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Demon’s Souls: quando um remake justifica sua existência

Apesar de ainda não ter jogado a nova versão do Demon’s Souls, Hidetaka Miyazaki sai em defesa do remake e comemora jogo estar acessível a novos fãs

2 anos atrás

Desde a oitava geração de consoles temos visto uma enxurrada de remasterizações, remakes e relançamentos de jogos. Para alguns, essa tendência não passa de uma maneira das empresas esvaziarem os nossos bolsos, mas e quando uma nova versão de um título consegue ir além? E quando essa repaginada serve como uma maneira de mais pessoas conhecerem uma obra? Pois é o que estaria acontecendo com o Demon’s Souls.

Demon’s Souls

Crédito: Divulgação/Bluepoint Games

Quando se fala em jogos Souls-like, a primeira coisa que vem à cabeça de muita gente é a série Dark Souls, que a FromSoftware lançou em 2011 em conjunto com a Namco Bandai. Porém, a verdade é que o estilo teve início alguns anos antes, com um título criado exclusivamente para o PlayStation 3 e que ganhou o público aos poucos.

Adorado por muitos daqueles que o jogaram, o problema é que devido a falta de retrocompatibilidade com o antigo console da Sony, não existia outra maneira de jogar aquela pérola que não fosse na plataforma original. Isso fez com que os fãs clamassem por um relançamento, mas como o criador da franquia afirmava que dificilmente estaria envolvido em tal projeto, restava torcer para que a tarefa fosse dada a outra empresa.

Pois isso aconteceu através da Bluepoint Games, estúdio que se dedicou a recriar um ótimo jogo que estava preso na biblioteca do PS3. Na verdade, o resultado alcançado por eles foi tão bom, que em uma entrevista à revista Edge Hidetaka Miyazaki fez elogios ao Demon’s Souls lançado para o PlayStation 5.

Para começar, o game designer admitiu que sua equipe nunca esteve muito focada em entregar jogos visualmente impressionantes, mas que ao ver o que o pessoal da Bluepoint Games havia feito com este remake, a pressão sobre o Elden Ring aumentou consideravelmente. De acordo com Miyazaki, os profissionais responsáveis pelos gráficos e pela programação do seu novo jogo tem se esforçado bastante para entregar o jogo mais bonito possível e isso tem ligação direta com o que foi visto no novo Demon’s Souls.

Crédito: Divulgação/Bluepoint Games

Porém, foi ao ser questionado sobre o motivo para ainda não ter jogado o título que ajudou a desenvolver e que alavancou sua carreira que o japonês teceu os comentários que considero mais interessantes. Segundo ele, jogar o que criou no passado não é algo que lhe dê prazer e o motivo é que isso traz “muitas antigas emoções, muitas velhas memórias e se torna um pouco opressor.

Ainda assim, Hidetaka Miyazaki aproveitou para defender o remake do Demon’s Souls, o que nos leva ao motivo pelo qual a existência desta nova versão ser tão importante. Ele disse:

“Então, eu não joguei o remake do Demon’s, mas estou muito contente por ver que ele recebeu este novo visual, esses novos gráficos da atual geração.

Ele é um jogo antigo, então vê-lo sendo refeito desta forma e ter novos jogadores o jogando é algo que obviamente me deixa muito feliz. Ele foi um jogo difícil na sua época, com um desenvolvimento relativamente difícil, então estava ansioso para que os novos jogadores não o apreciassem da mesma forma. Esse foi um motivo de preocupação para mim quando ele estava sendo relançado, mas sabe, no fim das contas, estou apenas feliz por ver a reação e a alegria por ver as pessoas o curtindo.

Algo realmente engraçado foi ver a Bluepoint Games trazendo coisas que não consideramos e abordando certos elementos do jogo, seus visuais e suas mecânicas, de uma forma que não pudemos ou não fizemos naquela época. Então, vê-los pesquisando e aplicando esses novos processos de pensamento e técnicas, isso foi algo realmente empolgante e interessante para mim.”

Há muito jogos que eu adoraria poder revisitar com gráficos e mecânicas mais modernas, mas acredito que a principal virtude dos remakes está na maneira como eles podem abrir as portas para uma nova geração de fãs. Sim, um jogo lançado para o PS3 pode nem estar muito datado quando se trata dos gráficos, mas no caso do Demon’s Souls, o problema está na exclusividade e na consequente dificuldade em termos acesso aos títulos lançados para aquele console.

Peguemos então como exemplo o Final Fantasy VII. Por mais que muitas pessoas apontem este como o melhor capítulo da franquia, é inegável que encarar a sua versão original atualmente não é tarefa para qualquer um. Seja pelos gráficos que nos remetem ao início da utilização de polígonos, seja pelo próprio sistema de batalhas e progressão, que pode ser considerado um tanto maçante hoje em dia, aquele jogo não esconde sua avançada idade.

Se compararmos tal RPG com o que a Square Enix conseguiu entregar com o Final Fantasy VII Remake, a diferença é gritante e por mais que alguém não tenha gostado do resultado, considero inegável o quão mais acessível (em todos os aspectos) o título se tornou.

Crédito: Divulgação/Bluepoint Games

Já em relação a este “novo” Demon’s Souls, concordo com Hidetaka Miyazaki em relação a tudo o que disse. Além de nunca ter sido visualmente tão gratificante explorar Boletaria, é muito bom ver novas pessoas tendo a oportunidade de conhecer o título que deu início a uma franquia pela qual talvez tenham se apaixonado alguns anos depois, com a série Dark Souls.

Tudo bem, ainda estamos falando de um exclusivo e devido à dificuldade de as pessoas encontrarem um PS5 nas lojas, tenho certeza de que muitos ainda estão apenas na vontade de encarar este remake. Porém, como ultimamente a Sony tem sido um pouco mais flexível em relação aos seus exclusivos, acho que será apenas uma questão de tempo até o Demon’s Souls dar as caras no PC e se isso um dia acontecer e você tiver acesso a ele desta forma, lembre-se de agradecer por a criação deste remake ter recebido o sinal verde.

Fonte: Video Games Chronicle

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