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Resenha: Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa

O último filme do Homem-Aranha pode ser visto como o melhor da trilogia, mas acima de tudo ele veio fazer as pazes com toda a franquia.

2 anos atrás

SEM SPOILERS!

OK, primeiro de tudo, tenha certeza: A trilogia do Homem-Aranha com Tom Holland foi fechada com chave de ouro, graças à estratégia (do grego strategos, em inglês, strategy...) de não pisar nos filmes que o antecederam.

Não, não tem Instant Kill. (Crédito: Sony Pictures)

Quando Tom Holland apareceu pela primeira vez como o cabeça de teia, em Guerra Civil, ele já apareceu pronto. Em Homem-Aranha: De Volta Para Casa, ele ganhou um traje cheio de truques, de Tony Stark, e seguiu sua vida. Peter Parker já estava estabelecido, não foi preciso mostrar pena enésima vez a história de origem do Homem-Aranha.

O que ninguém percebeu é que a Marvel não fez um filme de origem. Fez uma trilogia INTEIRA. Sim, crianças, Sem Volta Para Casa é a culminação de uma história de origem muito mais interessante do que um sujeito mordido por um inseto (eu sei) brilhoso.

O filme resolve de forma brilhante todas as críticas e reclamações da maioria dos fãs; Peter Parker no MCU era ajustado demais, ele era quase uma Rey Skywalker. Ele não era um fotógrafo e estudante sem dinheiro, Tia May não vivia preocupada com as contas, não havia um J.J. Jameson atrás dele.

JK Simmons NASCEU pra esse papel. (Crédito: Sony Pictures)

O Homem-Aranha era um super-herói e Peter Parker um garoto perfeitamente ajustado, privilegiado, até. Por mais que a gente ame Tom Holland e esse Aranha, ele é o oposto do personagem criado por Stan Lee e Steve Ditko.

Isso começou a mudar no final do Homem-Aranha: Longe de Casa, quando Mysterio convence o mundo inteiro que o Aranha é uma ameaça, e J.J. Jameson, agora em uma versão mais Alex Jones do que qualquer outra coisa revela ao mundo que o Homem-Aranha é Peter Parker.

Isso, claro, vira a vida de Peter de pernas pro ar, e ele acaba procurando o Dr Estranho, atrás de um feitiço para que todo mundo esqueça que o Homem-Aranha é Peter Parker.

Em defesa de Peter, ele fez isso pensando em Ned e MJ, os três foram rejeitados pelo MIT por causa da identidade (não mais) secreta de Peter.

♫I believe I can fly...♫ (Crédito: Sony Pictures)

Óbvio, Peter faz caquinha durante o feitiço, e pessoas do Multiverso que sabem que Peter Parker é o Aranha começam a aparecer na Terra -199999 (a Terra do MCU, a dos quadrinhos é a 616). O Dr Estranho fica pucto nas calças, e manda Parker e sua Scooby Gang atrás dos “visitantes”, para que eles possam ser mandados de volta pra seus Universos.

Claro, todo mundo que foi atraído pra Terra do MCU era vilão, e o Homem-Aranha tem que enfrentar o Homem-Areia, Electro, Duende Verde, o Lagarto e o Oquinho.

Pela primeira vez o Homem-Aranha tem uma galeria de vilões de verdade. Das outras vezes, com o Abutre e Mysterio, eles viraram vilões do Aranha meio que por acaso, e ele não era o objetivo final deles.

Esse ebó do Pai Strange não deu muito certo... (Crédito: Sony Pictures)

Em Sem Volta Para Casa Peter Parker está sozinho. Não há Vingadores para pedir ajuda, não há Tony Stark. A tecnologia das Indústrias Stark foi confiscada pelo Governo, depois que o Homem-Aranha foi declarado uma ameaça e confirmaram que os drones que quase destruíram Londres eram Stark Tech.

Esse foi um dos muitos problemas com o Aranha resolvidos pelo filme. O traje que Peter usava era totalmente OverPowered, ele jogava em God Mode. Aqueles óculos do último filme davam a ele acesso a toda a rede de satélites e computadores das Indústrias Stark. Ele era um mini-Homem de Ferro. Ideal para enfrentar ameaças cósmicas, mas qual a graça dessa tecnologia toda para prender o Tucão?

