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Um remake do Silent Hill e a dificuldade em agradar os fãs

Na opinião do criador da franquia, Keiichiro Toyama, seria mais difícil refazer o primeiro Silent Hill do que foi para a Capcom recriar o Resident Evil

2 anos atrás

Apesar de estar entre os meus jogos favoritos, reconheço que o tempo não foi muito gentil com o Silent Hill. Pertencendo à uma época em que os jogos em 3D davam seus primeiros passos, ele impressionava quando foi lançado, mas encarar um título com a sua qualidade visual hoje em dia não é uma tarefa para todos.

Silent HIll

Crédito: Reprodução/Antoine Collignon/ArtStation

Curiosamente, mesmo com a indústria passando por um período em que inúmeros jogos tem sido refeitos ou remasterizados, a Konami continua fazendo vista grossa para uma das suas principais joias. Porém, de acordo com o criador daquele clássico, refazê-lo não seria algo tão simples quanto muitos podem imaginar.

Atualmente cuidando do estúdio que fundou recentemente e preparando o seu retorno aos jogos de terror com o promissor Slitterhead, Keiichiro Toyama concedeu uma entrevista ao site Video Games Chronicle em que falou sobre o que está por vir, mas também da tão adorada série que anda irritantemente abandonada.

Em determinado momento, ao ser questionado se a Konami deveria dar ao primeiro Silent Hill o mesmo tratamento que a Capcom deu ao Resident Evil, o game designer fez uma interessante reflexão sobre o assunto:

Penso que seria mais difícil de refazer do que foi com o Biohazard, porque a jogabilidade como um conceito é um pouco mais velha. Ele não é um jogo de ação em que você pode simplesmente refinar a ação como no Biohazard. Trazer o Silent Hill para os padrões atuais ou polir os seus gráficos, os fãs não ficariam satisfeitos. Não é disso que se trata — sobre o quão bonito ele era. Acho que você teria que repensar o conceito para torná-lo interessante aos fãs.

De fato, conseguir recriar a pesada atmosfera presente naquele jogo seria um desafio e tanto, mas o próprio criador do Silent Hill já provou que isso seria possível. Em 2008 o PlayStation 3 recebeu um dos seus melhores e mais subestimados jogos, o Siren: Blood Curse e foi Keiichiro Toyama quem dirigiu aquela produção.

Servindo como uma reimaginação do título que havia sido lançado para o console anterior da Sony, Blood Curse trazia muitas melhorias na jogabilidade, mas sem perder o clima altamente assustador do original. Como o game designer também havia dirigido e escrito o roteiro do primeiro Siren, trabalhar naquele remake talvez tenha facilitado um pouco o processo.

Portanto, talvez o problema aqui esteja nas pessoas que ficariam responsáveis por recriar o Silent Hill e considerando a maneira como a série foi tratado nos últimos anos, é compreensível a preocupação de Toyama. Diversos estúdios tiveram a oportunidade de trabalhar com a franquia ultimamente, mas quase sempre o resultado não foi bom, com uma das exceções sendo justamente uma tentativa de revisitar a busca de Harry Mason pela sua filha.

Cenário do Silent Hill recriado na Unreal Engine 4 (Crédito: reprodução/Mica Olsson/ArtStation)

Desenvolvido pela Climax Studios, Silent Hill: Shattered Memories foi uma nova maneira de contar aquela história e embora muitas mudanças tenham sido feitas no enredo, o jogo conseguia manter o clima assustador e fazer com que continuássemos interessados em saber o que aconteceria.

Ou seja, existe diversas maneiras de revisitar um clássico e concordo com Toyama quando ele diz que algumas mudanças teriam que acontecer para fazer com que o primeiro Silent Hill agradasse o público atualmente. Se isso um dia acontecerá, ainda não sabemos, mas sobre a possibilidade de revisitarem a série que ajudou a criar, o game designer japonês disse que gostaria de ver o que farão, além de ter declarado apoio aos remakes.

Ao contrário dos filmes, jogos são difíceis de divertir em seu estado original — obviamente por causa da plataforma, mas conforme o passar do tempo, pelas mecânicas do jogo, especialmente na usabilidade, eles carecem de racionalidade e sofisticação. Visualmente falando, eles claramente não foram feitos para equipamentos modernos, então não tenho qualquer objeção em modificar a essência original para que eles se adequem à era moderna em que vivemos atualmente.

Segundo rumores, as Konami estaria preparando diversos jogos baseados na franquia, cada um ficando sob a responsabilidade de um estúdio diferente. Há até que jure que a Kojima Productions estaria cuidando de um desses projetos, o que poderia ser uma maneira da editora japonesa se redimir do fiasco que foi o cancelamento do Silent Hills.

Torço muito para que essas especulações se confirmem, mas que principalmente, se for para a série voltar, que isso aconteça em grande estilo. Porém, tenho preferido não criar expectativa em relação a esta possibilidade de retorno, mesmo porque a Konami não tem me dado motivos para agir de outra forma.

Fonte: NME

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