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Electronic Arts: a lição dada pelos jogos removidos do GOG

Electronic Arts repensa decisão, volta a vender jogos como o Ultima Underworld e Syndicate no GOG e admite que não considerou a "perspectiva dos jogadores"

2 anos e meio atrás

Como um saudosista convicto, gosto de lembrar de uma época em que a EA era conhecida como Electronic Arts, quando a empresa abastecia o mercado com títulos do calibre de um Road Rash, um Desert Strike ou um The Need for Speed. Talvez seja pela ingenuidade de um jovem, mas naquele passado distante a impressão era de que os executivos da editora prestavam atenção no que os fãs queriam, mas a verdade é que se aconteceu, este tão louvável período ficou no passado.

Ultima Underworld 1+2 - Electronic Arts

Ultima Underworld 1+2 (Crédito: Divulgação/EA)

Recentemente a EA optou por remover o Ultima Underworld 1+2, Syndicate Plus e Syndicate Wars do GOG, serviço que se tornou popular justamente por vender jogos antigos. Por se tratar de clássicos que pertencem a franquias tão famosas, era de se esperar que houvesse reclamações por parte dos fãs, mas o barulho causado por eles foi muito maior do que a empresa esperava.

Mesmo com os títulos permanecendo nas contas de quem os tivesse adquirido anteriormente, aquele parecia mais um melancólico ponto final em parte da história da Electronic Arts, algo que a companhia já demonstrou não ter o menor pudor de apagar. Porém, numa virada um tanto inesperada, poucos dias depois da remoção dos jogos eles voltaram à loja e ainda melhor, sendo distribuídos gratuitamente até o dia 3 de setembro.

O que muitos passaram a se perguntar foi o que havia acontecido e a explicação veio através de Chris Bruzzo, vice-presidente executivo de marketing da editora. Ao conversar com o site GamesIndustry, ele disse:

Ao tomar decisões que afetam os jogadores, dedicamos um tempo a avaliar exatamente os potenciais impactos e se eles atendem aos seus melhores interesses. Quando removemos o Syndicate e o Ultima Underworld pulamos esta etapa e não consideramos totalmente a perspectiva dos jogadores.

Pelo nível de interesse que os jogadores demostraram ao removermos estes jogos, ficou claro que as pessoas ainda os querem disponíveis, então fizemos duas coisas: a primeira foi garantir que, daqui em diante, tenhamos um processo para considerar a perspectiva dos jogadores ao listar decisões. A segunda foi voltar a oferecer os títulos e torná-los disponíveis ao máximo possível de pessoas com uma promoção de um mês.

Vimos muito amor por estes títulos, mais de 20 anos após eles terem sido lançados percebemos que tínhamos que torná-los disponíveis novamente.”

É possível que tais remoções tenham relação com direitos de distribuição, o que não ameniza o problema, pois a editora deveria ter se antecipado e garantido um novo contrato. Contudo, mesmo não tendo explicado o que levou os jogos a serem removidos da loja, considero positivo o simples fato de a empresa ter assumido o erro, algo tão raro nesta indústria, ainda mais quando se trata de uma empresa que costuma ser tão criticada pelas suas atitudes.

Tal movimento certamente não servirá para limpar a barra da Electronic Arts e acho que esta nem é a questão. O que de melhor poderia acontecer para a empresa com este episódio seria eles realmente aprenderem a lição, passando a tratar melhor o seu passado e não removendo da distribuição digital títulos que possuem admiradores, pois ao não estarem em lojas como o GOG, eles só poderão voltar a ser consumidos através da pirataria.

É claro que no fim das contas tudo se resume ao dinheiro, a se os clássicos poderão render alguns trocados para a companhia ou se estarão apenas “pegando poeira” nas prateleiras das lojas virtuais, mas pensando unicamente na possibilidade de poder comprar algo que me divertiu no passado, como concordar com essas remoções? Como não ficar decepcionado ao pensar que eu adoraria poder jogar novamente algo como um Black & White e o jogo não estar disponível em lugar algum?

Talvez eu esteja sendo novamente ingênuo ao esperar que as palavras do Sr. Bruzzo serão seguidas pela EA, mas depois de termos visto tantos equívocos por parte da editora, é reconfortante ver que, mesmo que por linhas tortas, eles merecem algum elogio. Se este será um ponto de ruptura, aí já outra história.

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