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Os trailers em CG como ferramenta de contratação

Sabe aqueles trailers em CG que não mostram quase nada do jogo? Pois de acordo com um desenvolvedor, eles não são feitos para o consumidor comum

2 anos e meio atrás

Eles estão presentes em todos os eventos sobre videogames e normalmente são odiados por boa parte dos fãs. Para muitos, os trailers em CG são uma maneira de enganar o consumidor, nunca mostrando a jogabilidade e apresentando uma qualidade gráfica bem distante do que teremos na versão final. Mas você sabia que o público-alvo dessas produções talvez não seja quem acabará comprando o título?

Trailers em CG

Crédito: Reprodução/Insomniac Games

Pode parecer loucura anunciar um jogo sem mirar no consumidor final, mas de acordo com uma pessoa de dentro da indústria, normalmente quando uma desenvolvedora revela um teaser de um jogo que ainda está longe de ser lançado, o objetivo é usar o material para recrutar profissionais para o projeto.

Quem revelou este detalhe foi David "Over Yonder" Ellis, desenvolvedor que trabalha na criação do Halo Infinite e que através do Twitter deu a seguinte declaração:

Me pergunto quantas pessoas sabem que os anúncios iniciais (geralmente em CG) de jogos são as vezes mais para fazer as pessoas trabalharem nele do que para promover o jogo em si.

O comentário veio logo após um evento realizado pela Sony na quinta-feira passada (9), em que a Insomniac Games aproveitou para revelar estar trabalhando em um jogo do Wolverine. Porém, enquanto alguns ficaram empolgados com a novidade, outros se mostraram frustrados por o vídeo não trazer muitas informações. Confira:

Este seria, portanto, um motivo para anúncios como o do Fable 4, Perfect Dark Remake, The Outer Worlds 2, Gran Turismo 7 e tantos outros terem sido feitos apenas através de trailers em CGs, mas segundo Jacqui Collins, não seria o único.

Trabalhando como assessora de imprensa para games, ela afirmou que divulgar um vídeo nesses moldes sem que o estúdio tenha algo mais concreto seria uma maneira de evitar vazamentos. A explicação é que sempre que uma empresa começa a contratar muito, jornalista correm para investigar o que estaria entrando em produção e ao usar os trailers em CG para contratar, esse risco diminui.

O fato é que este é um ramo que tem crescido muito nos últimos anos, chegando a fazer com que empresas se especializassem em produzir este tipo de material. Uma das mais conhecidas é a Blur Studio, produtora que além de criar propagandas e animações para o cinema, tem se dedicado as cenas não-interativas que vemos em alguns jogos e aos trailers em CG.

Pois ao falar sobre o processo de criação desses vídeos, o supervisor de CG do Blur Studio, Jerome Denjean, expôs o motivo para alguns dos primeiros trailers acabarem ficando tão diferentes do que acabamos vendo quando o jogo é lançado.

[...] Se o [desenvolvimento do] jogo tiver apenas começado, como às vezes é o caso, então a Blur é chamada para fazer um teaser inicial. É quando normalmente nos voltamos para os nossos excelentes artistas conceituais para que ajudem a desenvolver ricos ambientes e grandes personagens para completar o design geral.

Às vezes a editora ou desenvolvedora chega com algo muito preciso, como storyboards, modelos de personagens e ambientes e trabalhamos com eles para entregar sua visão [...] E em outras ocasiões o cliente nos dá carta branca e apenas diz ‘Ei, queremos que vocês façam algo incrível baseado no universo em que estamos trabalhando, mas estamos realmente abertos a ideias.’

Embora cada projeto conte com suas peculiaridades, Denjean afirmou que no caso de um trailer com três minutos de duração, ele pode levar cerca de três meses para ser concluído e envolver cerca de 40 a 70 profissionais, o que ilustra bem toda a complexidade envolvida no processo.

Já em relação a possibilidade desses trailers em CG criarem uma falsa expectativa nos jogadores, o artista declarou não se preocupar com isso, pois acredita que a sensibilidade visual das pessoas evoluiu com o passar dos anos, com elas sendo capazes de perceber a diferença entre o que é feito para a divulgação e o jogo propriamente dito.

Pode até ser que os jogadores tenham aprendido a separar as coisas, mas a verdade é que para muita gente, esta é uma prática que pode ser nociva tanto para o consumidor quanto para o produto. Um exemplo disso pôde ser visto na divulgação do Dead Island, cujo trailer foi apontado inicialmente como um dos mais legais de todos os tempos, mas quando o jogo saiu, descobrimos que ele tinha pouquíssimo do que foi apresentado naquele vídeo.

Mesmo preferindo ver um jogo em ação, não posso dizer que os trailers em CGs me incomodam muito. Vendo-os apenas como uma preparação de terreno para o que está por vir, até acho legal a expectativa que eles criam e o que realmente me irrita é ver um jogo sendo divulgado com uma qualidade visual absurda e acabar sofrendo uma grande redução quando chega às lojas. Para mim, isso sim pode ser considerado uma propaganda enganosa.

Fonte: Gamespot

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