Esse acesso direto a Stark também anulava a essência do Parker. Se o bicho pegasse, ele sempre poderia pedir um vale pro Tio Tony. Stark era basicamente um sugar daddy. Peter nunca estaria realmente em perigo financeiro.

Ele teve que engolir o orgulho nessa. (Crédito: Marvel Comics)

Ao contrário dos outros Peter Parkers dos outros filmes, o PP de Tom Holland (céus como isso saiu errado) nunca enfrentou real tragédia, e não, Tony não conta. Não dá para comparar com o Tio Ben.

Agora Peter tem que enfrentar a responsabilidade. Por causa deles aqueles vilões estão em seu Universo, mas eles todos acabariam morrendo quando voltassem. Parker acha que eles podem ser redimidos. Estranho não se importa. Os dois acabam brigando, Peter foge com os vilões, e tenta fazer a coisa certa.

O que ele descobre é que com grandes poderes além das grandes responsabilidades também há grandes conseqüências por suas ações, e elas podem ser trágicas.

Vemos Peter Parker crescer, fazer a coisa certa, fazer a coisa errada, vemos um garoto deslumbrado por fazer parte dos Vingadores perder toda sua pureza e inocência, ele não é mais um estudante de uma escola de elite, ele não é mais nada. Nem mesmo adianta abandonar o traje e dizer “Homem-Aranha não mais”. O alvo é Peter Parker.

Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa não compete com o Aranha do Garfield ou do Maguire. Antes do Multiverso sim, talvez, mas agora com a TVA fora do páreo, foi possível trazer elementos desses outros universos, e crianças, como eles funcionaram.

Tem aranha pra todo gosto, freguesa, só ir chegando (Crédito: Sony Pictures)

Willem Dafoe está excelente como Norman Osborne, seu retrato de um sujeito legitimamente insano é excelente e assustador. Alfred Molina continua sendo o Otto Octavius perfeito e o rejuvenescimento digital dos dois ficou magistral. A confusão de ambos enfrentando o Aranha e descobrindo que o Parker de Holland não é o Parker deles é excelente.

O trunfo do filme foi sempre acrescentar, nunca competir ou substituir, o que é o erro que muita gente faz, quando tenta “modernizar” personagens. Ao mostrar os vilões não reconhecendo O Parker de Holland, o filme valida a existência do Parker de Garfield e Maguire.

Por isso tanto chilique quando resolvem fazer retcon e mudar características fundamentais de um personagem, e somente elogios quando ao invés disso autores acrescentam. Nenhum exemplo melhor do que Miles Morales, um personagem que é AMADO pelos fãs do Aranha. Ele não é Peter Parker, nunca quis ser Peter Parker, mas ele É o Homem-Aranha, apenas não “o” Homem-Aranha.

Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa encerrou a trilogia de forma magistral. Tom Holland está mais próximo do Parker dos quadrinhos do que qualquer outro.

Ele agora tem a Sorte de Aranha; nada dá certo em sua vida. Está duro, sem tecnologia Stark, tendo que trabalhar para viver, em uma cidade que o considera uma ameaça. As crises cósmicas parecem estar em seu passado. Ele tem todo o drama da vida diária de um jovem comum, talvez até vire vlogger do Clarim Diário, ou algo assim.

Foram três filmes que terminaram praticamente onde a História do Homem-Aranha começa. A Marvel teve o que queria, a Sony teve o que queria. Nada impede que Parker apareça nas grandes sagas, mas o provável é que Holland volte em uma futura trilogia mais intimista, mais pé no chão, e a primeira das duas cenas pós-crédito dá uma dica de quem pode ser esse novo vilão. A segunda cena é um trailer do Dr Estranho e o Universo da Loucura, o próximo filme do Feiticeiro Supremo.

Conclusão:

Homem-Aranha Sem Volta Para Casa unificou o Aranhaverso, curou velhas feridas e teve um momento de redenção que deixou o cinema inteiro de olhos marejados. Aprendemos que é bobagem ficar brigando sobre qual filme é melhor, todos tem algo legal, e se até um cabeça de teia como o Peter Parker consegue crescer, nós também podemos.

Trailer:

Cotação:

5/5 Miles Morales, que eu considero que o apareceu no filme, só ficou invisível o tempo todo e não fez nada.

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