS foi orçado custando o dobro da Starship, enquanto que a Blue Origin fechou um valor 4 vezes maior para o ILV, em comparação à proposta da companhia da Elon Musk. Dado o orçamento limitado, a agência se viu preferindo o que melhor se adequaria ao que ela poderia pagar, e a conclusão do GAO é de que simplesmente não há dinheiro para contratar outra empresa.

Detalhe do Integrated Lander Vehicle da Blue Origin (Crédito: Divulgação/Blue Origin)

Detalhe do Integrated Lander Vehicle da Blue Origin (Crédito: Divulgação/Blue Origin)

Segundo, o GAO explicou que a NASA tem total autonomia para decidir quem ela deveria contratar, e o anteriormente anunciado, de pelo menos duas companhias para o projeto do módulo lunar, não é uma regra talhada na pedra. Assim, a agência tem o direito garantido de fechar apenas com uma empresa, com duas, com todas as três, ou dispensar todas.

Terceiro, a acusação de que a NASA seria obrigada a submeter sua decisão aos demais concorrentes para discussão e avaliação, baseado no fato de não ter fundos para mais de uma empresa, não se sustenta, novamente porque a agência é soberana (é um órgão do governo, afinal) e não tem que dar satisfações.

Dessa forma, o departamento dispensou as reclamações da Dynetics e da Blue Origin. Ainda que ele tenha concordado com uma "possível discrepância" sobre o anúncio original da NASA e o resultado final, nenhuma das partes conseguiu provar que foi prejudicada ao serem preteridas.

Jeff Bezos, obviamente, não gostou. Em nota enviada ao canal CNBC, o porta-voz da Blue Origin disse que o GAO "não foi capaz de resolver os problemas fundamentais" referentes à decisão da NASA, "por conta de sua jurisdição limitada", e que vão continuar brigando para que a agência seja forçada a aprovar mais um módulo lunar.

Já a NASA disse que a decisão do departamento dá sinal verde para o retorno de um astronauta americano à Lua, com a missão Artemis II previamente agendada para 2023.

Fonte: Ars Technica

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